quinta-feira, 13 de junho de 2019

Pessoa nasceu num 13 de Junho

Foi no dia 13 de junho de 1888 que, no Largo de São Carlos em Lisboa, nasceu o poeta Fernando Pessoa Há precisamente 131 anos.




Não obstante o seu valor poético e inovador de enorme figura das Letras da primeira metade do século XX, não viveu uma vida feliz. 

A angústia existencial, a nostalgia de outros tempos mais felizes, a dor que lhe causava o seu pensar multifacetado estão patentes em muitos dos seus poemas enquanto Pessoa  pessoa, como em Álvaro de Campos, o seu alter-ego, como em Bernardo Soares, o seu semi heterónimo.

E porque o momento, por cá, também não é dos mais felizes, a minha homenagem deste ano ao grande poeta de Orpheu, fica-se por aqui:


Desperto de sonhar-te

Desperto de sonhar-te
Quando inda a noite é funda,
E um céu estelar faz parte
Do silêncio que inunda.
Perdi poder amar-te
E a treva me circunda.

Talvez que relembrasse,
Sonhando-te, outro ser,
E aquilo que sonhasse
Fosse tornar a ter.
Mas despertei, e faz-se
Claro em meu quarto a ver.

Insónia de perder-te!
Quem foste já não sei.
Pela janela verte
Cada astro a sua lei.
Como, sem sonhar ter-te?...
Porque não dormirei?

(1932)

Fernando Pessoa, in  Pessoa Inédito (Orientação, coordenação e prefácio de Teresa Rita Lopes). Lisboa: Livros Horizonte, 1993.

15 comentários:

  1. Sem mais palavras, deixo um beijo ENORME na tua PESSOA.

    😘

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  2. E porque hoje o dia é de Santo António, e de Pessoa:

    Nasci exactamente no teu dia —
    Treze de Junho, quente de alegria,
    Citadino, bucólico e humano,
    Onde até esses cravos de papel
    Que têm uma bandeira em pé quebrado
    Sabem rir...
    Santo dia profano
    Cuja luz sabe a mel
    Sobre o chão de bom vinho derramado!

    Santo António, és portanto
    O meu santo,
    Se bem que nunca me pegasses
    Teu franciscano sentir,
    Católico, apostólico e romano.

    (Reflecti.
    Os cravos de papel creio que são
    Mais propriamente, aqui,
    Do dia de S. João...
    Mas não vou escangalhar o que escrevi.
    Que tem um poeta com a precisão?)

    Adiante ... Ia eu dizendo, Santo António,
    Que tu és o meu santo sem o ser.
    Por isso o és a valer,
    Que é essa a santidade boa,
    A que fugiu deveras ao demónio.
    És o santo das raparigas,
    És o santo de Lisboa,
    És o santo do povo.
    Tens uma auréola de cantigas,
    E então
    Quanto ao teu coração —
    Está sempre aberto lá o vinho novo.

    Qual santo! Olham a árvore a olho nu
    E não a vêem, de olhar só os ramos.
    Chama-se a isto ser doutor
    Ou investigador.

    Qual Santo António! Tu és tu.
    Tu és tu como nós te figuramos.

    Nos promovem a outros, como faz
    Com a imaginação que há na certeza,
    O amante a quem ama,
    E o faz um velho amante sempre novo.
    Assim o povo fez contigo
    Nunca foi teu devoto: é teu amigo,
    Ó eterno rapaz.
    (Qual santo nem santeza!
    Deita-te noutra cama!)
    Santos, bem santos, nunca têm beleza.
    Deus fez de ti um santo ou foi o Papa? ...
    Tira lá essa capa!
    Deus fez-te santo! O Diabo, que é mais rico
    Em fantasia, promoveu-te a manjerico.


    E por aí adiante, muito mais Pessoa escreveu
    inspirado no Santo que é festejado
    no dia em que ele, Pessoa, nasceu.

    Beijinhos, Graça.

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  3. A genialidade, de facto, não é sinónimo de felicidade nem uma certeza de a alcançar.
    Melhores dias virão, Graça.
    Abraço

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  4. Era um espírito perturbado.
    E a genialidade resultava muito dessa inquietação, dessa perturbação.
    Beijinhos, bfds

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  5. No FB também lhe prestei a minha homenagem a dar para o triste!

    Abraço

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  6. Triste, muito triste. como provavelmente os teus momentos.
    Um abraço, graça

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  7. Um Grande Abraço Graça !... da pessoa Pessoa, só posso dizer que foi muito grande !

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  8. Sem palavras, apenas o meu abraço, com todo o carinho que me merece.

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  9. Foi um génio…
    Uma boa semana, Graça.
    Um beijo.

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  10. Foi uma coisa espantosa para ler pela primeira vez " Tabacaria" desse grande poeta português
    Bjos

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  11. Obrigada, Amigos, pela palavras. Sois uns queridos!

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