quinta-feira, 31 de julho de 2014

Que pires!

De vez em quando tenho uns lampejos de expressões que se usavam em tempos e que caíram em desuso. (Com efeito, a riqueza de uma língua consagra-se na constante mutação semântica, fonética e… ortográfica – por muito que custe aos oponentes ao(s) acordo(s) ortográfico(s) e aos que dizem que «fizeram um acordo com a língua de Camões»…)

Bom, mas voltemos aos tais lampejos! Quem se lembra da expressão «pires» que nos anos 50 se usava para referir uma pessoa reles, de baixo nível, pretensioso, boçal? Foi dessa “linda” palavra que veio a também “linda” palavra «piroso» que, na minha opinião, tem uma conotação menos forte que a primeira.


Pois foi essa palavra - pires - que assomou à minha mente quando li a finíssima declaração que o ainda presidente da Comissão Europeia fez ontem ao referir-se ao montante que a Europa enviará para Portugal nos próximos sete anos: "26 mil milhões de euros é uma pipa de massa".



(imagem retirada do facebook)

quarta-feira, 30 de julho de 2014

Não suporto seguros!!

De facto não suporto seguros! Não, não é desse Seguro que vou falar agora, se bem que… enfim. 

Cresci a ouvir o meu pai a dizer mal dos seguros, que não servem para nada, que servem apenas para nos levarem dinheiro, de modo que quase posso afirmar que é uma aversão que já me veio nos genes. E, apesar de o meu pai não ter tido vida que chegasse para assistir nem aos primeiros passos do homem na Lua – morreu uns meses antes – se ainda estivesse vivo, continuaria a estar coberto de razão. Os seguros são assim como que um mal necessário. Obrigatórios nem que seja moral e socialmente, mas inúteis quando são precisos.

Temos um seguro de habitação daqueles chamados multirriscos que cobrem isto e mais aquilo e mais aqueloutro no caso de e mais de e mais de… É um seguro feito nos idos de 89, que tem mudado de seguradora para seguradora à medida que elas foram desaparecendo ou se foram fundindo e que dizem que vai sendo actualizado.



Felizmente nunca foi preciso até hoje accionar o dito seguro, mas desde o início da semana temos uma fuga de água à saída da porta e tem sido um problema para descobrir onde é que o raço do cano está roto. 

Aí lembrei-me que temos um seguro multirriscos e vai de contactar a seguradora. Depois de ter de marcar um para isto, mas for isto marque três e se for ainda aquilo marque nove, lá fui atendida por um senhor muito amável e disponível que, depois de se inteirar do “meu problema”, me disse de forma muito polida que realmente lamentava muito mas o seguro só cobre problemas dentro de casa. Entende-se! Até porque a água até nem vem de uma rede comum, cada um tem uma mãe de água em sua casa…

Depois de lhe ter transmitido todas estas e outras ironias da forma mais assertiva (é bonito ser-se assertivo e está na moda) o senhor lá me concedeu a graça de me informar que poderia abrir um processo no qual exporia a situação ao gestor que depois me diria se a minha pretensão poderia ou não ser aceite. Lá tive de continuar com as minhas ironias (sempre em baixo tom de voz e de forma assertiva, claro) dizendo que o tal gestor certamente viveria numa habitação em que os canos não se rompem e tem um seguro de habitação como deve ser e, quando decidisse sobre o “meu caso” daqui por três ou quatro meses, eu já não seria cliente da seguradora…

Os seguros não servem mesmo para nada senão para receberem o respetivo prémio periodicamente. Quando vamos fazer um seguro, o mediador assevera que o mesmo cobre tudo e mais um par de botas. Porém, quando temos de recorrer aos seus serviços … ah! os azulejos são encarnados? Pois é…. mas estre seguro só cobre azulejos brancos…  lamentamos…

Tudo isto eu disse ao colaborador da seguradora - agora já não se diz «funcionário» nem «empregado»… agora são todos «colaboradores»: maneirismos à portuguesa!


