Desânimo

Os telejornais de hoje estiveram todos a matraquear-nos as cabeças com a realidade que é o brutal aumento de impostos a que este pseudo-governo que nos calhou em (des)sorte vai submeter os reformados. É reconfortante ficarmos a saber que somos o país da Europa que mais impostos vai pagar; é animador ficarmos a saber que, pelo menos neste aspeto, estamos ao nível dos países nórdicos mais ricos. É sempre bom ficarmos a saber que os reformados – alvo preferido dos “nossos” governantes – grandes malandros que levaram a vida a viver acima das suas possibilidades e que agora andam a roçar os traseiros pelos bancos dos jardins e a enxamear os hospitais e os centros de saúde porque não têm cuidados nenhuns com a saúde, sem servirem para nada e sem nada fazer, muitos dos quais até nem descontaram o suficiente para o que recebem e para os recursos sociais de que auferem – é bom ficarmos a saber, dizia eu, que somos os reformados que mais impostos vão pagar em toda a Europa, pagando o dobro de impostos dos reformados alemães.

É como diz a minha ex-colega Rosário Gama da associação, fundadora e presidente da Associação Nacional de Reformados, a já famosa APRE!, que o governo ataca os que não têm possibilidades de fazer greves nem de adotar outras medidas que levem o governo a recuar nos seus intentos.

Ao fim de 37 anos de professora e de formadora em que descontei tudo aquilo que me exigiram – os meus três primeiros anos de trabalho cumpri-os no ensino particular, antes do 25 de abril, quando os colégios (até o Ramalhão onde também dei aulas) não faziam descontos e pagavam aos professores o que muito bem lhes apetecia – e depois de quase três anos de aposentada descontando no montante da reforma uma fatia que já não é nada pequena, com este assalto, sinto-me tão defraudada! Tão desanimada!