quinta-feira, 26 de fevereiro de 2015

Money, that's what I want!

Lembram-se bem desta canção, não? Lembrei-me dela a propósito das trapalhices que estão a acontecer na Europa com um governo autoritário de um país que ainda há 70 anos tinha perdido uma guerra e estava a receber benesses dos vencedores e que agora, quiçá por vingança ou coisa pior que nem me atrevo a verbalizar, exige dinheiro pelo dinheiro a alguns desses países beneméritos de há apenas 70 anos... Money, that's what I want - dizem eles.

Para mim não há dúvidas: a versão minha preferida é mesmo a original, a dos Beatles. 

E a vossa?









quarta-feira, 25 de fevereiro de 2015

Menos chumbos? E voltamos ao «eduquês»?

David Justino, ex-ministro da Educação do governo Barroso e atual presidente do Conselho Nacional de Educação, escolhido para desempenhar esse cargo por este “governo” em 2013, descobriu a pólvora! Veio agora denunciar o número excessivo de reprovações em Portugal e diz que quer os partidos a debater a questão.

Quer os partidos a debater a questão?! Mas está a brincar connosco? Foram porventura os partidos que puseram as escolas no estado em que estão e que decretaram este exagero de exames? Ou foi mesmo o ministro da educação chamado ao poder pelo seu partido que assim determinou? E não venham agora o dr David Justino e os elementos do CNE ou o seu partido ou os senhores professores alegar que não sabiam que as coisas na Educação iam evoluir como evoluíram. O dr (C)rato tinha já estas ideias involutivas, de retrocesso da Escola Pública e de regresso à elitização da educação tendo-as escrito e publicado no funesto livrito «O ‘Eduquês’ em Discurso Directo» em 2006. Não leram? Eu li – lá dizia tudo!


A ideologia ali inscrita e descrita (mal, diga-se de passagem) adicionada ao propalado princípio gestionário do «fazer mais com menos» agarrado com ambas as mãos por este “governo” dele fazendo lema deu nisto.

(in DN de ontem)
Fácil ver que desde que a tónica da avaliação foi posta nos exames que as taxas de retenção aumentaram desta maneira. E desengane-se o senhor ministro (C)rato se acredita que os alunos ficam mais bem preparados, mais bem formados, mais educados, mais cultos só por serem sujeitos aos exames. Os exames vieram, por um lado, criar problemas às escolas porque montar o serviço de exames é um enorme quebra-cabeças, uma enorme perda de tempo, de energias e de recursos. Por outro lado, bem mais penalizador, veio retirar tempo e calma à normal evolução das aulas e da aprendizagem porque professores e alunos (e pais) vivem pressionados pela ideia e pela violência dos exames. Não há a preocupação de os alunos apre(e)nderem e interiorizarem a matéria – há a preocupação de treiná-los para as respostas que as provas de exame exigem. Treinar, treinar, treinar mecanicamente nem que seja!

Depois há as ditas provas que são verdadeiras armadilhas. Tomemos como exemplo o exame de Português do 9º ano. Em hora e meia os miúdos, de 14 anos, tem de ler três textos: um texto informativo com cerca de 40 linhas sobre o qual lhes são apresentadas seis ou sete frases que têm de ordenar de acordo com o dito texto e mais cinco ou seis questões de escolha múltipla com quatro hipóteses cada uma todas elas muito parecidas para eles escorregarem bem; o segundo texto literário (Lusíadas, ou Auto da Barca do Inferno, ou um conto, ou um poema) sobre o qual devem responder a cinco perguntas de compreensão/interpretação; um terceiro texto (Lusíadas ou Auto da Barca) introduz o pedido de escrita de um texto expositivo de cerca de 100 palavras (que tem de ir contando) sobre um tema da matéria; depois vem a parte da gramática com mais seis ou sete questões com alíneas; e por fim é-lhes dado um tema geral sobre o qual devem discorrer entre 180 a 240 palavras. Em 90 minutos!! Treze páginas de exame, com linhas e linhas de ordens e orientações que os miúdos nem conseguem ler e interpretar em 90 minutos! Garanto-vos que eu não conseguiria terminá-lo e, se terminasse, imagino que nota teria!

