Da saudosa Magazine Notícias que
continua a sair aos domingos com o Diário de Notícias já pouco há de interessante
para ler. Com efeito, as saudosas revistas de letras e artes e de divertimento que
saiam aos sábados e aos domingos recheadas de excelentes artigos sobre temas
variados escritos por gente daquela que sabe escrever e que sabe o que diz (Manuel
António Pina e outros) deram, infelizmente, (como se o pessoal fosse todo podre
de rico!) lugar a enfadonhas listagens de locais paradisíacos onde se podem
passar férias de sonho, de restaurantes de luxo, de vinhos para degustar – a grande
moda, a grande aposta destes fazedores de moda parolos – chefs a
cozinhar acepipes estranhíssimos mas que produzem imagens lindíssimas… Ai a
imagem! Vivemos no século da imagem. Vive-se para a imagem e pronto(s)! «Vale mais parecê-lo do que sê-lo» -
defendia um professor que tive na Universidade de Aveiro em inícios de 90 e o
que ele nos chocou com isso!
Bom, mas este intróito todo –
longo por de mais e por isso desde já me penitencio – para trazer aqui uma
crónica da Magazine Notícias do passado domingo que me fez rir a valer porque
me vi retratada e de cada vez que íamos de férias para o Algarve com as miúdas
adolescentes, ou mesmo para S. Pedro de Muel quando elas eram mais miúdas.
A crónica tem o título – e foi o
que me atraiu para a ler – de «Lembram-se
das viagens de carro nos anos 80? Tinham mais piada, não tinham?» E começa
assim: «Pensos rápidos. Compressas. Algodão. Água oxigenada. Tintura de iodo. Pinça.
Termómetro. Pastilhas para a garganta. Comprimidos – para a dores de cabeça,
para as alergias, para a diarreia, para a febre. (…) Tudo o que é preciso para
uma família se deslocar trezentos quilómetros para o noroeste durante duas
semanas. As roupas dela e do meu pai, as nossas o calçado, as coisas de
higiene, a comida para a viagem, (…) a geleira, alguma roupa de cama,
agasalhos, jogos, os livros… (...) Era a minha mãe que arranjava as coisas para
levarmos na viagem, mas era ao meu pai que cabia a tarefa de as arrumar onde fosse
possível. Onde houvesse um buraco livre no carro, ele metia uma sapato.(…)»
Como eu nos vi no lugar da mãe e do pai do cronista! Vale a pena ler a crónica toda
que está recheada de humor, de humor cheio de carinho…
E depois vieram-me à lembrança aquelas
viagens de férias (?) para o Algarve nos idos de 70, quando as miúdas eram
ainda muito pequenas e lá havia falta de tudo (anos 70, depois da revolução, dá
para lembrar? Até para comprar leite tínhamos de ir para a bicha muito cedo,
logo de manhã) e nós tínhamos de levar de tudo aqui de Leiria, até a caminha da
bebé e um aparelho de televisão que ia aos meus pés… Além de que não havia
auto-estradas e as bichas eram intermináveis ali pela zona a Alcácer do Sal. Oito
ou nove horas daqui até ao Algarve, com um calor insuportável que os carros não
tinham ar condicionado e bem encolhidinhos no carro, as crianças no colo,
chegavam ali à Batalha e já iam a perguntar se ainda faltava muito para vermos
o mar…
Que folclore!!
Ponte velha de Alcácer do Sal (imagem daqui) |
Em 1970 estava na guerra
ResponderEliminarEm 1980 já não estava na guerra e tinha 30 dias de férias, tal como nas décadas seguintes, até que a coisa emperra
Este ano vou tirar uma semanita.
Viagens de carro?
que importa essa memória se era bom o destino?
(deixei de ler o DN)
E passou a ler o quê?
EliminarNenhum, já se vê!
São todos uns vendidos
uns mentirosos
e deixam-nos bem nervosos...
Vou até Vilamoura daqui a dias.
ResponderEliminarMas não vou de carro nem com a televisão aos pés.
Beijinhos
Que bom, Pedro!! Divirtam-se por cá!!
EliminarBeijinhos
Como me lembro bem dessas viagens para o Algarve! Nunca me esqueci dos enjoos nas malfadadas curvas e contracurvas da Serra de Monchique :)
ResponderEliminarU beijinho, Graça
Horrível! Não dá nem para lembrar!
EliminarBeijinhos, Miss Sorriso...
Eu tento não me lembrar, Graça...
ResponderEliminar(que paciência que se tinha nesses tempos, embora não parecesse...)
Que paciência, mesmo, Luís! Muitos anos saíamos daqui de Leiria às 4 ou 5 da manhã para não apanharmos tanto calor, nem bichas tão longas!
EliminarEra uma parafernália!
ResponderEliminarComo diz você: - um folclore!
Abraço.
Também passou pelo mesmo, Célia?! Um filme!!
EliminarLembro-me de demorar um dia inteiro, para chegar de Lisboa a Vila Praia de Âncora, terra do meu pai. É que a autoestrada só existia até Vila Franca de Xira,o resto do percurso era por estradas nacionais, com algum azar ainda se apanhavam camiões, tratores e outros veículos de marcha lenta por esses caminhos... :)
ResponderEliminarBeijocas
Também passava por isso quando ia com o meu pai a Barcelos visitar a minha avó e as minhas tias... Um filme!!
