domingo, 5 de agosto de 2018

Onde se estava bem era em Coz

Faz tempo que andamos para lá ir dentro. Já o tínhamos visto de fora, em ruínas. Que pena! Pois fomos mesmo "escolher" o primeiro dia da onda de calor para irmos visitar a Igreja, que foi o que restou do Mosteiro de Santa Maria de Coz, cuja construção remonta, dizem, ao século XIII, para abrigar as senhoras devotas que por ali se juntaram para auxiliar os frades de Cister do Mosteiro de Alcobaça, em tarefas caseiras. Dizem-nos que as senhoras vinham discretamente lavar as roupas dos frades ao rio de Coz, senhoras viúvas e sós que queriam levar uma reservada vida religiosa.

A ordem destas monjas de clausura foi reconhecida pela Ordem de Cister no século XVI, sendo a partir de então que o convento recebe melhoramentos condignos, nomeadamente a construção da Igreja cuja riqueza em azulejo e talha dourada contrasta com a severidade da construção inicial.

Aquando da expulsão das ordens religiosas na primeira metade do século XIX, as monjas retiraram-se para o Convento de Odivelas e as instalações de Coz foram vendidas, tendo sido destruída grande parte das dependências em que as monjas viviam. Resta parte de um dormitório, que ainda está vedado ao público, e a sumptuosa Igreja.

Entra-se para a Igreja por um átrio interior que dá acesso ao convento e ainda sentimos o fresco - diria frio, se estivéssemos em dias de um verão normal e diria gelo, se estivéssemos no inverno - que as monjas teriam de suportar... (Devo dizer que foi bastante agradável, visto que cá fora o calor era já insuportável...)

Passemos às imagens.




Entrada pela portinha castanha


Ruínas




As traseiras do Mosteiro, ao lado do rio de Coz

O rio de Coz

A lindíssima grade em madeira
onde as mojas contactavam com o público


O altar-mor, barroco, em talha dourada

A Sagrada Família: Jesus apresentado como uma criança crescida
o que raramente acontece.







O teto da Igreja todo em madeira pintada


As paredes em azulejo do século XVII



Um quadro da pintora Josefa de Óbidos

O riquíssimo consistório

Porta manuelina no consistório


A sacristia cujas paredes estão revestidas por
azulejos representado a vida de São Bernardo




Um fresco que restou das instalações medievais do convento
e que mostra como as monjas se vestiam naquela época.

É, de facto, um monumento que merece ma visita atenta. (mas não no inverno...

16 comentários:

  1. Tiveram sorte com o dia escolhido para visitar o monumento, lá dentro devia ser melhor do que o mais sofisticado sistema de ventilação refrigerada, Graça.
    Gostei de ver as fotos e o texto é bastante elucidativo.

    Obrigada por esta bela reportagem.

    Beijinhos, boa semana.

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  2. Esses espaços de clausura fazem-me sempre nervos.
    Beijinhos, boa semana

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  3. Interessante história das "senhoras vinham discretamente lavar as roupas dos frades ao rio de Coz, senhoras viúvas e sós que queriam levar uma reservada vida religiosa". Gostei muito das fotografias. Não conheço o rio Coz…
    Uma boa semana, Graça.
    Um beijo.

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    1. Obrigada, Graça. O rio Coz não passa de um ribeirinho, mas numa paisagem bucólica e romântica.

      Beijinhos.

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  4. Não conhecia e fiquei curiosa ao contemplar as suas fotos!!!
    ...
    Ando meia ausente pois tenho a filha hospitalizada com uma bactéria no intestino mas assim que sentir ânimo ... regressarei em força!!!
    ...
    bj

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    1. Oh! Boas e rápidas melhoras da filhita!!! Coragem!

      Beijinhos.

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  5. Assim agradeço a oportunidade de conhecer um pouco da história do Mosteiro de Santa Maria de Coz! Excelente sua postagem, Graça! Obrigada!
    Abraço.

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    1. Obrigada, Célia! Este nosso/vosso país é lido!

      Beijinhos.

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  6. Que decoração! Que azulejos! Que fotografias!!!
    Fiquei maravilhado depois de passar as primeiras fotografias, que me deram pena. Convém seguir nessa linha de restauração, pois é de lamentar que algo tão belo possa perder-se.
    Besitos, amiga.

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    1. Tem toda a razão, Duarte. Há de passar por lá, quando puder para tirar fotografias das suas...

      Besitos.

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  7. "abrigar as senhoras devotas que por ali se juntaram para auxiliar os frades de Cister do Mosteiro de Alcobaça, em tarefas caseiras. Dizem-nos que as senhoras vinham discretamente lavar as roupas dos frades ao rio de Coz, senhoras viúvas e sós que queriam levar uma reservada vida religiosa."

    É ! :))) ... Anda-me "acaçar" e contar essa que eu acredito ! eheheh
    Habitualmente eram ajudas mútuas, bem a coberto da "religiosidade", o que dava muito jeito ! eheheh

    A igreja parece ainda estar bem conservada e em pleno, inversamente ao mosteiro !
    Deve ter sido um óptimo passeio aparte o calor !

    Beijinhos Graça !

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  8. Está a visita feita, pela reportagem e texto explicativo, ou lançado o desafio para voltar lá.
    Já por lá andei há uns anos. Nunca vi o interior da Igreja, encontrei-a fechada por duas vezes.
    A ideia que se tem de monja não corresponderá à realidade vivida em séculos passados, suponho que até ao séc. XIX. O destino das Senhoras, pelo que julgo saber, era o convento, por não terem direito a herança. Para muitas não era uma questão de vocação ou fé. Iam para um Lar, diria eu.

    Bj.

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