terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

Grande regabofe!


Às vezes tenho notícias sobre o que vai acontecendo pelas escolas em que movi e com que convivi durante toda a minha vida profissional. Foram muitos anos e muita a energia que lhes dediquei por isso não faço o mínimo esforço para deixar de me interessar por essa ambiência. Garanto que já não sofro (muito) com as novidades, mas não posso dizer que não fico surpreendida, ou direi mesmo espantada, senão mesmo embasbacada e de boca aberta com algumas coisas.
É preciso ver que tudo isto acontece tendo como pano de fundo um ministério da Educação «implodido» - saiba-se ou não o que isto quererá dizer – por um ministro de falinhas mansas que muito encantou os professores e por uma DRE(C) moribunda que, tal como antes de estar moribunda, decide, ou melhor, não decide, aconselha e não aconselha, mas antes pelo contrário. 

Então fiquem a saber que:

  • Uma escola secundária A lançou um convite à escola secundária B para formarem um mega agrupamento e assim evitariam o incómodo de se ligarem a qualquer EB 2/3. Naturalmente A manteria a direção sobre B…
  • Em finais do 1º período os Agrupamentos C, D, E, F … foram informados pela moribunda DREC que no início de Janeiro estariam formados todos os mega das redondezas. Pânico! Desorientação! Incerteza! Entretanto Janeiro chegou e apenas um Agrupamento foi mega agrupado…
  •   Face a estes avanços e recuos (que até nem são costumeiros neste “nosso” governo!) um Agrupamento X dirigiu-se a uma secundária Y pedindo para ser mega agrupado por ela. Resposta do brilhante e secundário diretor: que nem pensassem, que não queriam receber os alunos daquele Agrupamento X; ainda se fosse para receberem os alunos dos Agrupamentos W ou Z, vá que não vá, agora de X, nem pensar!
  •  Outro reluzente diretor que, não sei por que plano de melhoria que assinou, quer a todo o custo reduzir o insucesso escolar, chama os alunos de cada turma que tiveram mais de X negativas e confronta-os com o elevado custo para o orçamento público de cada aluno que fica retido, depois diz-lhes que só pode ficar retido um aluno por turma e pergunta-lhes quem quer ficar retido. Então assina com cada um deles um «contrato» em que os miúdos se comprometem a subir os níveis nesta e naquela disciplina. Os papelinhos ficam guardados e registados para depois serem mostrados às ridículas equipas que fazem aquelas ridículas avaliações externas às escolas e cujos resultados são dados em proporção direta ao número de papeis apresentados… Entretanto os miúdos devem gozar à brava com os contratos do senhor diretor…
  •  Uma empresa de catering que fornece os almoços às escolas de quase todas as letras do alfabeto aqui da zona apresenta uma alimentação de duvidosa qualidade e que mal chega para todos os alunos que se apresentam no refeitório; as direções e os pais queixam-se à DREC e voltam a queixar-se. Mas a dita empresa só é chamada a prestar contas e a arrepiar caminho depois de uma estação televisiva ser metida ao barulho…
  •  Um Agrupamento J, para fazer a contratação de professores, definiu uns quaisquer subcritérios em que só faltava dizer que não queriam contratar o candidato X; depois  atabalhoou e salganhou o concurso de modo a contratar no mínimo espaço de tempo o candidato que interessava. Ato contínuo o candidato ultrapassado apresentou recurso hierárquico para a moribunda DREC e para o implodido ministério. Já passaram três meses e resposta? Nenhuma.
Vivemos num país ao deus-dará, onde não podemos sentir qualquer tipo de segurança, onde não há uma linha de coerência de nenhuma ordem, onde cada um faz o que muito bem entende, bem ou mal ou antes pelo contrário. 

Pois se até o que é decidido pelos tribunais é ignorado e esquecido! Veja-se o caso Macário…

10 comentários:

  1. Estimada Amiga Graça Sampaio,
    Como referi no comentário anterior, não dá para entender o que se vai passando por esse nosso país, da´-me a entender que o regabofe continua, e o palhaço do cavaco, não passa cavaco a nada e não toma atitude alguma, pois ele é um dos grandes cukpados do estado de coisas que se passam em Portugal, mas enfim!...
    Reformei-me em agosto de 1992 e desde essa data não mais liguei aos meus antigos serviços nem nunca mais lá voltei.
    Os novos comandos foram todos eles meus alunos e subdordinados.
    A Corporação a que pertenci a PMF, Polícia Marítima e Fiscal, já não existe, passou a chamar-se Serviços de Alfandega, como poderá deduzir o mal não reside só nesse jardim â beira mar plantado, mas em Macau igualmente muito mudou graças à governação portuguesa.
    Abraço amigo

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  2. É com cada calinada! Então essa dos contratos do diretor com os alunos é de bradar aos céus... :P

    Beijocas, Graça!

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  3. Compreendo a tua angúsria, porque o que sinto é que toda a minha vida profissional se está a esvair num país onde as galinhas merecem mais consideração do que as pessoas , graças à subserviência deste Governo face à troika e à sua própria ideologia - onde o público é totalmente péssimo e o privado a maravolha das maravolhas.

    Bons sonhos.

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  4. Gracinha
    Compreendo as tuas arrelias e mau-humor em relação a tanto desatino mas, talvez por sempre me ter furtado a pertencer à direcção das poucas escolas por onde passei, o meu coração tem outros motivos para bater bem acelerado!
    Procuro a todo o custo não me aborrecer com assuntos específicos de escolas!
    Já dei que chegasse para esse peditório!
    Afinal os professores, quando quiseram fazer a vida negra à Maria de Lurdes Rodrigues, passavam a vida em protestos!
    Pois que protestem também agora que têm muito mais razões para isso!

    Abraço

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  5. E eu desgostoso por ver a minha escola em ruínas...

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  6. Como queres que a DREC funcione se nem Director Regional tem???
    Pombalense (salvo seja!)

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  7. O Crato está a ir além da sua promessa de destruir o ME. Agora também quer destruir as escolas.

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  8. Ao "deus-dará"...
    É exactamente essa a sensação que se tem, dia a dia. Estamos a deixar que se enterre a Educação e, sem ela, o que seremos?


    Um beijo

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  9. Graça ao deus-dará não irá ser apenas as escolas mas muito mais no nosso Paí, onde estamos a ser tratados como lixo, tenho a sensação que estão a fazer de tudo para acabar, irem até cair no fundo, não só na educação.

    beijinho e uma flor

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  10. Não é só na Educação, não, Flor! É em tudo. E tens razão quando dizes que estamos a ser tratados como lixo!

    Tens razão, Leo! Os professores que tanto se rebelaram contra a Mª de Lurdes Rodrigues, agora estão caladinhos que nem (C)Ratos...

    São, bem me compreendes, não é? Tu que também deste tudo pela Escola. É tão triste ver tudo destruído, como triste é para o Rogerito ver a sua Escola Industrial e Comercial toda partida!

    Sãozita Pombalense (salvo seja...) mesmo quando tinha diretor(a) o regabofe era grande nos últimos anos da DREC; podes ter a certeza!

    Lídia, sem Educação é que é bom para os ditadores. Não te lembras do tempo do Salazar? Quanto mais ignorantes, melhor!

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