Fui aluna naquele tempo – que é preciso esquecer e que o senhor Barroso disse que era bom – em que tínhamos exames desde a 3ª classe e a todas as disciplinas, mas posso dizer que as provas eram bem mais sérias e honestas e sem armadilhas ou rasteiras e em que os professores correctores ( e eu sei porque também o fui) não estavam absolutamente espartilhados por folhas e folhas de critérios castradores e absurdos que só levam a que as respostas – e portanto as notas – sejam cortadas.

Assim, dr David Justino, os chumbos não vão baixar tão cedo!

terça-feira, 24 de fevereiro de 2015

Neva em Boston




Acabo de falar com um amigo que mora em Boston que me disse que neva há dois dias sem parar, com temperaturas negativas de 16º e rajadas de vento de 120 km por hora.

Estão totalmente isolados e a sua sogra não faz outra coisa se não​ olhar pela janela da cozinha.

Disse-me que o grave é que, a continuar esta situação, não vai ter outra alternativa​ senão deixá-la entrar em casa. 


segunda-feira, 23 de fevereiro de 2015

Partiu há 28 anos





Tinha uma voz de veludo e uma forma deliciosa de fazer oposição. Um homem das canções de intervenção, dizendo as verdades a cantar.

Deixo aqui outro registo mais leve e brincalhão, mas não menos contundente: As Quatro Quadras Soltas do Sérgio Godinho ainda com a participação de José Afonso, Adriano Correia de Oliveira e Fausto. 

Oiçam, que é um mimo!


  



As quadras:

[Adriano:]
O i o ai, há já menos quem se encolha
o i o ai, muita gente fala e canta
o i o ai, já se vai soltando a rolha
que nos tapava a garganta.

[e é o próprio sôr Zeca Afonso que vai cantar aqui]
O i o ai, disse-me um dia um careca
o i o ai, quando uma cobra tem sede
o i o ai, corta-lhe logo a cabeça
encosta-a bem à parede

[Fausto:]
O i o, Quando se embebeda o pobre
o i o ai, dizem olha o borrachão
o i o ai, quando se emborracha o rico
acham graça ao figurão

[Sérgio:]
O i o ai, nós queremos é justiça
o i o ai, e dinheiro para o bife
o i o ai e não esta coboiada
em que é tudo do sherife


Vejam se não são tão atuais...

domingo, 22 de fevereiro de 2015

Já não dão sacos...


A minha Nikita é que não cai nessa... Para não se esquecer dos sacos, ela até se mete lá dentro...





Tenham uma boa semana!

sábado, 21 de fevereiro de 2015

Folclore(s)? Não, obrigada!



(O Rancho Tá-Mar da Nazaré, em 1977)

Não sou muita dada ao folclore (apesar de ter aprendido a dançar a Vareira de Barcelos, o Vira da Nazaré e alguns passos do Fandango) e muito menos a folclores!

Mas, infelizmente, este “nosso povo” é! Dado a folclores, digo eu. Desde que haja quem toque, este “nosso povo” dança. E diverte-se. E depois fica-se por aí. Atrevo-me a dizer que nos falta a ”guelra”. «Guts»!«Balls»! (em estrangeiro soa menos agressivo…)

Veja-se o exemplo das manifestações. Convocam-se as manifestações: o pessoal acorre com mais ou menos empenho; o pessoal mune-se de uns cartazes bem divertidos, canta, grita umas frases ensaiadas contra o “governo”; depois dispersa e no dia seguinte, tudo continua exactamente na mesma. Lembram-se da manifestação de 15 de Setembro de 2012? Aquilo é que foi! Passeámos pelas avenidas, gritámos, cantámos, empunhámos os nossos cartazes cada um mais divertido do que o outro, e depois… nada! Até as manifestações dos polícias, que chegaram até à porta da Assembleia… nada!

Dizem uns amigos especiais que eu tenho quando os questiono, que não se pode fazer como fez o Buíça, ou o Miguel Vasconcelos ou até o Otelo, porque estamos em democracia… Estamos, ou gostamos de pensar que estamos? O Hitler também foi eleito e deu no que deu…
Outra espécie de folclore são as visitas que os amigos do ex primeiro-ministro – encarcerado e amordaçado à força há três meses sem que nada de concreto se saiba – têm feito a Évora. Que vão lá na qualidade de amigos, muito “politicamente corretos”, muitos “punhos de renda”, etc. e tal, mas tomarem uma atitude colectiva de solidariedade, de força, de cidadania até – não! Há que deixar as instituições funcionarem…  How convenient!!