Sempre com grandes preocupações com o acessório e nenhuma com o essencial  - à portuguesa!

terça-feira, 29 de julho de 2014

Semelhanças e diferenças

Quando faz cem anos que oficialmente começou a I Guerra Mundial, a chamada Grande Guerra, deixo aqui dois desenhos que mostram bem as lutas que se começavam a desenhar na Europa do início do século passado. 

De notar as semelhanças e as diferenças.

1 de Fevereiro de 1908

28 de Junho de 1914

domingo, 27 de julho de 2014

Parabéns, Ana!



Hoje é o dia de anos da nossa mais velha. A nossa «leãozinho». De signo e de juba e de força...

Para ela fica aqui a mais simples das homenagens - Leãozinho na voz suave e doce de Caetano Veloso.









sábado, 26 de julho de 2014

Dia dos avós?

Mais uma invenção recente, não é? Pois aceitemo-la!

Então num dia destes que mais poderemos celebrar senão os nossos netos? É que sem eles não seríamos avós...

Então aqui vão eles em poses de verão...

Pinturas...





... e leituras...


Boa sorte, meus queridos!

E, já agora, parabéns para todos os Avós que por aqui passarem!

quinta-feira, 24 de julho de 2014

Provas de avaliação

Como sou uma rapariga da primeira metade do século passado, para finalmente conseguir vaga na Preparatória de Leiria sem ter de recorrer aos favores do Senhor Diretor, mandei-me, saída da Faculdade, a fazer o estágio profissional ainda antes do 25 de Abril. Aquele estágio que obedecia a ter professor metodólogo e professor assistente em cada uma das disciplinas a quem tratávamos por Senhor Doutor, que apareciam de surpresa nas nossas aulas para fazerem as 18 assistências obrigatórias anuais em cada disciplina, que nos davam «aulas» semanais de didáctica e de pedagogia a que chamavam seminários de metodologia e nos quais cada uma de nós seis apresentava um trabalho escrito. Para além de tudo isto e de tudo o mais que já nem quero relembrar, tínhamos de preparar uma dissertação sobre um tema de pedagogia relacionado com a nossa prática de durante o ano e que serviria de base à discussão a ter com um júri de professores metodólogos no chamado Exame de Estado.

Recordo com algum prazer e algum orgulho as manifestações em que participei em inícios de Maio de 74, à frente do Ministério na 5 de Outubro, com cartazes improvisados que diziam «Abaixo o Exame de Estado» e das recepções por parte dos chefes de gabinete que ouviam as nossas reivindicações…

Foi só em fins de Maio, já em vésperas da realização da provas do Exame de Estado e com as dissertações prontas a serem entregues, que ficámos a saber que o dito Exame tinha caído. Abençoado 25 de Abril (também por isso).

Não me livrei no entanto de, anos mais tarde, na década de 90, e porque não fizera o malfadado Exame de Estado, ter de me submeter ao exame de acesso ao 8º escalão que compreendia a defesa do currículo e de um trabalho escrito. Nem queiram saber a «chuchadeira» que foi na organização dessas provas cuja discussão era feita num júri constituído por professores que já se encontravam no topo da carreira, ou seja no 10º escalão, a maior parte dos quais nem sabia muito bem o que estavam a fazer.

Mesmo assim e apesar de todas estas e outras vicissitudes, lá fui conseguindo ultrapassar com bastante sucesso todas estas provas (e outras). O mesmo não teria acontecido, tenho a certeza, se – como muitos colegas que desenvolveram a sua vida profissional com denodo e muito sucesso – tivesse de me submeter a uma prova com trinta itens bem diversificados e que me exigisse, eu que sou de professora de Inglês, a responder a questões como esta:

«Um indivíduo entra numa loja para comprar um computador. Quando vai pagar, o funcionário explica-lhe que o preço marcado não inclui um imposto de 19% nem um desconto de 10%.
O funcionário, que trabalha há pouco tempo na loja, tem algumas dúvidas sobre a aplicação das percentagens.

27. Qual das opções que se seguem apresenta um raciocínio correto sobre a aplicação daquelas duas percentagens?

(A) Se calcular em primeiro lugar o desconto de 10%, favoreço a loja, uma vez que o desconto vai ser menor e o cliente paga mais.

