Faz anos que, aos 36 anos, morreu Marilyn Monroe, uma das mais conhecidas sex symbols de Hollywood. Apareceu morta na manhã do dia 5 de Agosto de 1962 com uma overdose de barbitúricos, deixando a sua morte envolta num véu de mistério já que toda a documentação da investigação à sua morte desapareceu sem deixar rasto.
O seu ar de loira explosiva de curvas redondas bem sensuais e o género de filmes que rodou, comédias românticas, em que pouco tinha de usar os neurónios contrasta com a notícia dada hoje sobre um livro que vai ser publicado brevemente com textos íntimos e passagens dos seus diários que, dizem, revelam o seu extraordinário amor pela literatura e os livros. "Ninguém suspeitava que no interior de seu corpo vivia a alma de uma intelectual e poeta", escreve o italiano António Tabucchi no prefácio do referido livro.
Para recordar o triste fim da jovem artista que encantou o Presidente John Kennedy, fica o poema de Ruy Belo “Na morte de Marilyn”
Morreu a mais bela mulher do mundo
tão bela que não só era assim belacomo mais que chamar-lhe marilyn
devíamos mas era reservar apenas para ela
o seco sóbrio simples nome de mulher
em vez de marilyn dizer mulher
Não havia no fundo em todo o mundo outra mulher
mas ingeriu demasiados barbitúricos
uma noite ao deitar-se quando se sentiu sozinha
ou suspeitou que tinha errado a vida
ela de quem a vida a bem dizer não era digna
e que exibia vida mesmo quando a suprimia
Não havia no mundo uma mulher mais bela mas
essa mulher um dia dispôs do direito
ao uso e abuso de ser bela
e decidiu de vez não mais o ser
nem doravante ser sequer mulher
O último dos rostos que mostrou era um rosto de dor
um rosto sem regresso mais que rosto mar
e toda a confusão e convulsão que nele possa caber
e toda a violência e voz que num restrito rosto
possa o máximo mar intensamente condensar
Tomou todos os tubos que tinha e não tinha
e disse à governanta não me acorde amanhã
estou cansada e necessito de dormir
estou cansada e é preciso eu descansar
Nunca ninguém foi tão amado como ela
nunca ninguém se viu envolto em semelhante escuridão
Era mulher era a mulher mais bela
mas não há coisa alguma que fazer se certo dia
a mão da solidão é pedra em nosso peito
Perto de marilyn havia aqueles comprimidos
seriam solução sentiu na mão a mãe
estava tão sozinha que pensou que a não amavam
que todos afinal a utilizavam
que viam por trás dela a mais comum imagem dela
a cara o corpo de mulher que urge adjectivar
mesmo que seja bela o adjectivo a empregar
que em vez de ver um todo se decidia dissecar
analisar partir multiplicar em partes
Toda a mulher que era se sentiu toda sozinha
julgou que a não amavam todo o tempo como que parou
quis ser até ao fim coisa que mexe coisa viva
um segundo bastou foi só estender a mão
e então o tempo sim foi coisa que passou
(Ruy Belo)
Os que morrem jovens, permanecem jovens na nossa memória!
ResponderEliminarNão deixa de ser um privilégio!
Um privilégio muito oneroso para eles, muito triste para nós!
ResponderEliminarQuando começei a ler o texto, pensei o mesmo que a autora do primeiro comentário.
ResponderEliminarPelo menos não foi tudo uma desgraça. Tem pelo menos a virtude de na nossa mente estar sempre a imagem de uma bela mulher, jovem e bonita, o resto faz parte do mito.