Ora no Verão em que entrei para a
Faculdade – 1966 – fomos, pela primeira vez, passar o mês de Agosto à Ericeira
e eu estalando por usar bikini! Só que o meu pai não deixava. Aí, a minha mãe,
que sempre foi muito senhora do seu nariz, pegou em mim e no meu primo M. que
vivia connosco e aí fomos nós num sábado à tarde para a Baixa comprar fatos de
banho! Penso que entrámos em todas as lojas e mais alguma, mas acabámos por
encontrar o fato de banho ideal – absolutamente encantador! – que havia de dar
a volta aos desígnios do senhor meu pai! Era um fato de banho branco que na
parte de trás tinha o desenho de fato de banho com decote oval bem cavado até
ao fundo das costas e, na parte da frente, era um duas peças, autêntico bikini,
cobertas de cima a baixo por um rendado que quase deixava a barriguinha à
mostra… O meu primo comprou um calção também branco com cintinho azul-escuro,
tipo calção de ténis que lhe assentava que era uma luva! E lá fomos nós todos
lampeiros para a Ericeira, branquinhos de pele e de fatos de banho brancos que
até parecia que íamos vender gelados!… Pena não haver fotografias dessas belezuras…
Infelizmente, o meu pai não viveu
muito mais tempo… Com uma deficiência congénita no coração e depois de uma vida
muito cheia e muito bem vivida, aos 49 anos, não resistiu ao susto e à comoção
do grande tremor de terra de 1969. Não por falta de respeito, mas nesse Verão,
usei o meu primeiro bikini – de um turco leve, verde musgo.
(Vejam-se as toalhas de praia feitas na costureira, com franjinhas nas pontas...) |
De então para cá, nunca mais
vesti um fato de banho! Depois, tive um bikini preto, muito reduzido para a
época, que usava com uma capeline branca com que ainda escandalizei algumas
pessoas no Estoril – vejam lá! – e até em S. Pedro.
Já em Leiria, ano sim, ano não, comprava um bikini, geralmente da marca Huit ou outra congénere, que eram bem modernos, bem parisienses e bem caros também! Por isso não se compravam todos os anos...
Nos "fresquinhos" Verões de S. Pedro de Muel, com as filhas a tremerem de frio... |
Nem sei como convenci a minha filha mais velha a usar este bikini... |
Férias do lagarto, em Milfontes. |
Mais tarde, bikini branco no nevoeiro |
Ainda hoje, que há muito deixei de vestir os números 34 ou 36 para partir para o 40 ou para o 42, com as gorduras e as marcas da idade, e mesmo muito instada pela minha filha mais velha que nunca gostou de usar bikini, não sou capaz de me ver de fato de banho!
Quem não quiser que não olhe, não
é?
E que bem que te fica!
ResponderEliminarEu já deixei de usar...não tenho esse "corpinho de sereia" ! :-))
Abraço e bons banhos
O biquíni continua a ficar-te muito bem!
ResponderEliminarHá sempre um pai ou uma mãe mais conservadora. E filhas com um tal poder de persuasão!... : )
Cada um veste como gosta, como está habituado, sem olhar às críticas ou às opiniões destrutivas ou daquelas só porque sim.
ResponderEliminarA Graça gosta de usar bikini? Use.
Abraço
Apesar de morar perto da praia passam-se verões em que lá não ponho os pés... mas quando vou gosto de bikini, apenas usei fato de banho uma vez, que mo ofereceram porque eu "já estava velha e gorda" para usar duas peças. Usei-o uma vez e deitei-o fora...
ResponderEliminarQuem não quiser que não olhe, concordo totalmente!
Graça
ResponderEliminarAdorei tuas fotos! E muito das tuas palavras, onde consegui recuar no tempo, revi-me em algumas frases tuas! Em miúda ia para a praia mas só podia levantar um pouco a saia, fato de banho népia, na minha Aldeia era um escandalo,em 1969 com os meus 13 anos vim para a Marinha Grande aí comecei logo a usar o bikini, hoje com os meus 55 anos ainda não o larguei e sinceramente não me estou a ver de fato de banho, até porque a parte de cima do bikini está quase sempre deitado ao meu lado a apanhar banhos de sol. Heheh.
Beijinho e uma flor
E eu a ouvir...Jacques Brell, Joe Dassin, Lara Fabian etc
ResponderEliminarHoje deu-me para isto,
Até a escrever versos dispersivos que nem eu entendo lá muito bem,
Voltemos pois a esses Verões!
Viva a juventude!
Alegria de viver, vai tudo à frente!
Bonitos fatos de banho, sim sra. e ficavam-lhe na perfeição!
Ai aqueles tempos das primeiras mini-saias!
Anos 60, os anos de arranque para a nova Era, quem o pode questionar? Só quem os não viveu.