(B) Se aplicar em primeiro lugar a taxa de 19% relativa ao imposto, prejudico a loja, pois o desconto vai ser maior e o cliente paga menos.

(C) Como tenho de acrescentar uma taxa de 19% ao preço do computador e depois retirar 10%, posso acrescentar apenas uma taxa de 9%.

(D) O cliente paga o mesmo qualquer que seja a percentagem que eu aplicar em primeiro lugar, os 19% do imposto ou o desconto de 10%.»

Ou como esta:

«O mapa apresenta a rede de transportes de uma cidade. Estão representadas as linhas do metropolitano, a Estação de Comboios, o Terminal de Autocarros e a ligação deste ao Cais para a travessia do rio.
                                          (apresentação de um mapa de transportes)

A rede de transportes começa a funcionar às seis horas.
Do início de cada linha do metropolitano, sai uma carruagem de cinco em cinco minutos.
O tempo que demora a fazer um percurso é contado desde que o metropolitano sai da primeira estação desse percurso até ao momento em que chega à última.
Tenha em conta que: – o tempo médio do percurso entre duas estações consecutivas é 3 minutos; – o tempo médio de permanência numa estação, sem efetuar mudança de linha, é 1 minuto; – o tempo médio de permanência numa estação, efetuando mudança de linha ou de modo de transporte, é 3 minutos.

Do Terminal de Autocarros, sai um autocarro de 10 em 10 minutos, que demora 12 minutos a chegar ao Cais. Do Cais, sai um barco de 15 em 15 minutos, que demora 20 minutos a fazer cada travessia. Quer o barco quer o autocarro regressam de imediato ao ponto de partida.

20. Qual é o menor número de estações em que é necessário passar para ir do Picadeiro ao Quartel?

 (A) 4                 (B)  5                 (C)  7                   (D)  8

21. O Sr. Américo saiu do Mercado às 8 h 40 min e só fez uma mudança de linha. A que horas chegou à Estação de Comboios?
 (A) 9 h 11 min           (B)  9 h 13 min                    (C)  9 h 17 min                   (D)  9 h 19 min

22. Qual é o número mínimo de autocarros e de barcos que são necessários para garantir as condições normais de funcionamento da rede de transportes?

 (A) 3 autocarros e 3 barcos   (B)  3 autocarros e 2 barcos (C) 2 autocarros e 3 barcos   (D)  2 autocarros e 2 barcos

23. O Sr. Alfredo iniciou o seu percurso na estação da Câmara Municipal às 7 h 10 min e vai sair no Terminal de Autocarros para apanhar, no Cais, o primeiro barco que conseguir. A que horas parte esse barco?

 (A) 7 h 20 min         (B)  7 h 30 min                    (C)  7 h 45 min                    (D)  7 h 50 min»

E será assim que se testa a competência pedagógico-didática dos professores? E que interesse tem uma prova destas? Ou será que, para além de se «chumbar neles» para poupar o erário do “governo”, servirão também para mostrar aos pais e aos alunos e ao público em geral que os professores são uma cambada de ignorantes que não sabem o que andam a fazer?

Poupem-nos!!

 
(imagem retirada da net)
 




domingo, 20 de julho de 2014

Comportamentos

Como é hábito dizer-se e apesar de fugir dos lugares comuns, “a tradição já não é o que era”. Apesar de ser míope de nascença, quase associal e de a minha acuidade auditiva estar a desgastar-se, não consigo deixar de dar conta dos comportamentos de alguns “companheiros de férias” especialmente enquanto se movem (ou não) dentro de água.

Não vou aqui deter-me a falar do que significava ir à piscina nos idos de 50 ou de 60 porque muitos dos meus simpáticos leitores, bem mais novos do que eu, poderiam pensar que eu estava a inventar. De facto, nesse tempo, grande parte para não dizer todos os divertimentos ou cuidados da saúde física e mental eram vistos como um luxo a que apenas a «casta superior» tinha acesso e não é preciso dizer mais nada.