Ora tudo isto para chegar à questão local.

Aquela escola que eu chamei de minha durante 37 anos da minha vida abriu portas em novas instalações nos idos de 82 e, como era B2,3, não foi incluída no programa de reabilitação das escolas que o malevolamente gastador governo anterior lançou para renovar as escolas secundárias. Como se pode imaginar, está muito necessitada de obras de recuperação que o (também folclórico) diretor que me ganhou o lugar (também de forma muito folclórica, diga-se) prometeu que viriam assim que ele ascendesse à direção por meio de fotografias emblemáticas que ele enviaria à defunta DREC. As fotografias foram e voltaram a ir, mas obras não vieram… Agora o pavilhão gimnodesportivo está em colapso e já nem permite que as aulas lá funcionem. O homem das fotografias emblemáticas já lá não está, permanecendo os seus apaniguado, embora, que certamente têm enviado mais fotografias. Mas as obras nada de virem! Então, esta semana, os pais resolveram fechar a escola a cadeado para forçar as coisas. Bem! – pensei eu, até porque as direções atualmente, por muito que o (C)rato diga que têm mais autonomia, não têm é nenhuma – que autonomia aconteceu mas foi no tempo do Ministro Roberto Carneiro! Porém… folclore, uma vez mais! Os pais fecharam a escola entre as 8.00 e as 8.40 da manhã e depois abriram-na e pronto! Que enorme pressão!!


Assim não vamos lá! Em nenhuma das situações. Digo eu.

sexta-feira, 20 de fevereiro de 2015

Encontrem as diferenças

... ou as semelhanças...






(mesmo que o nosso amigo Rogerito diga que "pô-los" aqui é dar-lhes visibilidade, mas eu não aguento... é mau de mais para calar... Até mete nojo!)



quinta-feira, 19 de fevereiro de 2015

Rabos...



Porém...

(Por trás de cada grande mulher...
há um homem a olhar para o seu rabo...)

quarta-feira, 18 de fevereiro de 2015

Da simplicidade

Tenho para mim, desde sempre, que a simplicidade – assim como a humildade – é um estado que só alguns alcançam. Do alto de toda a sua sabedoria, Da Vinci dizia que «a simplicidade é o último grau da sofisticação».

Encantam-me pessoas como a escritora espanhola Rosa Montero que afirma que «A escrita, para mim, não serve para demonstrar o que quer que seja, mas sim para a prender. Se não acrescentar algo ao meu conhecimento é porque não escrevi bem.»

Também Luísa Dacosta, escritora, professora, pedagoga, que teve 20 valores no antigo Exame de Estado, exame que tinha de se fazer no final do estágio para se poder entrar na carreira de professor (o único exame que o ministro (C)rato ainda não fez renascer…) quando um estagiário de grande nível tinha 16, 17 no máximo, dizia: «Tive crianças que passaram por dificuldades extraordinárias, mas a determinada altura vi que era capaz de escrever para eles. Ajudaram-me a escrever. Incluí no meu vocabulário algumas palavras criadas pelos alunos.»

A lembrá-la e a homenageá-la na sua recente partida deste mundo, Guilherme de Oliveira Martins escreve: «Para si o diálogo com os alunos era fundamental. Quantas vezes saía da sala de aula, dizia que era ela quem mais tinha aprendido.»

(Salvas as devidas distâncias e longe de tentar qualquer tipo de comparação com senhoras do nível destas que atrás referi, recordei uma situação desconfortável por que passei há muitos, muitos anos, no início da minha carreira: no primeiro ano em que fui orientadora de estágio para professores, nos idos de 78/79, ganhei uma bolsa da Gulbenkian de um mês na Universidade de Chichester, em Inglaterra. Éramos 20 portugueses entre orientadores de estágio e estagiários recém-formados e uma dessas colegas perguntou-me se eu gostava de ser orientadora; eu, que sempre gostei do fiz na escola, respondi que sim especialmente por causa do que aprendia com as estagiárias. Grandes gargalhadas deu a colega – que até era mais velha do que eu – dizendo, divertida: «Aprendes? Mas tu é que tens de ensinar…»)

A simplicidade de uma pessoa como era Luísa Dacosta está por de mais patente na espécie de texto autobiográfico de despedida que o Expresso publicou no dia da sua passagem. Para quem ainda não leu, fica aqui um “cheirinho” desse belo texto que poderá ser lido na íntegra aqui.


