9. O meu cabelo de Verão

De cabelo bem espesso, bem ondulado e arruivado, diziam, quando era pequena, que era uma “russa de mau pêlo”… Até aos meus 10 anos usei, de Verão e de Inverno, tranças ou rabo-de-cavalo que me custavam muitos gritos e lágrimas quando de manhã, muito cedo, a minha mãe me penteava cheia de pressa para irmos a correr avenida abaixo, apanhar o comboio para irmos para a escola, eu aluna e ela professora, em Carcavelos e depois na Parede.

No dia de Verão do meu exame da 3ª classe, que fiz em Algés, o meu cabelo era assim:

Depois de me descobrirem a miopia e um pouco de estrabismo, aí pelos meus 8 anos, o oftalmologista aconselhou o corte das tranças. E assim foi: no Verão da minha 4ª classe e com grande pena minha (imagine-se!) cortaram-me o cabelo que nunca mais voltei a deixar crescer por questões logísticas…

Usei bandolete, usei fitas largas para domar os cabelos que continuaram sempre a ser crespos. Quando ia a festas, naqueles maravilhosos idos de 60, usava uma trancinha feita com o meu cabelo que guardei à laia de bandolete que dava um bom bocado nas vistas (que era o que era preciso…) Mas as fitas largas e os lenços atados eram os meus encantos no Verão. Assim:

Com o correr do tempo e com a falta de tempo decorrente da corrida da vida, tudo teve de  se tornar mais prático e, ainda hoje, no Verão, a minha cabeleireira já sabe: corte de praia! Que é para tomar banhocas à vontade, chegar a casa, lavar e secar ao ar.

(Esqueçam o meu cabelo e apreciem o rio Douro bem apertadinho entre vales e montanhas

.)

 É que assim é muito prático para gozar bem o Verão!