Não há necessidade porém de remontar a meados do século passado para pensarmos em belos mergulhos, boas braçadas e até em alguns jogos e brincadeiras quando de uma ida à piscina se tratava. Claro que as piscinas, como tantas e tantas outras instalações ou serviços que ainda há pouco tempo eram um certo privilégio, agora – felizmente – se vulgarizaram, mas daí a serem usados como espaço de café…

Há dias, enquanto desfrutava da temperatura amena e calma da água e me refastelava boiando e nadando devagarinho, fui reparando:

  • Um grupo de “trintinhas”, do género metrossexuais, com mais um “cinquentão” a armar em “trintinha” discutiam vigorosamente a forma como faziam a barba «de baixo para cima»; «ai, eu não: é de cima para baixo e só no pescoço é que…»; «mas eu descobri uma máquina da marca Bic (ou não sei qual) que é muito suave»; «e eu comprei uma Wilkinson de que não gostei nada!» E assim estiveram e se mantiveram…
  • Outro grupo de “quarentinhas mais do que “trintinhas” do tipo «eu é que sei disto» debatia afanosamente os preços maravilhosamente baixos que tinham conseguido para comprarem os electrodomésticos com que tinham renovado as suas casas.
  • Uma jovem mamã, meio metida dentro de água, falava alegremente ao telemóvel (quando será que nascemos já com um telemóvel implantado para podermos estar sempre ligados?) enquanto uma adolescente já com idade de universitária se sentava em pose, barriga encolhidinha, à beira da piscina, pernas dentro de água, enquanto fazia uma “selfie” certamente para pôr no facebook, sei lá!
  • Por último, se bem que não em último, uma mãe de família que não se sentia muito à vontade fora de pé e para cima de quem o filho mais novo se atirou em força, berrou desajeitadamente, assustando o filho transgressor e a filha mais velha, o que atraiu o pai de família para dentro de água admoestando filho e mãe com a voz mais metálica que se possa imaginar que, atendendo à sua figura menos que mediana, não consegui entender onde ia buscar um tal nível de decibéis …

Comportamentos modernos, parece… Mas fazer de uma piscina destas espaço de café não dá...



sábado, 19 de julho de 2014

Mais uma cratinice!

Mesmo «de férias» não dá para ignorar mais esta aleivosia por parte do senhor (C)rato e da sua maravilhosa equipa. 

E nem vale a pena voltar a perorar sobre o caso. Basta transcrever parte do editorial do DN de ontem para se ficar a entender a atitude persecutória aos professores por parte do ministro.

«O Ministério da Educação publicou ontem em Diário da República um despacho em que agenda para a próxima terça-feira, 22 de julho, a Prova de Avaliação de Conhecimentos e Capacidades (PACC), imposta aos docentes contratados. (...)

A avaliação profissional, seja em que atividade for, faz parte do escrutínio e é um instrumento indispensável para aferir da qualidade e do mérito de quem trabalha. Mas o que está em causa é o método adotado pelo ministério liderado por Nuno Crato.


Convocar os professores para um exame obrigatório apenas com três dias úteis de antecedência, em que muitos já estão em pleno gozo de férias, é pouco sério e revela uma postura quase revanchista em relação a uma classe profissional que, naturalmente, tem usado de todos os meios legais à sua disposição para travar as intenções do Governo. É evidente que é necessário escolher os melhores e também é normal que, a este processo, corresponda uma redução do número de professores contratados com base em critérios de qualidade aferidos através da avaliação. O que não é aceitável é que o Executivo transmita a ideia de que o seu único objetivo é contabilístico, isto é, a eliminação de professores da folha de pagamentos do Ministério da Educação. É que, em política, o que parece é.»

(DN, 18 de julho de 2014, sublinhados meus)




quinta-feira, 17 de julho de 2014

Postal de férias

As rotinas (ou a falta delas) são como que uma prisão. Acreditam que estava cheia de saudades de aqui vir?