«Lamento sair desta vida bastante desiludida. Por exemplo, em relação à alegria com que festejei o fim da II Guerra, a pensar que nunca mais havia guerras, e que vinha aí a solidariedade, a democracia e a liberdade para todos. Mas não. Estamos num mundo criminoso em que 70 por cento da população mundial não tem acesso à água, à comida, à saúde, à educação. Sobretudo, incomoda-me partir com a certeza de que a parte mais esmagada deste mundo é a mulher. Isso dói-me. A pessoa sai daqui a pensar que certas coisas pelas quais lutou já nunca mais aconteceriam, e afinal pioram. Nunca pensei que as mulheres se fizessem a elas próprias bombas. É preciso um desespero terrível e já não acreditar em mais nada, para se fazer uma coisa dessas. Isto significa que criámos um mundo que é imoral. Há uns que julgam que já viram tudo, que já sabem tudo, que já têm tudo, e há outros que andam a esgravatar, a ver se encontram umas sementes na terra. É uma coisa atroz. Nunca fui optimista, mas tão pessimista como agora, também não. (…)

Agora começo a ter a noção de que possivelmente o tempo está a acabar. Preocupa-me, na medida em que às vezes me perguntam se quero cair para o lado, porque ainda continuo a ir dar umas aulas, como fui recentemente aos Açores, onde apanhei uma pneumonia. Eu respondo que é exactamente isso que quero: cair para o lado. Há só uma coisa que me apavora no fim: o tempo de desgaste que as pessoas às vezes têm numa cama. Ainda vivo sozinha, ainda faço as minhas compras, ainda faço a minha comida. Faço uma vida bastante normal. Não desejo a dependência. Custa-me mais aceitar a degradação do que a morte. A dependência é uma coisa terrível. A minha mãe era uma pessoa de grande vontade. Partiu as duas pernas, foi operada e nos últimos tempos ficou acamada. Lembro-me que quando eu a lavava, ela chorava. Devia ser uma coisa terrível. Para uma pessoa independente como eu, isso é uma humilhação que me aterra. (…)

Não me vejo reformada. Fui dar uma aula à Faculdade de Psicologia, em Lisboa, e disseram-me para voltar no próximo ano. Eu respondi que, se estiver viva, lá estarei. Depois alguém me disse que eles sabiam o que é que iam lá buscar, mas e eu? O que é que ia lá buscar? Respondi que também sabia o que é que ia lá buscar. Vou buscar bafo humano, que é a única forma de sobrevivermos.

Tive dias terríveis na minha vida. Enterrei uma filha no dia de Natal. Não resistiu ao cancro a que eu resisti. As coisas mais gratificantes que tive na vida vieram dos afectos. Por exemplo, cartas que tive dos alunos. A afectividade toca-me bastante. A primeira aula que dei a seguir a ter estado internada foi um dos momentos mais emocionantes da minha vida.

A vida ensinou-me que não podemos viver sozinhos. Ensinou-me que não podemos viver sem o bafo humano e que devemos fazer tudo para lutar por isso.»




segunda-feira, 16 de fevereiro de 2015

Não dão sacos?!



Que tal acham a solução?

domingo, 15 de fevereiro de 2015

Tico-tico no Fubá

Carnaval é Brasil. É samba. É chorinho... É Tico-Tico...

São todas boas interpretações: se tiverem tempo e gosto, digam de qual gostam mais.











Toca a divertir!!
Bom Carnaval!

sábado, 14 de fevereiro de 2015

Dia dos namorados

No Dia dos Namorados, namorados para todos os gostos!

Vamos lá ver quais são os vossos gostos!

  • Os românticos do início do século?






  • Os folclóricos?


                                  


  • Os ingénuos?


       


  • Os tipo anos 50?





  • Ou os mais "50 sombras"?.....





Vamos lá tomar posições e... escolher!


Bom Dia dos Namorados!

sexta-feira, 13 de fevereiro de 2015

Sexta-feira, 13!

Podia falar do(s) Dia(s) da Rádio,


... e de quem matou a Rádio...




Podia celebrar aqui convosco o aniversário do nascimento do multi-sabedor Agostinho da Silva (um dos proscritos de Salazar) que nasceu há já 109 anos mas cuja obra é ainda e sempre tão atual.



