segunda-feira, 29 de setembro de 2014

Os Maias

Este fim-de-semana lá nos abalámos até ao cinema – que preguiçosos estamos para sairmos de casa se não tivermos uma obrigação! – para irmos ver Os Maias com realização de João Botelho.

É bom que haja quem queira dar visibilidade – e uma visibilidade moderna, desassombrada – aos nossos clássicos e João Botelho, para além da quantidade de filmes que já assinou, realizou com grande mestria a sua versão do Livro do Desassossego.

Quanto a Os Maias, que tem muito mais de teatro do que de cinema, gostei e não gostei.


Gostei da intervenção do narrador em voz off que nos vai servindo o fio condutor da história;

Gostei da forma elegante como se nos apresentam as personagens e, de alguma forma, a ambiência decadente em que se movem;




Gostei da finura das filmagens, nomeadamente no que toca às cenas de envolvimento amoroso, especialmente da última noite de amor de Carlos e de Maria Eduarda;



Gostei particularmente da representação de João da Ega e do velho Afonso da Maia;






Gostei da utilização algo inovadora dos cenários pintados – lindíssimos – em vez da bela paisagem natural da Lisboa oitocentista.

Mas não gostei da forma teatral e por de mais exagerada como nos foi apresentado o passado da família Maia: as desavenças do pai absolutista com o filho Afonso da Maia que, liberal e maçon, teve de se refugiar em Inglaterra, bem com os amores de Pedro da Maia, pai de Carlos, com a negreira Maria Monforte. Mesmo tendo sido feito com a intenção de dar a ideia de uma rápida analepse, achei muito exagerado.

Muito embora tenha sido um diletante, não gostei da escolha de um betinho para dar vida à personagem Carlos da Maia.

Não gostei do episódio das corridas de cavalos mais parecidas com as de Ascot do que com a descrição crítica e irónica das mesmas no romance escrito.




Também o Dâmaso Salcede, o amigo adjacente de Carlos da Maia, não está bem na sua pele de bajulador balofo e untuoso que Eça tão bem retrata e descreve. Tal como é absolutamente truncada a história de rivalidade entre Eusebiozinho e Carlos desde os tempos da infância em Santa Olávia e que vai redundar na idade adulta nas bengaladas – e só isso nos é mostrado no filme – com que Carlos brinda o «amigo» na segunda parte do filme.

A segunda parte do filme é, de facto, muito mais dinâmica e entusiasmante do que a primeira que, com já acima referi, me pareceu muito teatral.

De qualquer forma, acho que vale a pena abalarem-se de casa e irem ver a versão João Botelho da obra-prima de Eça.


domingo, 28 de setembro de 2014

Yes, Yes, PS!



Ideias soltas sobre um grande dia:

Contra tudo e contra todos, o PS continua a ser um, senão mesmo O grande partido.  

Ao acorrerem às 600 e tantas mesas eleitorais do PS, os portugueses mostraram que estão fartos deste "governo" e desta maioria de trapaceiros mentirosos que tem vilipendiado o país. 

Por muito que a oposição queira tentar convencer o povo que o partido está e vai continuar partido ao meio, viu-se que afinal a forma como se organizaram e como correram estas eleições primárias (as primeiras realizadas no país) mostra bem que  o partido está fresco e determinado.

Para além disso, tanto vencedor como vencido comportaram-se da forma mais lisa e digna nas suas intervenções e comportamentos. 

À imagem de outras "fraturas" que aconteceram dentro do partido no passado e de que já poucos se lembram, veremos que a eventual ferida agora aberta sarará com a rapidez de quem tem uma boa carnadura.

Ficou mal a pretensa indiferença do professor da TVI e sua partenaire face ao discurso de demissão do derrotado.

Ficou francamente mal ao Jerónimo - que, por acaso, também de Sousa como a supra citada partenaire - berrar a plenos pulmões que «as eleições no PS são uma farsa». Das duas, uma: ou se trata da proverbial falta de maleabilidade mental do PC ou de estrita dor de cotovelo.

Força, PS!!


sábado, 27 de setembro de 2014

Sabores de outono

Sabores de outono cá da casa:

A habitual tarefa da marmelada...




... e as romãs a tomarem na árvore.







sexta-feira, 26 de setembro de 2014

Modelos de beleza

Para vos desejar um bom fim de semana hoje deixo aqui dois especimes de beleza do "nosso" tempo.







