sábado, 13 de outubro de 2018

Ai as pessoas que dizem ser frontais!


(daqui)

Talvez seja por ter sido educada para a contenção, mas não lido bem com quem apregoa aos quatro ventos que é frontal.

A frontalidade, assim como a assertividade, são conceitos atuais que têm por princípio a franqueza e a sinceridade, mas numa base de boas maneiras. E é este último traço é que falha muitas, mas muitas vezes.

Quando vejo alguém muito ufano a anunciar que é muito frontal, quase adivinho borrasca…

Quem tem uma qualidade, um talento, uma aptidão, não tem necessidade de andar a apregoá-los por aí, sob pena de mostrar que de facto não os tem, mas gostaria…

Uma pessoa que se dirige a outra ou a outras anunciando à partida alto e bom som «eu cá sou muito frontal» deixa, de imediato, prever que é daquelas que usa a chamada frontalidade para mostrar a sua grosseria. E logo, logo berra, gesticula e barafusta. Acontece muito com quem tem um enorme autoconceito e não sabe o que são bons modos.

Tenho pena de não conseguir reagir de igual forma quando sou alvo de um desses comportamentos. Sorrio e respondo o mais serenamente que consigo o que leva a pessoa “frontal” a pensar que ganhou o diálogo porque sou mesmo “totó”. Depois fico danada comigo própria e passam dias até que me passe a birra.

Aconteceu-me ontem à tarde e ainda não me passou…


29 comentários:

  1. Não querendo nem precisando apregoar aos quatro ventos isso de ser frontal, porque a minha mãezinha sempre me ensinou que "franqueza demais é falta de educação", deixa que te diga que "EU SOU FRONTAL", sim! Na medida em que não resmungo pelas costas do/a audaciosa que se foi meter onde não era chamada, e penso que sou frontal, com conta peso e medida, sem ofender.

    Também não me parece que tu, querida Gracinha, sejas o tipo de pessoa de levar desaforo para casa. Até porque várias vezes salientaste a hipocrisia do 'politicamente correcto'...Mas como agora tudo quer primar pela humildade, bom-senso e primorosa boa-educação, toca de alardear que 'eu não sou dessas coisas'... Tenham dó!...

    Não acredito que alguém, com o mínimo de amor próprio, deixe que lhe pisem os calos e vá para casa fazer birras, porque engoliu o desaforo. Se for verdade, olha, fazem muito mal. É na hora H que se devem pôr os pontos nos iis. E, para tal, não é preciso descalçar o sapato e enfiar o chanato, ou rodar a baiana, como dizem os nossos irmão de além mar. Não ter papas na língua e manter o sangue frio, creio ser suficiente.

    Um beijinho, Graça.
    Lamento dizer isto, mas para a próxima vez evita esta coisa constrangedora:

    " Depois fico danada comigo própria e passam dias até que me passe a birra."

    Mais um beijinho...( se não tivesse receio de me estar a exceder, acrescentava:- no dói-dói. é que isto soa-me um bocado a criancice mimada, desculpa lá )

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    1. Pois é, Janita! Podes chamar-me mimalha, masoquista, hipócrita, o que quiseres, mas não suporto que me gritem além de que sou incapaz de responder no mesmo tom. Também não resmungo nas costas, podes estar certa. Só que não suporto que me gritem e me falem com sete pedras na mão...

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    2. Graça, voltei a ler o teu texto e não vejo lá quaisquer referência a gritos nem a falar com pedras na mão...porque se tivesse lido isso acrescentaria que, usando de toda a tua diplomacia de pessoa bem formada, deverias ter dado à pessoa em questão a resposta adequada.
      Assim, já não terias ficado frustrada e ido para casa fazer a tal birra que falas. Mas tudo bem, de ti sabes tu...

