A criança está completamente imersa na infância
a criança não sabe que há-de fazer da infância
a criança coincide com a infância
a criança deixa-se invadir pela infância como pelo sono
deixa cair a cabeça e voga na infância
a criança mergulha na infância como no mar
a infância é o elemento da criança como a água
é o elemento próprio do peixe
a criança não sabe que pertence à terra
a sabedoria da criança é não saber que morre
a criança morre na adolescência
Se foste criança diz-me a cor do teu país
Eu te digo que o meu era da cor do bibe
e tinha o tamanho de um pau de giz
Naquele tempo tudo acontecia pela primeira vez
Ainda hoje trago os cheiros no nariz
Senhor que a minha vida seja permitir a infância
embora nunca mais eu saiba como ela se diz
Ruy Belo, in 'Homem de Palavra[s]'
O menino é o teu benjamim?
ResponderEliminarEstá muito lindo... parabéns pela foto.
Este poema foi uma boa opção...
Beijinhos
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Não, o benjamim não é dos meus... mas está com um riso tão bem disposto que resolvi copiá-lo para aqui.
EliminarBeijinhos bem dispostos.
Minha querida Gracinhamiga I
ResponderEliminarBelíssimo poema de um Poeta que conheci no Luto Académico de 1962 (a que chamam greve, que o foi, mas o que fizemos "oficialmente" foi Luto, durante o qual fui "detido" durante dois dias pela PIDE na António Maria Cardoso onde me "ofereceram" duas costelas partidas com muita meiguice.
Diametralmente opostos em termos religiosos (costumo dizer e escrever que fui católico mas... curei-me) no meio da confusão conseguimos fazermo-nos amigos não muito profundos, mas amigos.
Tentei - debalde - defendê-lo depois do 25 de Abril pois tentou regressar à docência universitária como certamente sabes. Mas impediram-no.
Em conversa durante almoço que tivemos disse-me da sua tristeza e frustração. Ele que até fora candidato pela CEUD em 1969. Enfim, foi um dos maiores poetas portugueses do século XX na minha opinião e de muito boa gente mais...
Muitos bjs e qjs do casal Ferreira
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Duas notas:
A Raquel está bem, apenas continua sem equilíbrio. No Santa Maria têm-na tratado (bem como aos outros doentes do seu quarto e penso que a todos os outros mais) nas palminhas. Para a semana vai fazer uma ressonância com contraste. Falei com o médico que a segue em especial e disse-me que deve recuperar. Fiquei mais aliviado. Continuo sozinho em casa o que não me chateia. Ontem, sábado, a malta veio toda almoçar, desta feita trazendo o almoço. Mais uma vez me senti muito feliz com a família que temos.
B) Na Travessa segue a saga È DIFÍCIL VIVER COM UM IRMÃO MONGOLÓIDE. O título do episódio é Agressões e palavrões
Boas e rápidas melhoras da querida Raquel. E muito grata pela visita.
EliminarBeijinhos.
Não conhecia por isso obrigada pela partilha ... bj
ResponderEliminarEu é que agradeço, Gracinha.
EliminarBoa semana.
Gosto muitos dos poemas de Ruy Belo.
ResponderEliminarO netinho (?) está lindo.
Um abraço e bom domingo
Por acaso este não é dos meus, Elvira...
EliminarBeijinhos e boa semana.
Embora conheça a poesia de Ruy Belo, este poema não conhecia.
ResponderEliminarUm menino lindo com um sorriso maroto e feliz.
Continuação de bom domingo.
Temos poetas e escritores fora de série!
EliminarObrigada, Teresa, boa semana.