As falhas de rede, as maravilhas aqui do Sul e os netos a tempo inteiro têm-me afastado aqui deste espaço. Porém, e apesar do aviso que o nosso amigo Carlos do nos fez no ano passado: «por favor, não abandone o seu blog», férias são para isso mesmo: abandonar os hábitos do dia a dia.

E o que temos visto por cá?

Gaivotas, gaivotinhos e gaivotões...






Gatos e gatinhos que andam por todo o espaço do hotel






E depois há os gatões...




Agora vou ali meter-me na água e já volto...

sexta-feira, 11 de julho de 2014

Eu gosto é do verão!

Aí vamos nós!




Amanhã, em correndo tudo bem, estaremos por estas paragens.

Viva o Sol! Viva o Mar!





Mas conto ir aparecendo por aqui...

Até!!
Beijinhos e abraços.


quinta-feira, 10 de julho de 2014

Perdas

Perdeu-se o computador, arranjou-se outro. Pronto!

Pior foi perder o meu gatinho Socas que teve de ser «posto a dormir» depois de um mês de comprimidos, idas e vindas da veterinária e internamentos que não conseguiram recuperá-lo de uma insuficiência renal. 




Farta de perder gatinhos, nem mesmo assim consigo ultrapassar estas perdas sem passar por uma enorme tristeza. Não aprendo! Não consigo aprender.

quarta-feira, 9 de julho de 2014

Livres de mim...


É verdade! Estou sem o meu computador por isso considerem-se livres das «picadelas» da roseira brava...

Mas volto em breve...

Beijinhos e abraços!


segunda-feira, 7 de julho de 2014

Em tom de desagravo

(Li há muitos, muitos anos no «Diário de Sebastião da Gama», obra de leitura obrigatória pra quem entrava no estágio para professor no pré-25 de Abril, um diálogo deveras interessante entre o malogrado poeta e um companheiro de viagem de comboio, em que ele terá dito para o desconhecido companheiro qualquer coisa como isto: «Peço desculpa desde já pelas coisas que eventualmente possamos vir a dizer durante a viagem…» Assim estou eu agora e quase sempre que começo a escrever um texto para apresentar aqui: peço desde já muita desculpa pelo que eu possa eventualmente dizer aqui hoje…)

Quando depois de 2005 a ministra da Educação, Maria de Lurdes Rodrigues, iniciou a reforma do 1º ciclo e introduziu a escola a tempo inteiro criando as Atividades de Enriquecimento Curricular (AEC) pagas pelo ministério e/ou pelas autarquias, para variar e elevar a qualidade das atividades e até para não sobrecarregar o horário dos colegas do 1º ciclo, utilizei de acordo com o que a lei me permitia e na minha qualidade de presidente do Conselho Executivo e Pedagógico do agrupamento, as horas dos professores com horários incompletos e uma pequena parte das horas não letivas de um pequeno número de colegas dos 2º e 3º ciclos para irem às nossas escolas dos mais pequenos a fim de dinamizarem alguns daqueles espaços curriculares tendo em conta as suas formações de base.

Embora tenham já passado alguns anos, não esqueço a guerra que esses colegas me moveram! Ralharam, ameaçaram, disseram as barbaridades máximas, pretenderam negar-se a cumprir os horários, meteram atestados médicos, deixaram de me falar, acabaram por conspirar com a “oposição”. E chegaram alguns ao ponto absolutamente desprezível de responderem com esse azedume a muitas das questões postas pelos inspetores da Avaliação Externa em curso, levando a que a avaliação de um agrupamento de escolas de fama e prestígio ficasse muito aquém do verdadeiramente merecido.

Compreensível se pensarmos como somos um povo adverso à mudança e à tão falada “perda de direitos” ( leia-se “mordomias”). E dos professores então nem falar é bom! (Quase) todos uns Velhos do Restelo mesmo que não tenham lido e/ou entendido o episódio da nossa epopeia renascentista.