Poderia falar dos 50 anos que passam hoje sobre o vergonhoso assassinato do General Humberto Delgado e da sua secretária perpetrado pela PIDE (quem dera a estes "nossos" vergonhosos "governantes" ter uma PIDE às suas ordens...)


(Aclamado pela multidão no Porto pelas eleições de 1958)

(Chegada de Delgado à estação de Santa Apolónia)

Mas não! Vou dizer apenas isto:


É sexta-feira!
Have fun!

quinta-feira, 12 de fevereiro de 2015

Parabéns!

Este maroto faz hoje 4 anos!



Parabéns



quarta-feira, 11 de fevereiro de 2015

Madre Paula

Na «Antologia de Poesia Portuguesa Erótica e Satírica» organizada por Natália Correia e inicialmente publicada em 1966, de onde ontem tirei os versos sobre as medidas da língua (?), encontrei, entre muitos outros poemas interessantes – quase todos, aliás – um epigrama da autoria do poeta Filinto Elísio, amigo e confidente da Marquesa de Alorna (século XVIII) no tempo em que esteve confinada no Convento de Odivelas que passo a transcrever.


Queixou-se uma noviça ao pai honrado
que da ordem um tafulão
lhe tinha quase à força escarapelado
o virgíneo botão:
«Gritaste ao menos contra o agressor,
misérrima tolinha?»-
(exclama o ginja já todo em furor).
«Não, meu pai, não convinha
(lhe torna a triste) que era pior mal;
sendo alta noite, tempo mui perigoso
de incomodar o meu provincial,
que com a abadessa estava no seu gozo.»


Lembrei-me, a propósito, do romance «Madre Paula» de Patrícia Müller que li no final do ano passado e de que gostei bastante. É um romance histórico baseado na vida da noviça de Odivelas por quem o rei D. João V se apaixonou violentamente e de quem foi amante durante treze anos chegando a ter um filho com ela. 

(Casa que D. João V mandou construir
para Madre Paula, anexo ao Convento de Odivelas
luxuosamente mobilado como se de um palácio se tratasse)

Está muito bem escrito e, pretendendo ser uma narrativa erótica, não chega perto disso, o que é bom porque evita ser considerada uma obra menor. É um romance despretensioso contado em primeira pessoa, muito bem apresentado, sem tiques piegas ou sentimentalões. A arquitectura do romance está bem conseguida com constantes avanços e recuos na narrativa o que torna a leitura mais cativante.

Recomendo a quem gosta de ler romance histórico.

terça-feira, 10 de fevereiro de 2015

E a propósito de beijos...

E a propósito de beijos (castos) veja-se, por oposição, como já no século XV, se escrevia sobre beijos...


De Fernão da Silveira e Dom Rodrigo de Castro
que beijou uma dama
e ela meteu-lhe a língua na boca

Pois medistes assim crua
a sua língua com a vossa,
dizei-nos qual é mais grossa,
se a vossa, se a sua.
Também queremos saber 
até onde foi metida,
e qual era a mais comprida,
mais solta no remexer.
Se veio tal falcatrua
por sua parte ou por vossa,
nos dizei qual é mais grossa,
se a vossa, se a sua.



Resposta de Dom Rodrigo

Mais comprida e mais delgada
achei a sua que a minha,
porque toda a campainha
me deixou escalavrada.
E fez-se tão grandes brigas
nos queixais
que mos não fizera tais
um grande molho de urtigas.

(Fernão da Silveira, in Cancioneiro Geral)


Qual "50 Sombras de Grey", qual carapuça.... temos por cá muito melhor!


segunda-feira, 9 de fevereiro de 2015

Primeiro beijo

Foi mesmo há muitos, muitos anos como é de prever, mas não há um único nove de Fevereiro em que não me lembre. (Sou muito boa em datas o que não sei se será uma vantagem ou um problema.) Foi num fim de tarde de um dia nove de Fevereiro - era uma segunda-feira de Carnaval - que dei (ou me deram...) o meu primeiro beijo. É daquelas recordações de adolescência que nunca mais esquecem, não é?

Foi um beijo mais ou menos assim....


Ou assim...