Ou seja, a preparar uma tese de doutoramento sobre os Verões dos anos 60?!
Imagino, a Graça a usar aquele bikini preto, bem reduzido e os olhares a virarem-se, à sua passagem! E que corpo de sereia tiveste e tens. :)
ResponderEliminar... "fiu-fiu"... em nada fica a dever para corpos esculturais... você é mulher linda que viveu dignamente, todas as fases de sua vida, com intensidade e autenticidade! Parabéns!
ResponderEliminarBj. Célia.
O que as "modas" contam de nós, das sociedades e das épocas. (O biquini foi muitas vezes usado como contestação política e social, nos finais dos anos 50, pois era proíbido em muitos países, Portugal incluído).
ResponderEliminarSim, sou pelo biquini. Usei-o sempre e nunca ninguém "me ligou", "se bem me lembro".
Fato de banho, sempre, na hidroginástica e na natação.
Parabéns pela boa disposição que perpassa estas "reportagens".
Lídia
Prometo
ResponderEliminarSe por ti passar
Só para tua toalha
... olhar
Só vim aqui reiterar o que já ando a dizer há dias: JEITOSA, ou como diriam os nossos manos lá do Brasil GOSTOSONA!:))
ResponderEliminarbeijinhos ainda com cheiro de bailarico...sem ter dançado (lá me lembrei que o piso era de paralelos?:))
Nina
P.S: adoreis este relato, como os anteriores, aliás. Não me imagino a viver numa época de conservadorismo. Devia ser giro para as mentes menos conservadoras.:))
ResponderEliminarNina
Também é o que uso, não me dou com fato de banho. Hoje em dia já não se liga muito a essas coisas, cada um veste o que mais lhe agrada, e ainda bem.
ResponderEliminarBjs
Também gosto mais de bikini, mesmo não ficando assim tão bem :)
ResponderEliminarEstimada Amiga Graça Sampaio,
ResponderEliminarLindos esses fatos de banho, eu quando era jovem Sesimbra era a praia que frequentava graças aos serviços sociais, depois era o Rio Degebe e meu fato de banho eram as cuecas que usava, e foi nessa bonita maneira que aprendi a nadar.
DEGEBE RIO DA MINHA INFÂNCIA
Degebe belo rio
onde aprendi a nadar
quer fizesse calor ou frio
nele me ia banhar
5 quilómetros tinha que percorrer
para o poder alcançar
e sem autorização para o fazer
lá me ia eu escapar
Na companhia de amigos ia
para as aulas de natação
a cueca é que servia
substituindo o calção
Depois de belos mergulhos
e com dinheiro na algibeira
iamos encher os bandulhos
e por por vezes apanhar a bebedeira
Perto da ponte lá havia
uma tasca bem à maneira
que sangue de porco servia
saboroso e pimenteira
Pelos campos la colhiamos
uns nabos bem adocicados
mais melões que comiamos
ficando empanturrados
Chegados a casa nos esperava
uma sova colossal
massagem bem aplicada
que até não fazia mal
Eramos miúdos traquinos
rebeldes por vocação
jovens e lindos meninos
libertos da escravidão
A esse Degebe bendido
grato estamos por nos receber
suas lições aprendido
e homens novos nos fazer
Foram sua belas lições
sempre boas e proveitosas
que me criaram emoções
embarcando nas gloriosas
Outros tempos onde em Évora ainda não havia piscinas.
Abraço amigo
Já aqui foi comentado a restrição que havia em usar biquini, em vários países Portugal incluído sim senhor!
ResponderEliminarLembro-me perfeitamente, de em 1966por esta altura, em pleno Mundial de futebol em Inglaterra, de ter ido para a praia com familiares e no grupo haver uma jovem que estava a usar biquini, por ordem médica, para ajudar a sarar uma costura de operação na região abdominal, que como não apanhava sol estava renitente em fechar. O médico recomendou o biquini, mas tinhamos que estar sempre vigilantes com o Cabo de Mar, porque as pessoas eram espulsas da praia, e tinham uma coima, dependia do autuante.
Conclusão: bikini, SEMPRE!!! Com corpinho de sereia ou de baleia... Ih! Ih! Ih!
ResponderEliminarObrigada pelas vossas memórias que são sempre interessantes e enriquecedoras.
O Amigo Cambeta recorda sempre o seu querido Portugal, embora esteja muito bem la pelos Orientes. Há quantos anos não ouvia falar no Rio Degebe! Desde a escola primária, quando tínhamos de saber de cor os afluentes de tudo quanto era curso de água do país e das províncias ultramarinas...
Também aprendi a nadar num rio: no Lizandro, junto à Ericeira. Com uma enorme câmara de ar a fazer de bóia...