Toda essa mudança – não falo agora apenas da “mudança” que levei a cabo na escola, mas a mudança que a ministra, no seu imenso saber, pretendeu realizar (o seu principal erro foi querer fazê-lo muito rapidamente) levou a que o indizível Mário Fenprof conseguisse arrebanhar hordas de Velhos do Restelo e muitos outros acomodados que grassavam pelas escolas em manifestações nunca vistas e derrubar a ministra (sinistra – como lhe chamavam). Este derrube foi o início da queda que levou ao abismo em que nos encontramos. Lá nisso o senhor Mário Fenprof pode sentir-se um verdadeiro herói!

Grande parte dos professores meus colegas por esse país fora, mesmo que já muitos aposentados, estão da mesma forma abrangidos por essa heroicidade. Mas agora pergunto: como reagirão aqueles colegas do meu agrupamento de que falo acima que agora que, por força das “extraordinárias” medidas do “excelente” ministro (C)rato (que nada tem de sinistro como a outra ministra!) são obrigados a dar, mas dar mesmo, aulas noutros ciclos que não aqueles em que se profissionalizaram,  AEC(s) e tudo mais que os diretotes lhes mandem fazer e é se não querem perder o seu lugar – mesmo que do quadro – nas escolas onde estão?!

É que o senhor (C)rato, que se está verdadeiramente «borrifando» para os professores e para a qualidade da educação e do ensino, até já põe a hipótese de dar prémios aos municípios (para onde ele tem pressa em despejar as escolas públicas) que consigam reduzir o número de professores nas escolas…

Onde andará o senhor Mário Fenprof?!



domingo, 6 de julho de 2014

Dia do Vinho

Fiquei a saber pelo telejornal da manhã da RTP 1 que se celebra hoje o Dia do Vinho. Não encontrei nada de muito certo mas parece-me que, aqui em Portugal, se celebra no primeiro domingo de Julho.

Nunca na minha vida bebi sequer uma gota de vinho (não de álcool) e é até, juntamente com azeitonas, uma das minhas repulsas compulsivas - dito assim mesmo com estas duas palavras fortes e que têm a ver com «pulsões».

No tempo da minha infância e adolescência uma senhora, aqui neste país pequenino e cinzento, não bebia vinho, nem cerveja. Beberia um vinho branco, um licor, um Porto, um Madeira, um champanhe mas apenas em ocasiões especiais. Não me lembro de ver a minha mãe ou a minha avó a beberem vinho e, mesmo das minhas tias minhotas, apenas uma bebia à refeição. Havia alcoólicos de mais naquele tempo em que o Salazar dizia que «Beber vinho é dar de comer a um milhão de portugueses» por isso as mulheres da classe média não se podiam dar a esse desfrute. Beber era coisa de homens e de bêbados.

De há uns anos para cá, o "prestígio" do vinho foi-se regenerando, as marcas refinaram, passámos a ser produtores de bom vinho apreciado no estrangeiro e tudo e agora é "fino" beber vinho. Tinto se possível. 

E agora até há um Dia do Vinho!

Por isso resolvi deixar aqui umas brincadeiras para, de alguma maneira, ajudar a celebrar o vinho (que eu abomino...)

Primeiro Pessoa que até foi «apanhado em flagrante delitro»





Depois a Arte: O Fado e o Vinho da nossa amiga Clotilde.



Por fim, o humor.







E, já agora ....


sábado, 5 de julho de 2014

Netices...

A minha neta, que ainda agora passou para o 2º ano, entrou de férias há três semanas e já está farta! Apesar de ter passado as duas últimas semana numas férias organizadas para ocupar as crianças, disse à mãe que estava farta de «casa»! Que se levantava e «casa»! Comia e «casa» e, por muito que a mãe a leve aqui e ali, ela acha (coitada!) que está sempre «em casa»…

E então o cúmulo foi quando ontem ela afirmou que queria ir para Lisboa, que isto aqui é muito pequeno…

Acham que estas coisas vão nos genes?!...




sexta-feira, 4 de julho de 2014

La vie en rose

Quem se lembra desta belíssima canção cantada por esta voz poderosa?








Há dias recebi uma nova versão - muito apropriada à rapaziada (e raparigada...) da minha idade...