EliminarÉ verdade... Tempos existiram em que os automóveis não tinham aparelho de ar condicionado. E o que era sofrer com aquele calor dentro de uma lata? Único! Só mesmo quem passou por isso ou ainda tem um desses veículos "desprovido de sistema automático de refrigeração".
ResponderEliminarLembro da primeira viagem num caro com ar refrigerado. Uma delícia! Mas nunca gostei, prefiro ligar só para tirar o calor e desligar de seguida. Parece que é um frio de navalha, entra nos ossos.
Belas lembranças!!
Concordo, Portuguesinha! Também não morro de amores com o ar condicionado por muito tempo. Faz-me dores nos osso e seca-me a garganta... Mas ainda bem que há...
EliminarSortuda !!! rsrsrs ... E eu, que do Porto ao Algarve, tinha que dormir com a Lena e 3 filhos, entre Santarém e Álcacer do Sal ?
ResponderEliminarEra impossível fazer a viagem com os 3 miúdos, num só dia e a mala cheia ! Isto para lá e igualmente para cá ! ... Lá se iam 4 dias de férias, numa altura em que quem tinha uma semana de férias era um felizardo !... Entendia-se que a ida e a volta já eram férias, porque se saia de casa ! rsrs
E isto, já nos anos 60 e princípios de 70 !
E subsídio para as férias ?... Para quê, se ninguém tinha férias de jeito ? ...
Beijinhos sem recordações ! :)
Imagino, Rui! Era o dobro do caminho! Que seca!! E que despesa! Subsídio de férias?!... Ainda dei aulas sem receber os meses de verão! Só ganhava as aulas que dava... Este pessoal nem sonha como era!! (E ainda bem!)
EliminarBeijinhos
É verdade !(?)... Vocês, professoras ainda tinham as férias de Natal, de Páscoa e de Verão, mesmo sem ganhar, mas os outros (nós) não tínhamos mesmo férias a não ser aqueles 8 diinhas ! :(( ... Tínhamos que "poupar" para as curtíssimas férias !:(
EliminarComo dizes, as "gentes" de hoje nem imaginam e por um lado isso é muito mau, porque tudo é fácil para eles ! ... :((
Comecei a ir de férias para a Fuzeta no Algarve a partir de 1984, era tão cansativa a viagem, atravessar o Alentejo e a Serra do Caldeirão, era um dia inteiro, parávamos muitas vezes para esticar as pernas, tal como as tuas também as minhas garotas perguntavam se faltava muito, mas nas ultimos anos já estava,m habituadas, o carro sempre carregado, mas não levava televisão. Com todos os incómodos, foi o tempo em que fui muito feliz.
ResponderEliminarBeijinho Graça.
Que bom, Flor, que esses tempos te trazem lembranças de felicidade! Nós acabámos por desistir das idas para o Algarve e, nos anos 80, passámos a ir todos os anos passar o Agosto a S. Pedro de Muel. Que bom que era!!!
EliminarBeijinhos
Gracinhamiga
ResponderEliminarEntão não me havia de lembrar...
Mas hoje só conta o 3 a 3 com a presença inevitável do Marcelo. Não vi o jogo com medo de um enfarto, mas depois da "coisa" acabar vi os dois golos do Ronaldo um dos quais de calcanhar. Não fome que não dê em fartura...
Bjs da Raquel e qjs do Leãozão.
E o coronel Lopes Monteiro?..
Coitado do coronel (na reserva) Lopes Monteiro... não se faz!
EliminarQuanto ao jogo de Portugal, não vi. Alias, não vejo jogos de futebol - nem outros. Bastam-me os comentários furibundos do meu marido... eh eh eh eh...
Como a vida é feita de coincidências, Graça: hoje, a caminho de Lisboa, fiquei empanada na A1 e tive de chamar reboque para me levar o carro. Dentro de um taxi que me trouxe a casa,sem ar condicionado às 15,30h de hoje, não é que me lembrei das viagens intermináveis para o Algarve, as bichas perto de Alcacer, o meu filho rabugento e eu ainda mais!! Era igual para todas nós e não posso dizer que tenha saudades...
ResponderEliminarQuanto aos jornais, pensei que era só o Expresso que só fazia sugestões para gente milionária, mas afinal acabam por ser todos - pois se só gente rica é que tem direito a jantar fora e ir de férias, para quê falar de lugares "baratuxos" para a plebe???
Lamento, Justine, a tua pane... que chato!! E que lembranças te trouxe!!
EliminarEspero que estejas já refeita da contrariedade... Beijinhos
Lembro-me que nos anos 70 ( já depois do 25 de Abril) ao fim de semana demorava 5 a 6 horas entre Porto e Lisboa e, para ir do Porto ao Algarve, era quase um dia inteiro.
ResponderEliminarTem piada que a frase do seu prof de Aveiro, também eu a usava no final dos anos 80 quando fui para Macau. Utilizei-a uma vez num artigo para o jornal Tribuna de Macau e pegou!
Quanto à crónica, um mimo queme fez lembrar uma série que tive lá pelo On the Coisas boas para recordar na véspera de partir +ara férias.
:)))
EliminarObrigada, Carlos.
Infelizmente não tenho essas deliciosas lembranças, na altura os meus pais faziam um esforço para nos levarem 15 dias de férias para a praia da Vieira e mai nada.
ResponderEliminarRecordo também esses tempos com saudade.
Beijinhos Graça
»deliciosas» entre muitas aspas, Manu!!
EliminarE de certeza que te divertias muito nesses quinze dia lá na Vieira...
Beijinhos