Lembram-se deste filme?

quinta-feira, 25 de setembro de 2014

Arranhador especial

O pessoal lá na Coreia do Norte ama tanto o seu «querido líder» que até produziu um arranhador com o seu lindo e adorado rosto para que até os gatos lhe façam massagens nas costas com as suas unhas bem afiadas.



Não seria de, por cá, (agora que somos um povo cheio de empreendedorismo e de competitividade como dizem os nossos «queridos governantes» quase diariamente) houvesse um qualquer empreendedor competitivo que montasse um negócio de produção e venda de arranhadores com as lindas e adoradas faces dos nossos «queridos líderes» de Belém e de São Bento para que os nossos gatinhos lhes arranhassem as costas? (Também poderiam servir para nós próprios lhes darmos uns bons pontapés em dias de mais stress ...)

Fica a sugestão...

quarta-feira, 24 de setembro de 2014

Netices

O nosso neto mais novo, de três anos bem serenos mas bem sabidinhos, foi com o pai, durante as férias de alunos, à escola onde aquele é professor. Terá andado por lá aos saltos e até chegou a conhecer o director da escola. Estou mesmo a ouvir o meu genro a dizer-lhe: «este senhor é que é o chefe do papá.»


Pois um dia destes telefonei lá para casa e ouvi a voz do pequenino Eduardo algo alterada. «Que está ele para aí a dizer?» perguntei à minha filha. E aí fiquei a saber que o fulaninho estava telefonar do seu telemóvel de plástico para o director da escola do pai dizendo-lhe com grande à-vontade: «Ó E., olha que o meu papá está aqui a portar-se muito mal




Olhem-me só o estilo do ganapo!... Tem a mania que toca guitarra!


terça-feira, 23 de setembro de 2014

Outono

Hoje foi o primeiro dia de outono e, mesmo correndo o risco de me repetir - também a Natureza se repete ano a ano e é sempre bela e renovada - deixo aqui the autumn leaves e les feuilles mortes para poderem apreciar e escolher à vontade.

Versão Yves Montand





E as versões americanas pai e filha...







Lindas, não são?


segunda-feira, 22 de setembro de 2014

A salsicha (educativa) de Passos Coelho

Que aquela espécie de primeiro-ministro que muitos de nós - salvo seja! - fizeram chegar ao governo é um borgesso sem tamanho já (quase) toda a gente sabe tendo em conta o tipo de linguagem que amiúde utiliza e as expressões de baixo nível (género «que se lixem as eleições» e outras) que lhe saem boca fora. 

Hoje, na sessão solene de abertura do ano letivo do Conselho Nacional de Educação, brindou os presentes e o país em geral com mais uma das suas pérolas culturais (que, desculpem-me a sobranceria, decerto lhe vêm do curso na Lusíada) quando teve a seguinte tirada: "Sabemos melhor do que ninguém que aumentar a chamada salsicha educativa não é a mesma coisa que ter um bom resultado educativo. Foi assim que, no passado, a generalização de novos graus de ensino não corresponderam a um salto qualitativo mais exigente no produto escolar. Temos muitos mais alunos a frequentar o ensino básico e secundário, esperamos poder vir a ter significativamente mais alunos a frequentar o ensino superior, mas é importante que o resultado final corresponda a uma melhoria da qualidade do ensino que é prestado."

Não vou demorar-vos aqui e agora a perorar sobre a história de (pobre) educação em Portugal nem sobre a diferença entre quantidade e qualidade em educação e como ao longo dos ainda exíguos 40 anos de democracia tivemos de nos ater à quantidade dadas as nossas baixíssimas taxas de instrução e só depois dos anos 90 é que começámos a ter algumas preocupações de qualidade - tudo coisas de "somenos importância" que o senhor Passos Coelho deveria aprender com pessoas de nível como Roberto Carneiro e outros.

O comentador da notícia ainda lhe deu o benefício da dúvida e refere que o senhor primeiro de baseou num escrito do professor escocês Neil Smith que, por sua vez, se inspirou em Marx. Por mim acho esta explicação profunda de mais para Passos e avanço uma razão mais ao seu nível: a ideia da "salsicha educativa" veio-lhe do tempo em que se movia no campo das Doce e assim e do vídeo da música dos Pink Floyd...

Senão vejam...





domingo, 21 de setembro de 2014

Atenção, homens!!

Cuidado! Muita atenção!!



Boa semana!

sábado, 20 de setembro de 2014

Fascinação

Uma das grandes canções da minha vida!


Qual a «melhor» versão?

Nat King Cole....





... ou a grande Elis?





sexta-feira, 19 de setembro de 2014

Só para mulheres...

Sei que corre aí pelos mails, mas hoje deixo-a aqui.


