Foi no dia 13 de junho de 1888 que, no Largo de São Carlos em Lisboa, nasceu o poeta Fernando Pessoa Há precisamente 131 anos.
Não obstante o seu valor poético e inovador de enorme figura das Letras da primeira metade do século XX, não viveu uma vida feliz.
A angústia existencial, a nostalgia de outros tempos mais felizes, a dor que lhe causava o seu pensar multifacetado estão patentes em muitos dos seus poemas enquanto Pessoa pessoa, como em Álvaro de Campos, o seu alter-ego, como em Bernardo Soares, o seu semi heterónimo.
E porque o momento, por cá, também não é dos mais felizes, a minha homenagem deste ano ao grande poeta de Orpheu, fica-se por aqui:
Desperto de sonhar-te
Desperto de sonhar-te
Quando inda a noite é funda,
E um céu estelar faz parte
Do silêncio que inunda.
Perdi poder amar-te
E a treva me circunda.
Talvez que relembrasse,
Sonhando-te, outro ser,
E aquilo que sonhasse
Fosse tornar a ter.
Mas despertei, e faz-se
Claro em meu quarto a ver.
Insónia de perder-te!
Quem foste já não sei.
Pela janela verte
Cada astro a sua lei.
Como, sem sonhar ter-te?...
Porque não dormirei?
(1932)
Fernando Pessoa,
in Pessoa Inédito (Orientação,
coordenação e prefácio de Teresa Rita Lopes). Lisboa: Livros Horizonte, 1993.
Sem mais palavras, deixo um beijo ENORME na tua PESSOA.
ResponderEliminar😘
E porque hoje o dia é de Santo António, e de Pessoa:
ResponderEliminarNasci exactamente no teu dia —
Treze de Junho, quente de alegria,
Citadino, bucólico e humano,
Onde até esses cravos de papel
Que têm uma bandeira em pé quebrado
Sabem rir...
Santo dia profano
Cuja luz sabe a mel
Sobre o chão de bom vinho derramado!
Santo António, és portanto
O meu santo,
Se bem que nunca me pegasses
Teu franciscano sentir,
Católico, apostólico e romano.
(Reflecti.
Os cravos de papel creio que são
Mais propriamente, aqui,
Do dia de S. João...
Mas não vou escangalhar o que escrevi.
Que tem um poeta com a precisão?)
Adiante ... Ia eu dizendo, Santo António,
Que tu és o meu santo sem o ser.
Por isso o és a valer,
Que é essa a santidade boa,
A que fugiu deveras ao demónio.
És o santo das raparigas,
És o santo de Lisboa,
És o santo do povo.
Tens uma auréola de cantigas,
E então
Quanto ao teu coração —
Está sempre aberto lá o vinho novo.
Qual santo! Olham a árvore a olho nu
E não a vêem, de olhar só os ramos.
Chama-se a isto ser doutor
Ou investigador.
Qual Santo António! Tu és tu.
Tu és tu como nós te figuramos.
Nos promovem a outros, como faz
Com a imaginação que há na certeza,
O amante a quem ama,
E o faz um velho amante sempre novo.
Assim o povo fez contigo
Nunca foi teu devoto: é teu amigo,
Ó eterno rapaz.
(Qual santo nem santeza!
Deita-te noutra cama!)
Santos, bem santos, nunca têm beleza.
Deus fez de ti um santo ou foi o Papa? ...
Tira lá essa capa!
Deus fez-te santo! O Diabo, que é mais rico
Em fantasia, promoveu-te a manjerico.
E por aí adiante, muito mais Pessoa escreveu
inspirado no Santo que é festejado
no dia em que ele, Pessoa, nasceu.
Beijinhos, Graça.
Muito bom, Janita. Obrigada.
EliminarBeijinhos pessoanos...
A genialidade, de facto, não é sinónimo de felicidade nem uma certeza de a alcançar.
ResponderEliminarMelhores dias virão, Graça.
Abraço
Era um espírito perturbado.
ResponderEliminarE a genialidade resultava muito dessa inquietação, dessa perturbação.
Beijinhos, bfds
No FB também lhe prestei a minha homenagem a dar para o triste!
ResponderEliminarAbraço
Triste, muito triste. como provavelmente os teus momentos.
ResponderEliminarUm abraço, graça
Queria escrever Graça (claro)
ResponderEliminarUm Grande Abraço Graça !... da pessoa Pessoa, só posso dizer que foi muito grande !
ResponderEliminarSem palavras, apenas o meu abraço, com todo o carinho que me merece.
ResponderEliminaruma excelente escolha...
ResponderEliminarbeijo
Foi um génio…
ResponderEliminarUma boa semana, Graça.
Um beijo.
Foi uma coisa espantosa para ler pela primeira vez " Tabacaria" desse grande poeta português
ResponderEliminarBjos
Sem fronteiras
ResponderEliminarconforme as marés
Obrigada, Amigos, pela palavras. Sois uns queridos!
ResponderEliminar