Mas não foi destes assim....




domingo, 8 de fevereiro de 2015

A flor do cato

A vizinha deu-me uma haste de um aloé e eu lá a pus num vasinho. Com o meu pouco jeito para jardinar, o cato lá se foi mantendo e dando mais uma ou outra haste. Depois mudei-o para um vaso grande, mas lá em cima à torreira do Sol e à intempérie penso que nunca foi muito feliz... Este inverno, porém, ao fim de muitos anos, resolveu dar flor e fiz-lhe uma festa!



Lembrei-me, a propósito, do filme A Flor do Cato, uma comédia romântica, como se diz agora, que vi em finais de sessenta (1969) e que deu para rir a bom rir. Fui ver porque era protagonizado pela belíssima atriz Ingrid Bergman que era das minhas muito favoritas artistas.

Alguém se lembra?



Veja-se o cato ainda sem flor







E, por fim, o cato já com uma pequenina flor...
Atenção que a flor do meu cato nada tem a ver com a simbologia que carregava esta pequenina flor... do cato!

Muito boa semana!

sábado, 7 de fevereiro de 2015

Amanhã é outra vida!

Incomoda-me, desassossega-me mesmo, encontrar pessoas de quem sempre gostei e que, a certa altura, por mera afirmação do seu eu (ou do seu mais recente grupo de eus) me viraram as costas e se fizeram minhas – não direi inimigas, mas tão-somente desamigas.

É que – não sei se por ser do Carneiro (!) – nos sentimentos, não tenho meio-termo: quando gosto, gosto mesmo muito e é para sempre e quando não gosto, afasto-me, desligo-me e é um sossego – passo à indiferença. Quando me sinto contrariada, ofendida, por alguém de quem não gosto, passo ao mero «bom-dia», «boa tarde» ou nem isso, se a ofensa é dura. Mas quando a ferida é provocada por alguém de quem gosto e de quem não espero a afronta, dói muito e dói-me para sempre. Por isso me incomoda cada reencontro com essas pessoas – é que eu continuo a gostar delas.

Hoje encontrei uma dessas antigas amigas. E se nos demos bem! Trabalhámos tanto juntas e com os mesmos objectivos, tanto “brincámos” juntas, “trocámos” filhas nas férias, dávamo-nos muito bem dentro da maior bonomia, numa independência de mãos dadas, numa paridade sem sujeição. Quem me conhece sabe que sou assim nas minhas afeições.

Um dia o elo partiu-se porque o grupo fez força nesse sentido e quebrou pelo lado mais fraco: o dela – desculpe-se-me a imodéstia! O grupo absorveu-a mas não conseguiu absorver-me a mim. (Sou de difícil absorção – e não é que isso seja bom, entenda-se.) O grupo não me perdoou, por me pensar presa fácil e eu, que até, quando calhava ou era preciso, me dava bem no grupo como noutro qualquer que não me desagradasse, passei a ser vista como adversária, «persona non grata».

E aquela pessoa que trabalhou tanto comigo, que juntas tanto «brincámos», que até «trocámos» filhas e que até me admirava (ela é que o disse) passou a ser minha direta adversária. Fez de tudo para me derrubar: permitiu que o grupo se envolvesse – e ela própria, tenho a certeza – nas maiores irregularidades para me tirar de lá.

No dia em que finalmente conseguiu/conseguiram, foi ela própria que, vitoriosa, foi lá para se despedir de mim (ou despedir-me…) e, impante, disse: «Dá cá dois beijos, Graça Maria! Amanhã é outra vida!»

Ainda gosto bastante dela pelo que trabalhámos juntas, pelo que «brincámos» juntas, por termos «trocado» filhas, pela sua jovialidade, pela sua simplicidade, pela sua independência (que perdeu). Mas, e por isso mesmo, incomoda-me encontrá-la!

*********


(Agora imaginem o que me aborreceu quando aquela operadora de comunicações lançou aquela publicidade!.....)



sexta-feira, 6 de fevereiro de 2015

Poema antigo

Encontrei, num livro antigo, uma folha com um soneto muito bonito manuscrito por mim, sem data nem nome de autor, dos tempos antigos da adolescência, em tempo de desamores... 

Foi um belo reencontro, podem crer. Tanta companhia me fez este como outros muitos poemas que eu transcrevia de livros e revistas que encontrava lá pela Biblioteca em Sintra. Mas tão tontinha que não registava o nome dos seus autores...