Um homem sofria de dor de cabeça crónica infernal. Foi ao médico que, depois dos exames de praxe, disse:
- Meu caro, tenho uma boa e uma má notícia. A boa é que posso curá-lo dessa dor de cabeça para sempre.
A má notícia é que para fazer isso eu preciso castrá-lo!
Os seus testículos estão a pressionar a espinha, e essa pressão provoca uma dor de cabeça infernal.
Para aliviar o sofrimento preciso removê-los.

O homem ficou em choque e caiu em depressão.
Passou dias a meditar. Indagava se havia alguma coisa pela qual valesse a pena viver.
Não teve outra escolha a não ser submeter-se à vontade do bisturi.

Quando deixou o hospital, pela primeira vez, depois de 20 anos, já não sentia a dor de cabeça. No entanto, percebeu que uma parte importante de si lhe faltava. Enquanto caminhava pelas ruas notava que era um homem diferente, mas que poderia ter um novo começo. Avistou uma loja de roupas masculinas de grife.

"É disto que eu preciso", disse para si mesmo.
- Quero um fato novo!!!, pediu ao vendedor.
O alfaiate, de idade avançada, deu uma olhadela, e disse:
- Vejamos... é um 44.
O homem riu: - É isso mesmo, como é que o senhor soube?
- Estou no ramo há mais de 60 anos, respondeu o alfaiate.
Experimentou o fato, que lhe caiu muito bem.

Enquanto se admirava no espelho, o alfaiate perguntou:
- Que tal uma camisa nova?
Ele pensou por alguns instantes:
- Claro!
O alfaiate olhou e disse:
- 34 de manga, e 16 de pescoço.
E ele pasmado:
- Mas, é isso mesmo, como pôde adivinhar?
- Estou no ramo há mais de sessenta anos, disse.
Experimentou a camisa e ficou satisfeito.

Enquanto andava pela loja, o alfaiate sugeriu-lhe:
- Que tal uma cueca nova?
- Claro.
O alfaiate olhou seus quadris, e atirou:
- Vejamos... Acho que é 36.

O homem soltou uma gargalhada:
- Desta vez, apanhei-o. Uso o tamanho 34 desde os 18 anos de idade.
O alfaiate sacudiu a cabeça negativamente:
- Você não pode usar 34. O tamanho 34 pressiona os testículos contra a espinha  e essa pressão deve provocar –lhe uma dor de cabeça infernal.


EXPERIÊNCIA É TUDO... (60 anos no ramo).
Negócio de médico é operar.

Consulte seu alfaiate antes de operar.

Entretanto, para o mulherio deixo aqui alguns modelos de cueca de homem algo interessantes. 

A cueca suspensório.


A cueca arejada.


A cueca Super Homem.


Ou mesmo sem cueca....


O que vos parece?

quinta-feira, 18 de setembro de 2014

Pedidos de desculpas

Das tarefas que mais prazer – e trabalho – me davam quando, durante vários anos (alternados) da minha vida profissional, desempenhei a função de presidente da direcção da “minha” escola/agrupamento era receber os alunos no gabinete e tratar com eles os problemas – fossem disciplinares, pessoais, familiares, relacionais ou outros.

Quando apareciam dois ou mais deles, ou delas, que se tinham envolvido em lutas físicas, de palavras ou de comportamentos, e o ofendedor me dizia muito aliviado e descansadinho «já pedi desculpa!» como se a ofensa tivesse deixado de existir, ficava possessa e passava-lhe um “sabonete” daqueles!

Infelizmente não acontece apenas com os alunos, pequenos adolescentes de personalidade e educação pessoal ainda não completamente formadas. Grassa por entre este povo uma cultura de desculpabilização, de desresponsabilização depois dos pedidos de desculpa apresentadas que brada aos céus. Irónica como sou, dizia aos alunos uma daquelas minhas máximas: «Ah, desculpe se o matei!»

Agora essa hipocrisia que precede e esse lavar de mãos que procede o “pedido de desculpas”, chegou ao grupo que se pretenderia mais elevado da nação: o “governo”.

Ontem, depois de mais de duas semanas de verdadeiro caos nos tribunais à conta da irresponsável pseudo reforma judiciária que a senhora ministra da Justiça quis implementar a toda a brida sem sequer ouvir quem sabe e acautelar todo o aparelho nomeadamente o programa informático, a loira senhora veio à televisão declarar: “Não há paragem, nem qualquer caos. Houve transtorno e problemas, e por eles peço desculpa.”