La vie en rose, c’est à partir de la cinquantaine : cir’Rose, ostéopo’Rose, arth’Rose, név’Rose, artériosclé’Rose, fib’Rose, etc.


quinta-feira, 3 de julho de 2014

Cá se fazem...

Acreditamos, para nossa própria paz de espírito e equilíbrio emocional, numa qualquer justiça superior, uma justiça divina ou cósmica, uma espécie de conta-corrente que, de alguma maneira, nos alivie as dores dos maus momentos e das maldades de que por vezes somos vítimas e que se traduz pelo simples e popular ditado «cá se fazem, cá se pagam».

Veio-me à mente este pensamento (tão profundo…) quando, um dia destes, depois de descaroçar a agulha de croché quilo e meio de ginjas para fazer doce, fiquei com a pele dos dedos e a unhas pretas como se tivesse andado a trabalhar na terra ou não limpasse as unhas há quinze dias. E não houve creme, limão ou lixívia que as conseguisse fazê-las voltar a um aspeto mais limpinho.


Quando, vai para quarenta anos, me vi obrigada a finalmente vir morar para Leiria, vim encontrar uma sociedade que mantinha um estilo de vida em muitos aspectos diferente daquele a que eu vinha habituada. Um dia tive de ir a uma agência do extinto Banco Pinto e Sotto Mayor fazer, a pedido do meu marido, um depósito e, naturalmente, pus-me na bicha (desculpem-me: recuso-me a dizer «fila» como se usa agora) para a caixa. O meu espanto foi mais que muito quando o funcionário da caixa começa a chamar pelo nome e com toda a deferência clientes (homens, claro!) para os atender à frente das pessoas que estavam na bicha. Lá me mantive à espera da minha vez de ser atendida até porque não queria chegar a casa sem ter realizado o dito depósito mas com alguma revolta, uma fúria como nem imaginam. Mas o pior ainda estava para vir… É que, quando finalmente cheguei ao balcão, reparei, com alguma repulsa, que o funcionário tinha as unhas pretas, pretas como se tivesse acabado de trabalhar na terra… Tal como as minhas depois de descaroçar as ginjas…


(imagem da net)

quarta-feira, 2 de julho de 2014

Sophia

Hoje é dia de celebrar Sophia de Mello Breyner. Não porque um punhado de deputados decidiu (depois da “querela” nacional de se guardar o que restou de Eusébio no lugar dos eméritos) fazer trasladar os seus restos mortais para o Panteão Nacional, mas tão-somente porque passam dez anos do seu desaparecimento físico.

Tantos poemas belos, tantos textos narrativos, também eles pedaços de poesia única, tantos fragmentos políticos poderia transcrever para aqui numa singela homenagem. Escolhi, porém, passos de uma carta (uma de muitas) dirigida ao igualmente grande poeta Jorge de Sena, em 10 de Junho de 1963.

(…) «Vivo entontecida, afogada em problemas familiares, sem tempo para escrever, desmemoriada de tudo.
O Francisco e eu estamos os dois bastante exaustos da vida dura. Eu começo a sentir-me incapaz de fazer tudo o que quero fazer. Ser ao mesmo tempo poeta, mulher do D. Quixote e mãe de cinco filhos é uma tripla tarefa bastante esgotante. Eu nunca aceitei que fosse preciso escolher entre a poesia e a vida pois ambas me parecem a mesma coisa. Mas agora sinto-me completamente incapaz de fazer tudo, de cumprir tudo o que me aparece.

Há dias aconteceu-me isto: comecei a escrever um poema à tarde, mas fui tão interrompida que desisti. À noite tentei acabá-lo mas estava cansada de mais e dispersa em mil bocados. No dia seguinte de manhã fui com a cozinheira à praça. E de repente no meio dos peixes, das couves e das galinhas pensei que precisava de parar um minuto, um minuto de férias sem cálculos nem contas. Então mandei à cozinheira que fosse ela comprando os legumes e «fugi» para o café da praça e pedi um café ao balcão. Enquanto estava a tomar  o café lembrei-me do poema e pedi ao empregado que me emprestasse um papel e um lápis. Foi assim que consegui acabar o poema nem misto de pausa e de euforia. Depois fui a correr comprar a fruta! Isto é a minha vida. Mas às vezes fica tudo mal escrito e mal vivido.

