quarta-feira, 9 de janeiro de 2013

Por que esperamos?


É sabida a minha especial e fundada antipatia por esta espécie de governo que nos calhou em rifa por excesso de sofreguidão pelo poder por parte do partido (erradamente) chamado social-democrata; por excesso de avidez por parte de um presidente da República sofrível (ou direi mesmo medíocre? Quem foi formado na escola dos tempos da ditadura sabe do que falo…) e por excesso de zelo (ou deverei dizer azedume?) por parte de uma esquerda dita extrema que almejava pela queda do anterior governo.

Dizia eu que não é novidade para ninguém a minha especial aversão pelo governo (ainda) em funções e por cada um dos seus eméritos elementos… Agora devo confessar que a figura que me inspira maior aversão é mesmo o senhor ministro (C)rato. E, infelizmente, nos últimos dias, tem-me brindado com a sua incómoda presença nas televisões. Ontem veio, tentando usar de ironia – a ironia não é para todos, senhor (C)rato, e não consta dos cinzentos programas da matemática! – dizer que é preciso «ensinar as pessoas a usarem a inteligência» (e nisto levou a mão à testa…) e que «mais do que passar certificados às pessoas, é necessário dar-lhes formação.» 

(Por falar em ironia, lembro que também ontem aquele ministro, o coiso, a propósito dos projetos para utilização das verbas da 2ª fase do QREN, também quis fazer ironia (coitado!) e afirmou que «o tempo dos pavilhões e dos ginásios já passou», que agora é «tempo de apoiar as empresas e desenvolver a indústria.» E lançou esta tirada como quem tem a carinha na água…)

Voltando ao senhor ministro da Educação, hoje foi muito mais longe na sua luta armada contra a área que dá nome ao seu ministério – a pobre da Educação – quando, com um suave sorriso naquela cara de inqualificável sonso, reafirmou a máxima deste governo ultraneoliberal «queremos fazer mais com menos» e para isso despedem-se 50 mil professores, aumenta-se o horário de trabalho dos que restam para 40 horas semanais, aumenta-se o tempo de cada aula e, last but not least, aumentam-se os contratos de associação com os colégios. (E, entretanto, enchem-se os bolsos a mais uns tantos amigos.)

Perante estas enormidades apresentadas sorridentemente por um cínico sem vergonha e quadrado que apenas sabe de expressões numéricas, que fazem os meus colegas professores – principais alvos destas políticas infames – bem como os contestatários sindicatos da classe que tanto se levantaram e eriçaram contra quem apenas quis – à semelhança dos restantes trabalhadores – avaliar os professores?

Perante estas calamidades anunciadas, por que esperam os sindicatos dos professores para convocar os seus agremiados para a rua e com força como fizeram há três anos? E não me venham com a promessa de convocação de greves que essa medida está por de mais desgastada e não tem qualquer impacto porque as pessoas já não podem dar-se ao luxo de perder o salário de um dia!

13 comentários:

  1. este nosso ministro é vergonhoso e não é digno de qualquer comentário...

    beijinhos Graça

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  2. Minha amiga, desculpa, mas o Governo não nos saiu em sorte: foi da responsabilidade do "melhor povo do mundo" , pelas razões que apontaste , mas também porque houve uma série de inteligências raras que votaram PSD e umas quantas criaturas que nem sequer se deram ao trabalho de votar.

    E ainda há quem defenda o actual Governo e o nefável Passos, coitadinho.

    Bons sonhos

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  3. Do actual e do que lá teve antes, sim porque as coisas já vinham mais que alinhavadas, fizeram muita porcaria e continuam a fazer a ficarem de rabo entre as pernas perante estes que lá estão, são todos uma cambada de parasitas e ladrões sem escrúpulos.

    Beijinho e uma flor

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  4. http://blueshell.blogspot.pt/2013/01/estou-pronta.html

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  5. Já ninguém se lembra do GPS e afins!
    E quem ficará com alunos e alunas com "necessidades educativas especiais" e outro tipo de problemas?
    É que "eles" não querem nos colégios gente que lhes "estraga" os rankings!


    Abraço

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  6. Ando doente, Gracinha, sempre que penso no que poderá acontecer...porque este malvado (C)Rato está a conseguir fazer pior do que os anteriores.:(

    bji

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  7. Se antes já a admirava, agora ainda mais. São precisas mais Mulheres (pessoas) como a Graça.
    Resignação?
    Não!!!

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  8. Tanto protestaram os professores por causa da avaliação e agora, com o emprego em risco, parecem estar acomodados. É , no mínimo, estranho...

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  9. Será que quem vota não é responsável.

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  10. Como diz o Carlos, é estranha a acomodação da classe.
    Não será ainda mais estranha a postura do sindicalista Mário Nogueira que ainda não disse 'uma' sobre o assunto?

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  11. Olá, Graça
    Concordo cem por cento com o teu texto.
    Tenho uma filha professora (além de vários familiares na profissão), que todos os dias vem almoçar comigo.
    Ontem chegou aqui furibunda porque tinha estado, com um colega, a ler as notícias, salvo erro no Expresso, sobre o possível (?) despedimento de 50.000 professores, etc., etc.
    Estas medidas merecem uma tomada de posição bastante dura, senão... onde vamos parar???

    Obrigada pela tua presença no «LÍRIOS», e tuas palavras de simpatia...

    Bom fim-de-semana.
    Beijinhos

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  12. Graça, os professores acordaram ontem. Só ontem!!!!

    Hoje houve desespero na Sala dos Professores...

    Mais? Só quando receberem um mail a comunicar-lhes o despedimento!

    Beijo

    Laura

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  13. Está mais que na altura de tomar duras posições, é tempo de dizer basta...
    Bjs

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