sexta-feira, 1 de fevereiro de 2013

Felicidade



O mundo ocidental tem destas coisas. Em finais de 90 apareceu a «qualidade de vida». Entrou na escola devagarinho, naquele tempo em que – decorrente dos estudos incluídos nos Documentos Preparatórios da excelente Comissão de Reforma do Sistema Educativo, encomendados pelo ainda mais excelente ministro Roberto Carneiro – a modernidade entrava na escola para, discretamente, ser absorvida pelos alunos (coisa que o atual ministério “gloriosamente” implodido pelo “garboso” (C)rato não faz a mais pálida ideia do que se trata). Lembro-me bem da novidade que foi quando vi essa noção introduzida num livro de textos do 9º ano de Inglês e de como com essa temática ganhei um projeto Comenius de intercâmbio de ideias e trabalhos de alunos da “minha” escola com três outras escolas europeias: Milão, Nottingham e Umeö. 

Ao princípio, era uma noção ligada às condições de vida em termos ambientais ao bem-estar físico dos cidadãos. Depois foi-se alargando ao bem-estar emocional, psíquico, social, cultural das pessoas, tudo enfim que tivesse a ver com as condições de vida em geral.

Sabemos como nós, portugueses, por influência do que vem de fora ou por manifesta falta de vocabulário – embora a nossa língua tenha um léxico riquíssimo, desconhecido embora de grande parte de nós – usamos até à exaustão um termo ou uma expressão que se nos cole ao ouvido, por isso não é de admirar que a expressão esteja um bom bocado estafada. Além de que, para expressão, também está bastante enrugada e demodée… Por isso urge encontrar outra igualmente forte, simples, se possível importada e que alegre o pessoal (que tão deprimido anda!) E ela aí está: FELICIDADE. Importada de uma tal organização a Global Happiness criada há alguns anos na Suécia (que por acaso é um país e um povo iguaizinhos aos nossos…) E até já temos presidente para a nossa delegação promotora da felicidade… Diz o senhor presidente que «as pessoas têm cada vez mais consciência de que o mundo precisa de mudança ao nível económico e social e de que no próximo paradigma de sociedade terão de ser analisados parâmetros como o grau de felicidade dos povos.» 

Ora o «grau de felicidade» dos portugueses, penso eu, subiria rapidamente se se vissem livres deste governo desnorteado, deste primeiro-ministro pedante e ridículo que na Assembleia usa aquele tom pseudo-grandíloquo que deve pôr o Camões às voltas na tumba, deste presidente da República com aquele ar empalhado que diz que não, que não, mas depois assina todas as leis sejam ou não inconstitucionais, do (in)Seguro chefe da oposição, daquele rei mago «mais escurinho» e dos outros, do Gaspar, do Ulrich, do Borges e do Soares dos Santos, do BPN e do Banif, da Jonet, do Relvas, da Teresa Caeiro, do Godinho Lopes, do Marcelo e da Judite de Sousa e por aí fora …

O «grau de felicidade» dos portugueses subiria em flecha se lhes fossem restituídos os seus empregos, os seus ordenados e as suas reformas completas, os seus apoios sociais, a confiança na continuidade do seu trabalho, o seu poder de compra…

É que o dinheiro não traz a felicidade, mas ajuda muito… E é aí que me vem à cabeça uma cançoneta francesa bem tonta que há muitos anos passava na rádio e que começava assim: «L’argent ne fait pas le bonheur…» e aqui o locutor interrompia e dizia: «mas ajuda muito!»

Oiçam a cançoneta – se conseguirem… 

 E, já agora, citando o nosso saudoso Solnado: «Façam o favor de ser felizes!»





8 comentários:

  1. Não sei minha amiga
    se é um questão de medir a coisa
    se não é mesmo
    garantir o mínimo para a coisa medida

    Para colocar um marco onde a felicidade se pôs a andar
    Esse foi a data em que os idos
    puderam livremente voltar

    (refiro-me aos eternos donos de Portugal)

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  2. Parafraseando o outro:
    " Eu queria ser feliz...mas o meu país não deixou!"
    Beijo e bom fds

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  3. A felicidade são pequenos momentos e o dinheiro não a traz, mas dá um empurrãozinho e olha que sei do que falo, para mim a felicidade é algo que sinto ao ver felizes quem amo.
    gostei de ver o video, não conhecia.
    bom fim de semana Graça

    beijinho e uma flor

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  4. Deformação profissional, será?
    Da canção não me recordo, agora dos francos franceses...
    :)

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  5. A felicidade constrói-se com dinheiro e não só!
    Conheço gente que tem tudo para ser feliz, incluindo dinheiro e não o é!
    É um conceito muito pessoal...
    Mas que a maioria dos portugueses ficaria mais feliz se esta cambada fosse à vida e outros viessem com outros objectivos que não encher-se e encher os amigos de benesses, disso tenho a certeza.
    Quanto à canção francesa...é um pouco tola mas divertida o que pode contribuir para a nossa felicidade!:-))

    Abraço

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  6. Os pseudo craneos pensantes do falido sistema capitalista, a páginas tantas, convenceu-nos a nós pobres assalariados, que também tinhamos direitos, tais como:
    - Uma casa, um automóvel, a saúde para todos, ás férias, o dinheiro era barato, justiça igualitária. Afinal, agora vêm dizer-nos que fomos uns gastadores, uns marqueses de bronze, ganhamos dez gastamos onze, já não temos direito a nada, nem às nossas míseras pensões de reforma, que foram conseguidas na generalidade à custa de muitos anos de trabalho, e que estavam guardadas em Instituições credíveis, que nos garantiam o pagamento até ao fim dos nossos dias, até isso é mentira, estes gajos roubaram os cofres da segurança social com a maior desfaçatez para cobrir o défice estatal, vindo mais tarde dizer que não há verba para pagar pensões. Torga disse mais ou menos isto; - Somos um pacato povo revoltado.
    A Segurança Social, foi uma invenção do pós 25 de abril, porque as caixas de previdência eram entidades autónomas, sob tutela do Estado até então, várias vezes o "botas" foi lá buscar dinheiro, mas pagou sempre e com juros, tinha outras porras chatas, mas era de boas contas, coisa que esta governança está-se nas tintas, é roubar o mais que podem.

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  7. Quando alguém conseguir convencer-me com uma indiscutível definição do termo felicidade...

    Bom fim de semana

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  8. Bem, se esperamos que nos dêem a felicidade, melhor será que o façamos sentados.
    Tenho a impressão que vai demorar.


    Um beijo

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