Dizem-me que passou há dias o Dia do Silêncio. Parece-me que foi a 7 deste mês e celebra-se com o objetivo de chamar a atenção para os efeitos da poluição sonora.
Acho bem!
Mas eu que sou mais poesia (o Herman dizia que era mais bolos... e eu também, mas enfim...) procurei e achei lindos poemas sobre o silêncio: Pessoa, David Mourão-Ferreira, Eugénio de Andrade, Ramos Rosa e outros. Mas escolhi um de um poeta brasileiro - Manoel de Barros (1916-2014) que diz assim:
Uso a palavra para compor meus silêncios.
Não gosto das palavras
fatigadas de informar.
Dou mais respeito
às que vivem de barriga no chão
tipo água pedra sapo.
Entendo bem o sotaque das águas.
Dou respeito às coisas desimportantes
e aos seres desimportantes.
Prezo insetos mais que aviões.
Prezo a velocidade
das tartarugas mais que a dos mísseis.
Tenho em mim esse atraso de nascença.
Eu fui aparelhado
para gostar de passarinhos.
Tenho abundância de ser feliz por isso.
Meu quintal é maior do que o mundo.
Sou um apanhador de desperdícios:
Amo os restos
como as boas moscas.
Queria que a minha voz tivesse um formato de canto.
Porque eu não sou da informática:
eu sou da invencionática.
Só uso a palavra para compor meus silêncios.
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| (Jardins da Gulbenkian) |
Como também eu sou mais poesia, trago-te, Graça, outro
ResponderEliminarSilêncio
Quando a ternura
parece já do seu ofício fatigada,
e o sono, a mais incerta barca,
inda demora,
quando azuis irrompem
os teus olhos
e procuram
nos meus navegação segura,
é que eu te falo das palavras
desamparadas e desertas,
pelo silêncio fascinadas.
Este é, como sabes, do nosso Eugénio de Andrade.
Nesse belo recanto dos Jardins da Gulbenkian, o silêncio torna-se palpável.
Um beijinho, Graça.
Muito bonito, Janita!
ResponderEliminarObrigada. Beijinho.
É um poema muito bonito que não conhecia. Aliás do Manoel de Barros só conheço o nome.
ResponderEliminarO jardim da Gulbenkian é excelente para passear e para meditar. Não vou uma vez ao Museu que não me perca nele.
Abraço e uma boa semana
«Silêncio»
ResponderEliminarEis um bom tema
para a próxima liturgia
citando Sophia
Dá meus abraços
ao Manoel de Barros
Perfeito... Adorei :))
ResponderEliminarHoje :-
Existem sussurros na brisa.
Bjos
Votos de uma óptima Segunda - Feira
Manoel de Barros, sempre magnífico! Foi bom lê-lo aqui.
ResponderEliminarUma boa semana, Graça.
Um beijo.
Bonitas palavras Graça !
ResponderEliminarBeijinho e abraço forte !!!
E se eu preciso de momentos de silêncio!!
ResponderEliminarBeijinhos
Sobre o "Dia do Silêncio", apelando à não "poluição sonora", sinceramente acho que ao longo destes últimos tempos se tem notado uma enorme diferença, para melhor, nas cidades !
ResponderEliminarPraticamente, deixaram-se de ouvir os claxons dos carros !
Quanto aos "outros silêncios", quem não gosta de os ter em muitos dos momentos do dia, quer na rua, quer em casa !? ...
São de facto uma das grandes boas companhias !!!
A calma de um jardim, ou de bosque, ou mesmo à beira mar, ou na margem de um rio, são uma delícia para os sentidos !
Abraço, Graça :)
Lindíssimo poema, com o qual me identifico totalmente!
ResponderEliminarBeijinhos... apenas... em silêncio.
ResponderEliminar~~~~
um expressivo silêncio
ResponderEliminargostei muito do poema
beijo
Silêncios que gritam
ResponderEliminarBj
Muito a propósito um postal do Jardim da Gulbenkian servido com o magnífico Manuel de Barros.
ResponderEliminarSilêncio uma palavra com uma geografia sonora gigante, profundamente semântica, percepção espacial de distâncias cósmicas.
Bj.
Obrigada, amigos, por terem gostado da minha escolha. É, de facto, como diz o Mar Arável «silêncios que gritam»...
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