Um belo poema do Jorge Luís Borges, escrito no seu último ano de vida, sobre a fragilidade da vida, a efemeridade das coisas e dos projectos.
Doomsday
Será quando a trompeta ressoar, como escreve
S. João o Teólogo.
Foi em 1757,segundo o testemunho de
Swedenborg.
Foi em Israel quando a loba cravou na cruz a carne
de Cristo, mas não só então.
Acontece em cada pulsação do teu sangue.
Não há um instante que não possa ser a cratera do
Inferno.
Não há um instante que não possa ser a água do
Paraíso.
Não há um instante que não esteja carregado como
uma arma.
Em cada instante podes ser Caim ou Siddharta, a
máscara ou o rosto.
Em cada instante pode Helena de Tróia declarar-te
o seu amor.
Em cada instante pode o galo ter cantado três
vezes.
Em cada instante a clepsidra deixa cair a última
gota.
(fotografia de Tiago Fernandes)
A cada instante a vida nos surpreende!
ResponderEliminarDuma forma ou de outra...
Abraço