sábado, 20 de outubro de 2012

In memoriam


Em homenagem ao Poeta Manuel António Pina que nos deixou ontem, aos 68 anos de uma vida centrada na beleza das palavras, e aos seus amados gatos, deixo aqui o poema - é este, podia ser um qualquer outro dos muitos da sua obra - Os gatos.

Há um deus único e secreto
em cada gato inconcreto
governando um mundo efémero
onde estamos de passagem

Um deus que nos hospeda
nos seus vastos aposentos
de nervos, ausências, pressentimentos,
e de longe nos observa

Somos intrusos, bárbaros amigáveis,
e compassivo deus
permite que o sirvamos
e a ilusão de que o tocamos

9 comentários:

  1. "A pobreza mete-nos medo. E, no entanto, alimentamo-nos da pobreza, é o seu sangue que move os nossos carros topo de gama e as nossas fábricas e é à sua sombra que florescem os nossos paraísos de consumo."

    Escreveu ele

    (já lá tem a resposta à pergunta que me deixou...)

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  2. "Mundo efémero onde estamos de passagem" mas...
    para uns, é sempre uma festa, para outros um autêntico Inferno.

    Bjos

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  3. "Tocou-me" profundamente a morte de Manuel António Pina. Não o sabia doente. "Toca-me", neste momento, este poema.

    Um beijo

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  4. Na maior parte das suas fotografias aparece com gatos!
    Uma paixão que temos em comum com ele!
    Já disse em vários comentários que fiquei sem palavras ontem quando ouvi a notícia.
    Nem sabia que estava doente!
    Gosto muito das suas crónicas mas a sua poesia toca-me especialmente!

    Abraço

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  5. Deus necessita de poetas para divinizar mais ainda os seus...
    Bj. Célia.

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  6. Como leio pouca poesia, apreciava mais as suas crónicas acutilantes. Nem sabia que amava tanto os gatos, mas tudo o que tenho lido sobre ele refere esse amor... :)

    Beijinhos e bom domingo!

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  7. Partilho com ele essa paixão por felinos.

    É uma pena que se tenha ido, sei que fica a sua obra, mas fica também a saudade.

    Um abraço, Gracinha

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  8. Vamos sentir-lhe a falta das suas finíssimas crónicas, é bem verdade! Mas os seus gatinhos irão sentir mais a falta das suas festinhas...

    Também não sabia que estava doente! Uma pena! Uma pessoa tão discreta e tão sabedora das coisas da vida atual e das palavras! Uma pena!

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