Hoje, foi a vez do patético ministro da Educação – o tal da implosão do ministério – que, depois de negar os erros na colocação dos professores e querer atirar as culpas da duplicação nas colocações para os directores das escolas, veio, em plena Assembleia da República e da forma mais teatral, assumir as culpas do erro matemático – matemático, imagine-se!! – do programa informático e “pedir desculpa aos pais, aos professores e ao país”… Entretanto, e porque, com aquelas falinhas mansas, ele de simples nada tem, foi chamando a atenção de todos e foi-se gabando de que era a primeira vez na História que um ministro chegava ao Parlamento, assumia a responsabilidade de um erro e disso pedia desculpas ao país. Ridículo!!

Tal como dizia aos miúdos lá na “minha” escola, desde que se peça desculpa, o erro, a ofensa, a agressão deixam de existir, não? «Desculpe se o matei!»


Em qualquer país de forte senso de cidadania implantado, qualquer destes ministros (ou espécie de ministros) teria de imediato pedido a demissão do cargo. Aqui em Portugal  porém, pedem desculpa, aceitam as demissões dos directores-gerias ou dos chefes de gabinete e continuam no seu lugarzinho – que tantos lhes custou a granjear – para, numa próxima oportunidade voltarem a «prevaricar» e voltarem a …  pedir desculpas…




quarta-feira, 17 de setembro de 2014

Este é o Estado a que chegámos

« (…) Menos Estado e melhor Estado foi a divisa de quem nunca soube o que era uma junta de freguesia e passou a assinar como primeiro-ministro; de quem passou de gestor de uma empresa de formação de técnicos de aeródromos e heliportos, em que nenhum formando obteve certificação, para a aparente chefia do Governo; do ressaibo de quem não digeriu a autodeterminação das colónias e a queda da ditadura, para líder de um partido fundado por democratas e confiscado por suspeitos que o empurraram para as funções.

O Estado, exonerado de estadistas e de servidores públicos, ficou entregue a paquetes de ex-dignitários que têm passado pelos negócios e traficâncias em absoluta impunidade. O País está em estado comatoso. A ética evaporou-se. A competência entrou de greve e a dedicação à causa pública foi de férias.

O ensino, onde as aulas, durante anos, começaram com assinalável precisão, com todos os docentes colocados no primeiro dia, está em estado ruinoso; as finanças conseguiram passar de um défice de 90% para 134%, e alcançaram o estado de saturação fiscal; as Forças Armadas dirigem-se para o estado de inoperacionalidade; a saúde vai a caminho do estado caritativo; a segurança social, tal como o País, ameaça o estado de falência; a justiça está em estado de Citius e o Governo a caminho do Estado Novo.»


Carlos Esperança, in facebook




terça-feira, 16 de setembro de 2014

Há que rir!

Digam sinceramente, na vossa opinião, qual das imagens vos parece que melhor corresponde à realidade?

Amor de jotas
Voando sobre um ninho de laranjas

segunda-feira, 15 de setembro de 2014

(In)Justiça(s)

(imagem retirada da net)

Os tribunais consideraram que o Estado foi altamente prejudicado por dois antigos ministros de governos do PS e por isso foram exemplarmente castigados e sentenciados pela “Justiça”. Um por tráfico de influências (terá recebido 25 mil euros de não sei quem) e a outra por prevaricação (contratou um advogado do seu partido para fazer um determinado trabalho muito necessário e útil para o Ministério e que, por acaso, ainda está a ser utilizado). 

Pode até haver razões (que eu sou apenas professora e não jurista)

Nos casos de sobreiros, dos submarinos, dos terrenos de Oeiras para erigir um novo hospital de oncologia, nas trafulhices do BPN, banco da família PSD, e nas atuais insondáveis roubalheiras do BES ou GES ou seja o que for, os atropelos do Citius, as criteriosas escolhas dos badamecos dos assessores do actual “governo”, das vendas e desvendas por eles perpetradas que vão retalhando e alienando o país, aí o Estado não está a ser prejudicado!

Vem-me à cabeça aquela frase desconcertantemente sábia de Bertolt Brecht: "Muitos juízes são absolutamente incorruptíveis; ninguém consegue induzi-los a fazer justiça."

