sábado, 1 de setembro de 2012

Estas Universidades de Verão...

(Pedido emprestado ao Kaos)

Provavelmente influenciada, ou melhor, marcada, que estas coisas da educação deixam marcas indeléveis, pelo respeito – embora deteste esta palavra “respeito” pela conotação altamente moralista que traz agarrada a ela desde os ancestrais tempos salazaristas – que tínhamos pela Universidade nos meus tempos de menina e moça – anos 50/60 – continuo a sentir e a aceitar a pesada carga cultural e científica que o conceito de Universidade transporta. Por isso não admira que sinta alguma, senão muita, relutância em aceitar esta moda de chamar Universidade a umas reuniões partidárias em que, no fim do Verão e assim, à laia de modo pseudointelectual, fechar a chamada “silly season” – outra expressão absolutamente detestável – se reúnem as “cabeças-pensantes” daquelas agremiações para, de forma grandíloqua e altaneira, perorarem sobre o (pobre) estado do país. Chamem-lhes Encontros, Colóquios, Conferências (não o foram há mais de cem anos as do Casino onde o grande Antero de Quental expôs de forma vidente e clarividente as simples razões do nosso atraso estrutural?) mas Universidade, não! Já viram que um qualquer Relvas – não obstante a sua extensa e ímpar creditação – pode ir dar uma aulita nessas ditas Universidades? Grrr!....




Como também não consigo aceitar esta (já não tão) nova moda das “Universidades da Terceira Idade”. Nada contra esses centros que se criaram perante a necessidade de “entreter” quem, como eu, ainda com a cabecinha (e o corpinho também…) muito cheia de capacidades foram chutados para fora e postos nas prateleiras dos inúteis e sem valor. Mas chamem-lhes outra qualquer coisa que não Universidades!

Já para não falar – e desculpem-me o possível elitismo! Que se o ministro da Educação do burgo o pode ser e disso fazer bandeira, porque não eu também?! – das Universidades privadas que brotaram por esse país fora depois dos anos oitenta e tal. Mas isso é outra história.

Não temos, nós, portugueses, embora digamos o contrário, grande respeito (lá me vem de novo à cabeça esta palavra antiga e anquilosada!) grande cuidado, grande reverência pela nossa língua. Não é uma língua fácil, não senhores, se bem que bela, rica e variada. Mas o nosso problema é que, quando a estudávamos com todas as suas regras gramaticais, não no-la deixavam utilizar a nosso bel-prazer porque não nos eram dadas as competências para uma livre expressão oral e escrita. E agora que, pelo menos por enquanto, nos é permitida (alguma) liberdade de expressão, os falantes não apreendem o vocabulário suficiente nem os conhecimentos sintáticos que cheguem para se expressarem medianamente. 

Nem sou capaz de expressar a contrariedade que sinto quando oiço e leio grande parte dos nossos congéneres a atacarem com unhas e dentes o novo acordo ortográfico – que nem sabem muito bem o que é – só porque, dizem eles, estamos a vergar-nos à vontade dos brasileiros quando fomos nós, portugueses, que primeiro criámos e falámos a língua. Como se uma língua fosse uma possessão, um domínio! E depois, quando, na televisão, ouvimos uma qualquer entrevista de rua, nos apercebemos que nós, portugueses, donos únicos da grande língua de Camões, como gostamos de dizer, não conseguimos dizer duas frases complexas seguidas, enquanto os nossos irmãos de língua do Brasil se expressam de forma fluente, fácil e alegre.

Temos, ao nível do falante comum, uma enorme falta de vocabulário. Por isso não admira que se nos peguem aos ouvidos e à (ponta da) língua as expressões que os jornais ou os fazedores de moda no âmbito da língua inventam e põem a rodar, que repetimos até ao desgaste e à exaustão, não tendo, grande parte de nós, a autonomia linguística e o saber suficientes para as repudiarmos. 

