Temos de considerar que a política
é a arte dos espertos. Digo arte e não digo ciência porque esta tende a ser
mais exata e mais concreta enquanto aquela é mais dinâmica, mais plástica, mais
elástica. Mas, dizia eu que a política é dos espertos e, em termos de esperteza
na política, temos de admitir que o PC é – a seguir ao PSD, claro! que este é
dono da esperteza pura e absoluta, já que não se coíbe, sem qualquer espasmo
que não seja o da sua própria vantagem, de inventar, mentir, ocultar, distorcer
para alcançar os seus propósitos – a imagem da esperteza política.
Veja-se esta cena da moção de
censura ao governo que o PC apresentou, de chofre, na passada 6ª feira. Para
que serve, em termos do verdadeiro objetivo de uma moção de censura, esta
tomada de decisão neste tempo, neste espaço e nesta conjuntura? Para mostrar aos
seus seguidores como estão contra esta forma ultraliberal de governar
vilipendiando e alienando tudo o que se foi conseguindo neste pouco tempo de
democracia em que vivemos? Certamente que sim! Para mandar uma pedrada neste
marasmo em que nos movemos como tristes e acabrunhados animais ruminantes com
palas nos olhos que nos foram (im)postas por meio de muita farsa de muita mentira? Certamente que sim! Mas
adiantará alguma coisa em termos de eficácia política com uma maioria – chocha,
mas maioria – no parlamento?
Não! E a intenção é – uma vez
mais – deixar o PS mal visto. E aí, meus amigos, conseguem-no! É do domínio
comum a imagem de cautela exacerbada, de contenção e até de complacência que o
atual secretário-geral do PS tem junto do público em geral e até junto de
muitos militantes e simpatizantes do partido. Sabemos que, face à forma de
atuação equilibrada de partido de (quase) charneira já do tempo de Soares e,
perante a situação de desequilíbrio que o país e até o partido vivem, dificilmente
o PS vai votar a favor da moção do PC. O PC está ciente de todas estas e outras
razões que levam a que o PS decida atuar assim, mas pensam ganhar um trunfo
junto do povo quando puderem dizer: o PS votou ao lado da maioria de direita e
não está interessado em resolver os problemas sociais que este governo tem
vindo a cavar ao longo de apenas um ano. Esquece-se ou não pretende que se lhe
lembre das incontáveis votações em que o PC enfileirou, na anterior legislatura
e em outras mais para trás, junto aos ditos partidos de direita para forçar a
queda do governo já bem agendada na cabeça do presidente da República de
direita que eles, juntamente com a dita extrema-esquerda do falacioso Dr. Louçã, tinham
anteriormente ajudado a eleger.
Com uma esquerda que almeja ser
bicéfala pensando que dividindo há de governar, pode a direita deste país
deitar-se e dormir sossegada.
Concordo contigo em tudo, mas não deixo de achar que o PS deveria votar favoravelmente a moção de censura.
ResponderEliminarUm bom resto de domingo.
Deduzo então que, desde que me ausentei, "está tudo na mesma... como a lesma".
ResponderEliminarOu estará pior?
:(
"E a intenção é – uma vez mais – deixar o PS mal visto. E aí, meus amigos, conseguem-no!"
ResponderEliminarAcaba, por palavras suas, por justificar o voto de censura apresentado. É que o PS tem a oportunidade de se clarificar de que lado quer estar e, assim, "contrariar" os chamados objectivos do PCP e... sair disto bem visto, que também pode ser um objectivo dos comunistas. Por acaso já pensou que o PS tem a oportunidade de abandonar o nim?
Há um aspecto que quero aproveitar para a questionar: já pensou, por acaso, em ajuizar os comportamentos políticos, de alianças e coincidências de posição, pelos conteúdos e não pelos continentes? Pelas politicas em causa?
Claro! Pelos conteúdos e não pelos partidos! Assim deveria ser, em teoria, como muitas outras cosas na vida política e não só. Mas a teoria e a prática não são, geralmente, a mesma coisa. E isto é válido para todos os partidos, para todos os políticos, para todos nós, enfim!
ResponderEliminar(E olhe que, pessoalmente, nutro a maior simpatia e consideração pelos/as comunistas que conheci e conheço - com eles aprendi muito em termos de trabalho e de organização. Desde antes do 25 de Abril.)
Beijinhos.
Ah! E outra coisa: eu, pessoalmente, votaria a favor...
ResponderEliminarParadoxos, enfim...
Estimada Amiga Graça Sampaio,
ResponderEliminarPara mim o que me parece mais absurdo é ver em Portugal um partido comunista.
Quem conhece as políticas praticadas por governos comunistas, fica espantado como tanta gente em Portugal é filiado ou simpatizante do PCP.
Se fosse uma pessoa rica convidava um grande grupo de pessoas simpatizantes do PCP a passar férias na Coreia do Norte, ou irem até à China fazerem constetações, seria o bom e o bonito.
Defacto os políticos são uns matreiros a esperteza deles está na injunuidade do povo.
Abraço amigo
Politicagem sem nenhuma ética e/ou princípios por aqui também... é o venha a mim... o vosso reino que se vire...
ResponderEliminarBj. Célia.