E mais não digo!

domingo, 14 de setembro de 2014

António Mega Ferreira


Fui ouvi-lo ontem ao fim da tarde à Biblioteca Municipal aonde se deslocou para fazer a apresentação do seu último livro «Viagem pela Literatura Europeia» que decorre de uma série de palestras que El Corte Inglês o convidou a fazer no passado inverno. (Já vai fazer a terceira série de palestras…)

Essa viagem é feita a partir de dez (porque, explicou, tudo para ele tem a ver com o número dez) obras de referência da literatura europeia e por si escolhidas. A primeira jornada e a da Odisseia, aurora da civilização e a última é a do Livro do Desassossego, o grande poema de Lisboa, no seu entender, passando pelo D. Quixote, o Werther de Goethe, as Ligações Perigosas de Laclos, século XVIII, Ilusões Perdidas de Balzac, Guerra e Paz, naturalmente, A Ilha do Tesouro, Em busca do tempo perdido, Proust, claro, e A Montanha Mágica, a maravilha de Thomas Mann.

A escolha recaiu sobre estas narrativas – Mega Ferreira escolheu a narrativa, deixando de fora a poesia e o teatro – mas poderia ter recaído sobre outras. Lamentou não ter incluído A Divina Comédia, mas não teve condições para a reler atentamente e estudar profundamente para isso, como lamentou não ter incluído Shakespeare – The Tempest – mas, disse, para estudar Shakespeare precisa-se de anos de estudo…

Conhecia, como conhecemos muitos de nós, o seu mirabolante percurso de vida com todas as coisas que foi e que já fez. Conhecia alguns dos seus livros de ensaios, romances, antologias, estudo sobre Pessoa, o seu gosto pelo erotismo na literatura, etc. mas nunca o tinha ouvido ao vivo. Um espanto!

De facto, o meu conhecimento de Mega Ferreira remonta ao nosso tempo de Faculdade. Posso dizer, como aliás lhe disse ontem, que éramos companheiros de comboio. Apanhávamos o comboio das 7.04 para Lisboa para podermos estar na Faculdade, eu em Letras e ele em Direito, a tempo das aulas das nove. Eu apanhava o comboio em Sintra e sentava-me sempre no compartimento do fundo para poder ler e estudar sossegada e ele entrava no Algueirão e sentava-se na minha frente, sempre muito sério, muito contido – como éramos quase todos naquele tempo dos idos de 60 – e lia e estudava também. Nunca trocámos uma palavra, mas eu conhecia alguns segredos do seu coração… Foi também mais por isso que eu teimei em ir vê-lo ontem.

Mas o homem – como eu, aliás, com as devidas distâncias, naturalmente – nada tem a ver com o que era nesses tempos de juventude. Falou todo o tempo com uma jovialidade, um à vontade e um conhecimento das coisas da literatura que foi de uma pessoa sair de queixo caído! É uma daquelas pessoas que parece que leu os livros todos e conhece alguns de que quase ninguém ouviu falar – passe o exagero… e depois com uma facilidade comunicativa extraordinária da forma mais simples que é a grande qualidade dos grandes sabedores.

Das muitas coisas que disse e que gostei de ouvir, vou deixar aqui apenas algumas frases soltas: 

«Sou um humanista: gosto da Natureza descrita pelo poeta [e aqui, naturalmente, referiu Alberto Caeiro] pelo romancista, pelo pintor, pelo músico…»

«Desejo e prazer é a minha relação com a leitura

«A leitura literária é uma leitura de fôlego e não de corrida.»

«Não vale a pena obrigar os miúdos a ler – isso pode ter o efeito contrário. Se eles tiverem de gostar de ler, a seu tempo isso acontecerá. Ler, como muitas outras coisas na vida, é uma inclinação. Não vale a pena forçar

«Fiz o liceu no Pedro Nunes, um liceu de referência. Quando entrei, em 1959, havia em Portugal 14 mil alunos inscritos nos liceus. Em 40 anos conseguimos chegar aos 170 mil! Claro que o nível teve de baixar. Mas se me perguntarem se eu prefiro o tempo em que andei no liceu ou o actual, claro que prefiro o actual!»

E muitas, muitas outras coisas deliciosas que pode ser que transcreva para aqui noutra oportunidade….


sábado, 13 de setembro de 2014

Au revoir

Gosto muito de música. Ligeira. Se bem que também me encante muito com Mozart, Schubert, Liszt, Tchaikovsky, Chopin, Brahms, Strauss, Verdi, etc. e tal. Habituei-me com o meu pai, que andava sempre sempre a assobiar pela casa e com os bons tempos da rádio dos meados do maravilhoso século passado. 

O meu pai, autodidata em tudo, sei que teve grafonola e uma enorme coleção de discos de 78 rotações - de que se desfez antes de eu nascer, nunca quis dizer-me porquê - daí que conhecesse muito bem a música francesa, americana e sul americana dos ricos anos 40/50.

