quinta-feira, 27 de setembro de 2012

O ministério do desnorte

Lembram-se do ministro que queria fazer implodir o ministério da Educação? Pois era! Ainda não lhe passava pela cabeça que daí a meses iria ser o responsável por aquele ministério, o extraordinário professor Nuno (C)rato afirmou que O Ministério da Educação deveria quase que ser implodido, devia desaparecer, devia-se criar uma coisa muito mais simples, que não tivesse a Educação como pertença mas tivesse a Educação como missão, uma missão reguladora muito genérica e que sobretudo promovesse a avaliação do que se está a passar”. (entrevista à Agência Ecclesia, em Fevereiro de 2011)




 
Pois passado ano e meio da sua tomada de posse e a dita implosão ainda não se deu no ministério, estando a dar-se aos poucos (paradoxo! uma implosão não se dá aos poucos; dura alguns minutos) nas escolas já para não falar na cabeça de grande parte dos professores.

No tempo em que o ministério era “uma coisa complicada e uma pesada máquina burocrática e tinha a Educação como pertença” – como disse o senhor professor naquela entrevista acima referida, as escolas tinham os professores das necessidades transitórias colocados em três ou quatro dias e, quando havia que fazer uma contratação de escola para docentes ou técnicos, os procedimentos e os critérios (mensuráveis e outros) eram definidos a nível nacional para que, de algum modo, ficasse salvaguardada a equidade (onde é que eu ouvi esta palavra ultimamente?!...) a igualdade de tratamento nas contratações. E, nestes casos, se os Conselhos Executivos fossem atentos e dinâmicos, os técnicos e/ou professores a contratar estariam em funções no espaço máximo de uma semana após o encerramento do concurso de escola.

Atualmente que o ministério da Educação já não é “uma coisa complicada e uma pesada máquina burocrática e já tem a Educação como missão reguladora genérica” – signifique isto o que significar… será que o senhor ministro também foi vítima do “eduquês”? – e em nome de uma  “autonomia de escola” que não está definida em sítio nenhum, cada agrupamento de escolas decide sobre os critérios que muito bem entende e  tem de fazer uma entrevista a cada candidato que tem o peso de 30% no processo de recrutamento do candidato. 

Como é fácil de ver, esta invenção da entrevista dá para tudo! Para manter o candidato do(s) ano(s) anterior(es) ou mandá-lo fora conforme ele/ela foi ou não foi do agrado. Para contratar o filho daquele amigo que meteu um empenho do tamanho do castelo. Para tudo! E se há aqueles diretores escrupulosos, sabedores e honestos que fazem tudo dentro da legalidade e da transparência tendo em conta todos os pontos do Código de Procedimento Administrativo porque o conhecem bem e o seguem de perto, também há aqueles que dão conhecimento das entrevistas aos candidatos convocando-os por mail das 10 da manhã para as duas e meia da tarde excluindo-os se eles não aparecem mesmo alegando desconhecimento ou falta de tempo para chegarem à escola; há aqueles que realizam as entrevistas sem qualquer organização, sem qualquer guião, por vezes num tête-à-tête que não dura mais de cinco minutos; há os que contam metade da pontuação de um determinado critério se o candidato não tiver aquele curso ou aquele grau académico completo (tipo Relvas…); há os que exigem que os candidato tenham a residência no local do agrupamento, etc. etc.

 Um regabofe por esse país fora! E os candidatos – coitados – acossados de toda a forma não se propõem a denunciar estas situações porque, primeiro precisam do emprego; depois não têm a quem se queixar porque as DRE, que também vão ser implodidas, não funcionam; queixar-se ao ministério nem pensar porque nem os atendem nem lhes respondem; e recorrer aos tribunais, enfim … 

Não se trata da implosão da escola nem do ministério. É a implosão do país aquilo a que estamos a assistir!

8 comentários:


  1. Deplorável! Isto já parece uma manta de retalhos tão esfarrapada que não tem ponta por onde se lhe pegue.
    Uma mega-trapalhada.

    Lídia

    ResponderEliminar
  2. Mas porque será que estes (des)governantes - que supostamente tinham tantos conhecimentos e experiência a nível técnico dos ministérios que iriam chefiar - afinal não acertam uma? Cambada!

    Beijoca!

    ResponderEliminar
  3. Se for implosão, ninguém dá conta...
    Temo é que isto rebente!

    ResponderEliminar
  4. Minha querida , é por estas e por outras que agora os ministros nem os jornalistas querem por perto e reforçaram a segurança.

    Bons sonhos

    ResponderEliminar
  5. De facto, é a implosão do país. Feita de forma rigorosamente "matemática".

    ResponderEliminar
  6. E o que não sai cá para fora, Gracinha!:(((

    bji

    ResponderEliminar
  7. Esteao menos cumpre a promessa :-)))

    ResponderEliminar
  8. O Carlos e o seu sentido de humor...

    Ai rebenta, rebenta, Rogerito! Já esteve mais longe!

    é verdade, Francisco, de uma forma rigorosamente "matemática"...

    Nina, é uma pena que essas coisas não saiam cá para fora. Há que denunciar! Sem medos!

    ResponderEliminar