domingo, 17 de junho de 2012

A moção de censura do PC


Temos de considerar que a política é a arte dos espertos. Digo arte e não digo ciência porque esta tende a ser mais exata e mais concreta enquanto aquela é mais dinâmica, mais plástica, mais elástica. Mas, dizia eu que a política é dos espertos e, em termos de esperteza na política, temos de admitir que o PC é – a seguir ao PSD, claro! que este é dono da esperteza pura e absoluta, já que não se coíbe, sem qualquer espasmo que não seja o da sua própria vantagem, de inventar, mentir, ocultar, distorcer para alcançar os seus propósitos – a imagem da esperteza política.




Veja-se esta cena da moção de censura ao governo que o PC apresentou, de chofre, na passada 6ª feira. Para que serve, em termos do verdadeiro objetivo de uma moção de censura, esta tomada de decisão neste tempo, neste espaço e nesta conjuntura? Para mostrar aos seus seguidores como estão contra esta forma ultraliberal de governar vilipendiando e alienando tudo o que se foi conseguindo neste pouco tempo de democracia em que vivemos? Certamente que sim! Para mandar uma pedrada neste marasmo em que nos movemos como tristes e acabrunhados animais ruminantes com palas nos olhos que nos foram (im)postas por meio de muita farsa  de muita mentira? Certamente que sim! Mas adiantará alguma coisa em termos de eficácia política com uma maioria – chocha, mas maioria – no parlamento? 

Não! E a intenção é – uma vez mais – deixar o PS mal visto. E aí, meus amigos, conseguem-no! É do domínio comum a imagem de cautela exacerbada, de contenção e até de complacência que o atual secretário-geral do PS tem junto do público em geral e até junto de muitos militantes e simpatizantes do partido. Sabemos que, face à forma de atuação equilibrada de partido de (quase) charneira já do tempo de Soares e, perante a situação de desequilíbrio que o país e até o partido vivem, dificilmente o PS vai votar a favor da moção do PC. O PC está ciente de todas estas e outras razões que levam a que o PS decida atuar assim, mas pensam ganhar um trunfo junto do povo quando puderem dizer: o PS votou ao lado da maioria de direita e não está interessado em resolver os problemas sociais que este governo tem vindo a cavar ao longo de apenas um ano. Esquece-se ou não pretende que se lhe lembre das incontáveis votações em que o PC enfileirou, na anterior legislatura e em outras mais para trás, junto aos ditos partidos de direita para forçar a queda do governo já bem agendada na cabeça do presidente da República de direita que eles, juntamente com a dita extrema-esquerda do falacioso Dr. Louçã, tinham anteriormente ajudado a eleger. 

Com uma esquerda que almeja ser bicéfala pensando que dividindo há de governar, pode a direita deste país deitar-se e dormir sossegada.



7 comentários:

  1. Concordo contigo em tudo, mas não deixo de achar que o PS deveria votar favoravelmente a moção de censura.

    Um bom resto de domingo.

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  2. Deduzo então que, desde que me ausentei, "está tudo na mesma... como a lesma".
    Ou estará pior?
    :(

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  3. "E a intenção é – uma vez mais – deixar o PS mal visto. E aí, meus amigos, conseguem-no!"

    Acaba, por palavras suas, por justificar o voto de censura apresentado. É que o PS tem a oportunidade de se clarificar de que lado quer estar e, assim, "contrariar" os chamados objectivos do PCP e... sair disto bem visto, que também pode ser um objectivo dos comunistas. Por acaso já pensou que o PS tem a oportunidade de abandonar o nim?

    Há um aspecto que quero aproveitar para a questionar: já pensou, por acaso, em ajuizar os comportamentos políticos, de alianças e coincidências de posição, pelos conteúdos e não pelos continentes? Pelas politicas em causa?

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  4. Claro! Pelos conteúdos e não pelos partidos! Assim deveria ser, em teoria, como muitas outras cosas na vida política e não só. Mas a teoria e a prática não são, geralmente, a mesma coisa. E isto é válido para todos os partidos, para todos os políticos, para todos nós, enfim!

    (E olhe que, pessoalmente, nutro a maior simpatia e consideração pelos/as comunistas que conheci e conheço - com eles aprendi muito em termos de trabalho e de organização. Desde antes do 25 de Abril.)

    Beijinhos.

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  5. Ah! E outra coisa: eu, pessoalmente, votaria a favor...

    Paradoxos, enfim...

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  6. Estimada Amiga Graça Sampaio,
    Para mim o que me parece mais absurdo é ver em Portugal um partido comunista.
    Quem conhece as políticas praticadas por governos comunistas, fica espantado como tanta gente em Portugal é filiado ou simpatizante do PCP.
    Se fosse uma pessoa rica convidava um grande grupo de pessoas simpatizantes do PCP a passar férias na Coreia do Norte, ou irem até à China fazerem constetações, seria o bom e o bonito.
    Defacto os políticos são uns matreiros a esperteza deles está na injunuidade do povo.
    Abraço amigo

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  7. Politicagem sem nenhuma ética e/ou princípios por aqui também... é o venha a mim... o vosso reino que se vire...
    Bj. Célia.

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