Os meus pais tinham o rádio sempre aceso - não havia televisão - e, desde cedo, houve gira-discos lá em casa. 

Como gosto de ouvir música - as minhas músicas - sozinha e com o som muito alto pelo que nem sempre consigo ter esse prazer. Por isso habituei-me a trautear, nem que seja em surdina, as minhas canções, aquelas muitas que tenho de cor no meu coração e que, muitas vezes me saltam à cabeça sem que nada faça para isso. (Pronto! Não precisam de fazer essa cara! Não sou completamente louca... só um bocadinho...)

Uma manhã destas de verão quase outono com chuva e vento, assomou-se-me à memória uma linda canção de fim de verão e de fim de amores - sempre fui extremamente sensível ao fim dos verão e então ao fim dos amores nem vale a pena falar! - mais exatamente a canção «Au Revoir» do Gilbert Bécaud.

Uma vez mais a "rapaziada" da minha idade deve lembrar-se bem dela e eu vou deixá-la aqui, com letra e tudo para tornar a coisa mais real e mais romântica.

Espero que gostem de a (re)ouvir.





Adieu l'ami
Faut se quitter
Car tout s'arrête
Avec l'été 
L'AMI
Les feuilles sont tombées
Sur les routes gelées 
L'AMI

Quand on courait
Sur les chemins
Pavés de fête
Mouillés de vin 
L'AMI
Nos chansons nous disaient
Que cela durerait la vie

Au revoir, au revoir
Qui sait jamais tout peut recommencer
Au revoir, au revoir
Il faut croire en l'été 
L'AMI

L'harmonica chante sans nous
Il chante encore
Nos quat'cents coups 
L'AMI
Si un jour il se tait
C'est qu'on aura changé 
L'AMI

sexta-feira, 12 de setembro de 2014

Humor britânico


Esta foi-me enviada por uma colega de Inglês do tempo da Faculdade e é um estilo de humor mesmo British...


«Um enorme sismo da magnitude 8.1 na escala de Richter assola o Médio Oriente.

Morreram mais de dois milhões de muçulmanos e há mais de um milhão de feridos. 

O Iraque, o Irão e a Síria estão totalmente destruídos e os respetivos governos não sabem por onde hão de começar a lidar com a tragédia e a pensar na reconstrução.

O resto do mundo está em choque!

Os Estados Unidos estão a enviar tropas para ajudar a manter a paz.

A Arábia Saudita está a enviar petróleo.

Os países da América Latina estão a enviar roupas.

A Nova Zelândia e a Austrália estão a enviar carneiros, gado e cereais.

Os países asiáticos estão a enviar braços para ajudar na reconstrução das infra-estruturas.

O Canadá está a enviar equipas médicas e mantimentos.

A GRÃ-BRETANHA , para não ser ultrapassada, vai enviar dois milhões de muçulmanos para reposição.

Que Deus abençoe a Grã-Bretanha!!...

...................................


NOTÍCIA DE ÚLTIMA HORA: Israel está a Mossad para se assegurar de que eles morreram mesmo!!



quinta-feira, 11 de setembro de 2014

Vindima

As cores de Outono num prato de uvas.




quarta-feira, 10 de setembro de 2014

Praxes II

Quando o leitor não entende o ponto de um texto é porque o autor não foi suficientemente explícito… E foi o que aconteceu com o meu texto de ontem. Por isso volto ao tema: poderia responder directamente aos vossos comentários na entrada de ontem mas, a avaliar por mim, não estou certa de que tenham o tempo ou a pachorra para aqui voltarem para lerem possíveis respostas a comentários. E desde já peço desculpas primeiro por me ter deixado toldar pela ironia e ter-vos induzido em erro; depois por, de alguma forma, poder ir contra o que expressaram nos vossos comentários.

A querida Majo – que, pelos vistos, também frequentou tal como eu o Liceu Maria Amália e isso ela não chegou a ler numa resposta minha a um comentário seu… - ainda referiu a ironia que perpassa o texto, mas parece-me que não a captou em toda a sua dimensão. A questão é que eu, ao contrário do que os meus amigos comentaram, acho ridícula esta campanha da Secretaria de Estado do MEC para avisar os “meninos” que não são obrigados a serem praxados. Por isso pus como alvo o meu neto de três anos…