Querem ler? É um lindo poema de amor - digno de uma Florbela Espanca, sei lá!





quinta-feira, 5 de fevereiro de 2015

A política do «custe o que custar»



Que este primeiro-ministro que, por incúria de alguns – ou de muitos – «foi ao pote», ou seja, tomou o poder de assalto, não tem política(s) não é novidade para ninguém neste país.

Que este mesmo primeiro-ministro não tem uma linguagem cuidada e usa muitas expressões do registo coloquial que não quadra com o nível de um chefe da governação, também já nos espanta.

Mas daí a utilizar a mesma vulgar expressão em sentidos contrários é que é de mais!

Então o senhor Passos Coelho, pouco tempo após ter chegado ao pote, digo, ao governo, afirmou aos quatro ventos que «temos de pagar a dívida custe o que custar». Mas ontem, depois de se saber que uma mulher de 51 anos que sofria de hepatite C morreu porque não lhe pôde ser ministrado o medicamento respectivo porque o hospital não tinha dinheiro para o comprar, depois de se saber que as pessoas morrem nas urgências sem que um médico chegue perto de si, depois de se saber que as mortes nos hospitais têm sido aos milhares e não apenas por efeito do pico de gripe, o insigne primeiro vem a público e afirma, como se de um nazi se tratasse, para quem o quis ouvir que «deve-se fazer tudo para salvar vidas, mas não custe o que custar».

Facilmente se conclui destas – e de outras muitas – afirmações desta espécie de primeiro-ministro que nos calhou em sorte que há que fazer de tudo para pagar aos agiotas que nos emprestam dinheiro para podermos continuar a aumentar a dívida soberana, mas que não temos de fazer de tudo para salvar vidas de cidadãos.

Que bem entregues estamos!

quarta-feira, 4 de fevereiro de 2015

She

Uma das canções mais belas de sempre - She

A excelente versão de Charles Aznavour gravada em 1974





Em 1999, Elvis Costello gravou a deliciosa canção para o filme - também delicioso - Notting Hill.




Difícil escolher, mas... qual das versões preferem?

terça-feira, 3 de fevereiro de 2015

Biografias


Gosto de ler biografias e autobiografias. Sempre que aparece uma de ou sobre um(a) autor(a) português(a) que me pareça interessante, leio. Nada a ver com fotobiografias (também tenho algumas) que essas interessam mais pelas fotos do que pelo conteúdo.

Não me atraem as biografias propriamente pelo que aconteceu ou não nas vidas dos biografados – se bem que esses factos sejam também “giros” de saber – mas especialmente pelo que se pode aprender acerca das circunstâncias sociais, temporais e históricas.

Foi nessa assunção que li algumas biografias de autores do século XX. Estou a lembrar-me da dolorosa (mas não lamechas) «Autobiografia» de Luís Pinto-Coelho ou a excelente biografia de João Pedro George sobre o louco autor Luíz Pacheco ou até – ou especialmente – o «Bilhete de Identidade» da arrogante Maria Filomena Mónica. Todas elas acrescentaram um pouco – ou um muito – mais de conhecimento sobre o século XX em Portugal. Mas não se cultiva muito o género cá pelo país, o que é uma pena.

Isto mesmo vi escrito numa crónica de Eduardo Pitta das coligidas no seu último livro «Pompas Fúnebres» pp 56-57. Diz o crítico literário: «A gente olha em volta e fica a pensar na enxurrada de informação (social, política, literária) que representariam as biografias de Manuel Teixeira-Gomes, Aquilino Ribeiro, Mário de Sá-Carneiro, José de Almada Negreiros, Florbela Espanca, (…) Miguel Torga, (…) Vergílio Ferreira, Sophia de Mello Breyner Andresen, Jorge de Sena (…) Luís Miguel Nava. (…)(Nesta lista de 40 autores, nascidos entre 1860 e 1957, há três ainda vivos.) Nem todas urgentes, com certeza, porque a importância relativa das obras e o grau de intervenção pública nem sempre coincidem. Mas uma dúzia bem escolhida faria a história do século XX português. Os seus equivalentes ingleses, norte-americanos e franceses estão todos biografados, alguns mais de uma vez. (…) E nós por cá? Nós por cá talvez preferíssemos trocar a lenda (…) pelas biografias a que temos direito.»

E eu que de bom grado as leria, sem dúvida.