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    3. Não fiz birra nenhuma porque não faço birras p'raí desde os dois ou três anos. E, mesmo assim, duvido que a minha mãe mo tivesse permitido... Fiquei com uma "birra" mas foi cá comigo. Sou contida. Também não contei o episódio, por isso, não falei em gritos, nem na agressividade que a pessoa em questão usou.

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  2. Concordo contigo, Graça. É verdade que as pessoas adquiriram o hábito de confimar que são frontais e assertivas, quando, na realidade, são muitas vezes inconvenientes e mal educadas e não se coibem de magoar os outros. Faz-me lembrar uma pessoa que conheço há muito, mas com quem não tenho convivido muito nos últimos anos. Muita vezes se referia a si própria como sendo a “people person”, ou seja, uma pessoa que gosta e tem o “dom” de interagir bem com as outras pessoas. Nunca a considerei como tal. É apenas muito faladora, tão faladora que por vezes cansa. Uma “people person” não cansa, cativa. : )
    Já tem acontecido sentir-me como tu. Venho para casa a “remoer” sobre aquilo que ouvi e pensar que deveria ter respondido de outra forma de maneira a dar entender aos interlocutores de que não gostei do que ouvi ou que a minha opinião é muito diferente. Não acontece muitas vezes, mas já tem acontecido e não gosto mesmo nada. ; ))

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  3. Ser frontal requer sabedoria nem que seja retorquir apenas com um olhar ou sorriso!!! Bj

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    1. «A boa educação, a condescendência, a moderação, a diplomacia e a sabedoria são prioritárias em relação à afamada frontalidade.» li por aí e concordo.
      Beijinho.

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  4. Acusam-me de eu ser um mulher frontal, embora eu tente tudo para o não ser. Frontalidade nem sempre é saudável.

    Saudações já de Düsseldorf 😘

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    1. A frontalidade não e nenhum mal, só que precisa ter um determinado tom, um certo cuidado com o outro.

      Beijinhos de Leiria - depois do "temporal"...

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    2. Para ser bem aceite a frontalidade tem de ser cómica, mas não satírica ou cáustica. O que não está ao alcance de qualquer um. Rara a pessoa que possui tal qualidade.

      Não sou uma pessoa frontal, porque me prendo em detalhes. Mas sou sincera e estou ainda mais longe de ser falsa. O problema é que muitos pensam que a frontalidade impede a falsidade. E por isso se auto-denominam como "frontais". É uma boa "desculpa" para dizerem o que lhes dá na tana, sem consideração para com os outros, só porque é a "sua" verdade.

      Como gostam de se ver como não falsas e querem muito projectar essa imagem, usam a palavra "frontalidade" para se descreverem.
      Nunca conheci uma pessoa "frontal" que tivesse razão ou não fosse falsa, até mesmo mentirosa e algumas extremamente manipuladoras. Prefiro pessoas frontais, que dizem, sem maldade, o que têm a dizer mas nos momentos mais adequados, ao invés de procurarem os mais escandalosos ou comprometedores. Pessoas que não ficam a remoer coisas para "explodir" mais tarde, como se fossem camelos que armazenam água, mas ao invés de algo essencial, essas pessoas armazenam mágoas para usar como armas para magoar outras. Lamentável, não vos parece?

      Boa semana!

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    3. Boa reflexão, Portuguesinha! Obrigada e boa semana também para si.

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  5. Olá Graça, depois de uma grande ausência passo para saber se por aí não tiveste problemas com a Leslie? espero que esteja tudo bem. Beijinho.

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  6. Quem é verdadeiramente frontal, escusa de o apregoar aos qautro ventos.
    Quem priva com pessoas que cantam de galo, nada como ignorar e seguir em frente, embora eu reconheça que é difícil engolir sapos.

    Beijinhos Graça

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    1. Ah pois é, Manu! Mas depois, toca a andar para a frente! A vida é curta de mais para nos estramos a ralar com aborrecimentos destes...

      Beijinhos.