Eu passo a explicar: não sou propriamente contra as praxes universitárias embora as ache ridículas e sem sentido. Atualmente não passam de atos selváticos que, muitas vezes, servem apenas de antecâmara de enormes bebedeiras de álcool e de outras substâncias mais fortes. Sou definitivamente contra o facto de podermos pensar que pessoas com 18 anos, maiores de idade, pessoas que já têm idade para que lhes sejam assacadas responsabilidades pessoais e civis, precisem que os avisem – tal qual meninos de três anos – que não são obrigados a ser praxados e que podem apresentar queixa de quem os agrida…

Por amor de Deus!! Com 18 anos quem me haveria de obrigar a sair para as ruas aos berros com um penico na mão ou na cabeça com um fulano ou uma fulana qualquer a mandar-me rebolar pelo chão ou a simular um qualquer gesto ou comportamento sexual! Isso é que era bom!! Os “meninos” dessa idade são tão independentes, tão prafrentex, sabem tanto acerca de tudo, acham que os pais, os professores e os adultos em geral são DÂ!!! E depois precisam que os avisem contra o Lobo Mau?!


Não, meus amigos, não posso aceitar!



terça-feira, 9 de setembro de 2014

Praxes

Hoje estou particularmente feliz. E aliviada. O meu neto mais pequeno deixou a creche e vai entrar no Jardim-de infância público – a escola dos grandes como ele diz.

Ora o meu grande alívio vem do facto de ter ficado a saber que o ministério da Educação lançou hoje uma campanha contra as praxes violentas e abusivas que visa alertar os alunos para o facto de a praxe ser totalmente voluntária e que vai distribuir folhetos a dizer “Não és obrigado a ser praxado!” e “Diz não às praxes agressivas e violentas!” e até criou um e-mail para se poderem denunciar atos violentos e coercivos.

É que uma criança de três anos não é um aluno do ensino superior! Não sabe como defender-se dos “praxadores” nem tem a autonomia, o discernimento ou a sagacidade para perceber dentro da sua cabecinha virgem que de facto não tem de se submeter a esses atos sem qualquer sentido.

E eu, que sou tão crítica da atuação deste ministério, com esta prova de profunda preocupação e cuidado com os nossos mais pequenos, não posso senão congratular-me com esta extraordinária iniciativa!




segunda-feira, 8 de setembro de 2014

Acasos

Por um acaso que teve a ver com a vida profissional do meu pai, vim aí por 56/57 acabar de fazer a 1ª classe aqui à escola de Vieira de Leiria onde fiz também a 2ª classe e iniciei a 3ª tendo depois, por questões de saúde, regressado a Algés, a minha terra natal.

(Vista da minha escola na Vieira, entretanto já deitada abaixo)

Tive como professora uma senhora chamada Helena, mais ou menos da idade dos meus pais, de olhos míopes, que usava óculos e, por acaso, morava numa casa geminada com aquela em que nós vivíamos.

A nossa vida aqui por esta região terminou algo precipitadamente em finais de 57, não se tendo mais pensado na Vieira.

Até que... (e isso é já do conhecimento de todos) aí pelos inícios de 70 casei – por acaso – com um leiriense que acabou por me arrastar para aqui vir viver.


(Vista de Leiria)

Um dia, ainda na velha D. Dinis, uma aluna disse-me casualmente que a mãe dela me conhecia, que tinha sido minha professora na Vieira.


(A velha D. Dinis)

As voltas que o mundo dá!!

Acabei por ser também professora do filho mais novo da senhora dona Helena e fui vendo a senhora pela cidade, embora os anos tenham passado e a tenha perdido de vista.

Hoje, uma vez mais por acaso, recebi um pedido de amizade no facebook. Da senhora dona Helena quase com 86 anos e «vivinha da costa» a pedir-me amizade pelo computador…

A vida é mesmo uma sucessão de acasos, não vos parece?


domingo, 7 de setembro de 2014

O Processo

Não, não vou falar de Kafka, mas tão-somente do do processo kafkiano que é a justiça à portuguesa. A propósito do desfecho do processo chamado de Face Oculta.

Entendi não me meter nisso. O facebook está pejado de opiniões críticas às decisões do juízes de Aveiro e até o meu querido Ferreira Fernandes tratou do assunto no seu jeito tão peculiar. 

Não resisto, porém, a transcrever para aqui o texto que o blogger Dieter Dellinger deixou no facebook, bem como parte de outro que retirei do seu blog.

Diz assim:

«O maior assassino conhecido em Portugal, o Vitor Jorge que matou na Praia do Osso da Baleia sete pessoas em Março de 1987, incluindo a mulher e a filha, foi condenado pelo juiz Gregório Simões a 20 anos de cadeia e saiu ao fim de 14 anos.