Será (um pouco) o caso da “Universidade”, do execrável “plano B”, do estafado e nauseabundo “bom senso”, já para não falar da obsoleta e bafienta “cultura geral”.

Isto “penso eu de que”…

10 comentários:

  1. Universidade? Talvez até seja...não no sentido correcto, mas tendo em conta que um dos "professores" é Miguel Relvas e o organizador Carlos Coelho, que munca fez nada na vida senão miltância no PSD... têm muito que ensinar como subir na vida sem fazer nada senão andar cde laranja!

    Bons sonhos, menina

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  2. Vêm de lá todos licenciados e os que já o são passam a doutorados! :-))

    Abraço

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  3. Estive hoje numa universidade
    E disso faço hoje alarde

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  4. Estimada Amiga Graça Sampaio,
    Estou totalmente de acordo com suas sábias palavras.
    O PS este ano usou a Universaidade da cidade Museu, para mandar vir bocas, o PSD ficou-se igualmente pelo Alentejo.
    Igualmente não gosto do nome Universidade da Terceira Idade, mas enfim, eu já estou cursado pela Universidade da Vida que tem muito mais curriculo que a Lusofona,onde Relva algum discursa cá por estas bandas.
    Embora tenha estudado em várias Universidades cá do Oriente, Tailândia, Singapura e China, não tive a sorte de ser comtemplado com douturamento algum, fiquei-me só com o mestrado de Criminalogista.
    Nada de português nessas Universidades já que e como muito bem referiu o português não é uma língua, mas o chinês e o tailandês são ainda mais difieis, deste modo tem muito mais valor.
    Na Terceira idade é bem verdade mas com universidade de alto grau sem utilizarem esse termos de velhice rsrsr.
    Abraço amigo e já agora pise bem a Relva e vá até ao Crato ver o festival, mata dois colelhos de uma só cajadada.

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  5. Gostei particularmente do 6º parágrafo, este:

    "Nem sou capaz de expressar a contrariedade que sinto quando oiço e leio grande parte dos nossos congéneres a atacarem com unhas e dentes o novo acordo ortográfico – que nem sabem muito bem o que é – só porque, dizem eles, estamos a vergar-nos à vontade dos brasileiros quando fomos nós, portugueses, que primeiro criámos e falámos a língua. Como se uma língua fosse uma possessão, um domínio! E depois, quando, na televisão, ouvimos uma qualquer entrevista de rua, nos apercebemos que nós, portugueses, donos únicos da grande língua de Camões, como gostamos de dizer, não conseguimos dizer duas frases complexas seguidas, enquanto os nossos irmãos de língua do Brasil se expressam de forma fluente, fácil e alegre."

    Esta "coisa" estranha das "Universidades do PS/PSD" é mesmo de não lhes ligar qualquer importância. Aliás, um pretexto para tentar dar alguma visibilidade aos discursos dos dois coitados dos chefes dos Partidos Sociais Democratas de Portugal. Tão fraquinhos que eles foram, os discursos e os próprios Pedro e Seguro, aliás muito parecidos em tudo, na trajetória partidária, nas linhas de pensamento, no estilo atoleirado de pessoas importantes e influentes nos destinos deste país.

    Estou farto deles!

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  6. Também eu, amigo Nunes!!!! E quem é que não estará fartinho deles? Só quem está a "comer" à conta!

    Essa de ir às festas do Crato e matar dois coelhos de uma cajadada só é de mestre, amigo Cambeta.... Sempre se trata do seu7nosso querido Alentejo.

    Boa, São! De facto o cartão laranja dá para muita coisa...

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  7. Gosto do que acabo de ler!

    Ainda hoje me interrogava sobre os 'universitários' destas tão famosas universidades, rampa de lançamento dos futuros licenciados em gestão danosa do país.

    Beijo

    Laura

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  8. Universidades? Só se forem daquelas onde o Relvas se abastece...

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