Espanto-me como você pode trabalhar tanto. (…)

Tenho andado muito solitária, bastante desenganada de literatura e sinto muito a sua falta, neste deserto intelectual. O saloismo da maioria dos intelectuais portugueses é quase inacreditável e as fortes desilusões que tenho tido fazem-me perder o ânimo.

Desde que fui a Itália apoderou-se de mim a ideia fixa de viajar. Fui à Madeira a convite da LVC fazer uma conferência em que falei muito de si e li alguns poemas seus. Espero ir em Setembro à Grécia, de automóvel, com a Agustina Bessa-Luís e o marido, se daqui até lá arranjar dinheiro! Não penso noutra coisa! (…)

(in “Sophia de Mello Breyner – Jorge de Sena, Correspondência 1959 – 1978”;, Guerra e Paz Editores, Lisboa, 2010, pp 76 -78)

Nem quero imaginar o «saloismo» que Sophia iria achar em, ao fim deste tempo todo e dadas as circunstâncias, trasladarem os seus restos mortais para aquele triste, frio e descaracterizado Panteão!

(in JL, 26 Janeiro a 8 Fevereiro de 2011)

terça-feira, 1 de julho de 2014

O cúmulo da hipocrisia!

Considero o desemprego uma das piores chagas sociais já que acarreta muitas outras chagas sociais e familiares e todas.

Desde que esta espécie de governo, na sua sede incontida de «ir ao pote», tomou conta do país destruindo-o e vendendo-o a retalho, as vidas de tantas e tantas famílias sofreram o maior trambolhão em muitas décadas com a sua sanha furiosa do empobrecimento das pessoas e o aniquilamento da economia.

Indústria e comércio passaram a fechar portas dia após dia e o chamado funcionalismo público sofreu (e continua a sofrer) cortes inauditos. Nos Centros de Emprego as filas de desempregados nunca mais pararam de crescer e a emigração voltou aos níveis numéricos dos tristes anos 60 em Portugal.

As taxas de desemprego subiram a números nunca pensados sem que houvesse preocupação e muito menos estratégia por parte dos «governantes» para, a bem das pessoas, tentarem inverter a trágica situação das pessoas. Antes tem havido – ah lá isso tem! – um aproveitamento ao nível do nojento por parte do «patronato» para usarem de força, chantagem e abaixamento de salários e de benefícios. E quanto a criação de novos empregos, zero ou menos do que isso.

E agora, como que por milagre de alguma outra santinha da Ladeira, as taxas de desemprego descem, descem e continuam a descer… até o Eurostat vem corroborar. Como é que o desemprego desce sem que o emprego aumente? Só há uma explicação numérica, objectiva: os desempregados emigram ou então – que é pior – acaba-se-lhes o direito ao subsídio e são cortados das estatísticas. Passam à categoria de indigentes e pronto – é um alívio, um sossego para os “nossos” mui competentes “governantes”!

E aí vem o trampolineiro, o teatral, o irrevogável Paulinho das Feiras, amigo dos velhinhos que estão nos lares e não sei que outros apodos hei-de usar nele, exultar berrando aos sete ventos que «a descida do desemprego é um sinal de esperança».

É o cúmulo da hipocrisia!!




Tapetes Carpélio

A rapaziada da minha idade decerto se lembra bem do sucesso dos tapetes Carpélio em finais de 60. Sintéticos, leves, fofos e felpudinhos e de fácil lavagem.

Esses tapetes tinham mais ou menos o aspeto deste casaco...




Quando casei, no início dos idos de 70, tive um terno de tapetes Carpélio amarelo-dourado que, sobre alcatifa azul-escura contrastavam com mobília de linhas direitas lacada a branco.

A mobília ainda dura, já dos tapetes, resta apenas a recordação do pelo e da cor que agora me vem frequentemente à memória de cada vez que vejo a minha última aquisição em gato, o Lourinho, nesta triste figura…