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  7. Primeiro, parabéns pelo texto. Sei que não pretende ser literário - apenas um desabafo. Mas está bem escrito com as ideias e argumentos bem enlaçados.

    Penso e sinto o mesmo que você, mas não sou capaz de o explicar tão bem. Quantas e quantas vezes não me deparei com esse tipo de "frontalidade"? Desculpe-as - as pessoas que se dizem frontais. De facto, não é preciso andar a anunciar qualidades. Ninguém que as tem costuma fazê-lo. Elas não sabem - ignoram, a verdadeira definição e frontalidade. Frontalidade e falta de educação não são "irmãos". Nas suas cabeças, a "frontalidade" vem acompanhada de "dizer o que me apetece" da "forma como acho que mereces". Não. Frontalidade é dizer as coisas sim, mas não vem acompanhada com grossura comportamental. Nâo se a pessoa for minimamente educada. Até porque ser frontal e não o saber ser sem ser aos gritos, só revela a pessoa que tu és, não a pessoa que está a ser alvo da "frontalidade". Frontalidade é ser sincero, dizer sem rodeios algo que nos vai na mente. Não tem nada a ver com agressividade.

    Mas nesta sociedade que alimenta o cérebro a ver filmes de Hollywood, cada vez que alguém argumenta que é frontal, explode em agressividade, grita, gesticula e até agride. Isto porque, "farta" de uma atitude da outra personagem, que até lhe pede para ser "frontal", ela decide "arrebentar" em frontalidade.

    São atitudes que se vêm nos filmes, que se lêem aqui e ali em alguns livros. E quem se instruí de forma limitada não sabe melhor.

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  8. As qualidades não se apregoam, demonstram-se.
    Beijinhos, boa semana

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  9. Só posso estar de acordo Graça: "Quem tem uma qualidade, um talento, uma aptidão, não tem necessidade de andar a apregoá-los por aí"... Também reajo mal a isso...
    Uma boa semana.
    Um beijo.

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  10. A "frontalidade" nem sempre é uma "qualidade". Quantas vezes deixa de o ser !?... Tem limites e tem que ser "bem medida" ! E esses limites estão no momento em que "magoam" o interlocutor com a intenção de o menosprezar para "ficar com a razão" !
    Há muitas maneiras de se dizer o que se pensa, mas tendo o cuidado de não "magoar".
    De outro modo já lhe chamaria arrogância, sobranceria menosprezadora, altivez, que deixa transparecer o pouco caso que se faz do interlocutor. Ora isso, já é "má educação" a que chamam frontalidade !

    Beijinhos, Graça

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    1. Pois é, Rui, é tal qual como dizes. E foi o caso ... mas já passou!

      Beijinhos para vós e bom outono, que está agora a chegar.

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  11. confesso que não viro a cara a uma boa briga!
    mas nessas ocasiões nunca perco o sorriso! ...

    ("quantos são?, quantos são?" rss)

    beijo

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  12. Sim, já me cruzei com pessoas cheias dessa frontalidade equivocada. Dou as costas e ficam a saber que não sou "frontal".

    Bj.

    Lídia

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  13. Não gosto de "picardias" ! Desse tipo de pessoas afasto-me !
    Abraços para Ti e para o Sidónio

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  14. Adoro a frontalidade apesar de, por vezes, "doer" :))

    Hoje, com: Sussurros da natureza em desamor
    Bjos
    Votos de uma óptima Terça - Feira

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  15. Graça, frontalidade precisa-se; sinceridade sem rei nem roque dispensa-se porque é arrogância e falta de educação.
    Por exemplo, se alguém me perguntar se gosto de uma coisa que tem e eu não gosto, devo dizer-lhe isso mesmo (perguntou para saber, julgo, embora muitas vezes não é esse o objectivo, mas isso é outra coisa.) Se não me perguntar nada e eu for dizer-lhe que não gosto, já está mal; no mínimo é desfaçatez.

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