Haverá alguma comparação entre assassinar a mulher, a filha, o namorado desta e mais 4 amigos e um pequeno caso de eventual corrupção com oferta de uns robalos e até uns dinheiros que não foram provados, pois os robalos foram vistos por testemunhos, os 25 ou 50 mil euros dados ao Penedos e ao Varas ninguém viu.

O assassinato de sete pessoas deu dois anos por cada uma, sem esquecer a barbaridade de matar a própria filha e a mulher, o que já não é tão invulgar em Portugal devido à forma mole e atenuada com que são condenados os criminosos domésticos.

Um homem que não matou ninguém leva 17 anos porque os juízes querem vingar-se de duas coisas; do PS que lhes tirou os três meses de férias, deixando-os apenas com um mês como toda a gente e do fato de terem estado a escutar o Sócrates durante mais de um ano e o Noronha do Nascimento, presidente do STJ, ter mandado destruir as escutas porque o processo era de sucatas e Sócrates não falou desse assunto tão baixo com o seu amigo Varas.

Sócrates perguntou ao então administrador bancário Varas quem eram os donos da TVI e quem financiava a estação para o atacar tão vilmente. Pergunta que o Supremo Tribunal de Justiça achou normal e isenta de qualquer criminalidade, quando os juízes na sua fúria neurótica queriam fazer da pergunta um "atentado ao estado de direito". De resto, o termo “face oculta” pretendia dar a entender criminosamente por parte dos procuradores que a tal “face oculta” era a de Sócrates. Por vezes a Justiça em Portugal perde a cabeça e torna-se mesmo criminosa.

A Justiça só pode agir por atos e não por perguntas. De resto, as informações comerciais sobre qualquer empresa relatam isso. Saliente-se que o assassino libertado pela justiça portuguesa, Vitor Jorge, conhecido na prisão pelo "mata sete", vive atualmente em Nice e já ameaçou de morte uma sobrinha que vive em Paris e que, segundo um jornal, mudou de casa por isso. As autoridades portuguesas não comunicaram à Polícia Francesa a presença de pessoa tão perigosa porque acharam bem que fosse assassinar mais pessoas em França. O homem anda tresloucado e já tentou suicidar-se várias vezes e pode muito bem voltar ao seu desejo íntimo de matar pessoas em série.

Este texto foi cortado da minha página e de outras em que estava inserido. Juízes ou procuradores fazem censurar; pretendem ser a nova PIDE.»


No seu blog, escreveu:

Escutas Ilegais no Processo Face Oculta

Gostei de ouvir Sócrates salientar dois aspetos do Processo Face Oculta. Primeiro, foi escutado inicialmente de uma forma acidental porque era o Armando Varas a ser escutado e depois continuou a ser escutado durante meses pela PJ e Procuradores de Aveiro sem pedido prévio ao presidente do Supremo Tribunal de Justiça como manda a lei da República Portuguesa, a quem todos devem obediência; segundo, o presidente do STJ mandou destruir as escutas e quatro anos depois, estas mantêm-se intactas e fizeram parte da sentença escrita, neste aspeto ilegalmente, pelos juízes de Aveiro.

Nas escutas nada havia sobre negócios de sucata, pelo que é manifesto o crime praticado pelos juízes de não pedirem licença ao presidente do STJ e não obedecerem à ordem de destruição das escutas. Sócrates chamou-lhes indiretamente e muito bem de pistoleiros que eu considero com objetivos de massacre político. Os juízes de Aveiro quiseram e ainda querem "degolar" politicamente Sócrates com as tais escutas porque não lhe perdoam ter-lhes tirado os três meses de férias.

(…)

Recordo que a PJ e os procuradores chegaram a acusar Godinho de ter oferecido viaturas Mercedes de topo de Gama a Penedos e outros para se verificar depois que a Mercedes não vendeu nenhuma viatura dessas a Godinho ou aos seus colaboradores e Penedos e outros nunca tiveram esses carros em seu nome ou de familiares. O agente da PJ entrevistado hoje não conseguiu provar de onde vieram os tais Mercedes que ele disse terem sido oferecidos a Penedos e quem terá ficado com os mesmos, apesar de ter investigado todos os concessionários da marca.»

Por mim ainda me dá vontade de acrescentar o seguinte: 

Será que os juízes vão ter de igual modo mão pesada para os processos BPN e BES, ou vão concluir que não há provas suficientemente incriminatórias para penalizar os réus (quais?!) ou até, quiçá, deixá-los prescrever?

Deveriam atribui-los aos juízes de Aveiro que, ao contrário do ovos, de moles nada têm!