Ora ficámos ontem a saber que o
ministro (C)rato viaja amanhã para a Alemanha – país que o atual governo
descobriu com o mesmo fervor com que Vasco da Gama descobriu o caminho mais
próximo para a Índia – para se avistar com a sua homóloga alemã a fim de se
inteirar in loco do modelo de ensino
vocacional que se pratica no país dos seus encantos. Ah! E acho que também vai
assinar um qualquer acordo ou protocolo ou sei lá com aquelas altas instâncias
porque quer implantar esse sistema de escolha cá no país. Custe o que custar.
«Ensino vocacional» é eufemismo
porque fazer os alunos optarem pela via profissional ou pela via de seguir
estudos aos dez anos nada tem a ver com qualquer tipo de vocação! Os miúdos são
encaminhados tendo em conta o seu mau desempenho escolar (até aos dez anos!) ou
pelo estado sociocultural da família a que pertencem.
Agora pensem comigo: para chegar
a esta brilhante forma de distribuição das crianças (ou deverei chamar-lhe
processo discriminatório?) – altamente criticado pela OCDE, o ministro
«eduquês» nem precisava de ir gastar tempo e dinheiro em deslocações ao país
dos Niblungen – ópera que decerto as crianças do dito ensino vocacional nem
nunca ouviram falar. Bastava ao senhor ministro (re)ler as políticas educativas
dos seus antecessores Andrade Pires de Lima, Francisco Leite Pinto, Inocêncio
Galvão Teles ou até José Hermano Saraiva, ilustres ministros da educação do
governo de Salazar e logo reveria como as nossas crianças, as poucas que chegavam
a fazer o exame da 4ª classe – recentemente recuperado pelo atual ministro vá-se lá saber para quê – e podiam
continuar a estudar eram orientadas para as escolas técnicas no caso de os pais
não terem possibilidades financeiras para as porem a estudar no liceu, ou no
caso de não terem expectativas socioculturais
para as levarem a tirar um curso superior, ou ainda – mais grave ainda – as crianças
não terem desenvolvimento e conhecimentos suficientes para aguentarem o exame
de admissão (a recuperar pelo ministro (C)rato??) aos liceus que era
substancialmente mais exigente do que o exame de admissão às escolas técnicas.
As políticas hitlerianas, embora
criticadas em alguns países europeus, foram-se difundindo e ganhando a dimensão
que infelizmente lhes conhecemos, muito devido a entidades deslumbradas, ou elitistas,
ou simplesmente falhos de visão e de inteligência como estes senhores ministros
(C)rato e Álvaro e outros que até nem foram “vítimas” do «eduquês» - ou terão sido?
Fiquei parva com o que li.
ResponderEliminarA partir dos 10 anos?!
Esta gente não percebe que os miúdos mudam e o que hoje é, muda amanhã.
Eu, por exemplo, fui sempre melhorando. A seguir esses critérios, não estaria no ensino.:(
Incompetentes!
O que nos reservará, ainda, este (des)governo?
bji triste, querida
Boa malha!
ResponderEliminarParece que ainda não desmantelaram tudo. Agora vão reforçar a falta de visão e de competência para enfrentar a pasta do ensino............
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ResponderEliminarEscreveste. Está escrito. Permite que deixe aqui a minha experiência.
Eu andei no Liceu, o meu irmão saltitou do Liceu para a então Escola Industrial, porque não a havia em algumas das cidades por onde passámos. Saía- se dá com uma ferramenta de saber fazer.
Hoje, os Cursos Profissionais são uma fantochada. Tirando algumas situações, os alunos vão para lá porque vêm de curricula alternativos, recebem mensalmente uma verba, são-lhes oferecidos todos os materiais que necessitam...não fazem nada (antes destroem mobiliário e professores) e, no 12º, podem prosseguir estudos universitários. Como? Não sei.
Dei, no ano passado, Português ao 12º. Havia meio módulo do 11º por dar - Cesário Verde. Sabes o que tive de fazer? Ilustrar o texto, leste bem! Não sabiam o significado das palavras, mas também não foram tratar de o decifrar. Eram de Serviço de Restaurante e Bar, alguns ao fim de três anos ainda deixava cair a colher no chão e voltavam-na a pôr na travessa.Havia um aluno que já tinha andado noutros dois cursos até ao 12º, mas não conseguia ter aprovação nas disciplinas especificas. Problema? Nenhum, está matriculado num outro curso... E assim já conta 24 anos e...
Poderia dar-te mais exemplos. De uma estufa que foi construída numa escola e que, ao fim de dois meses, estava destruída; de corta-relvas que eram escavacados, só para que não houvessem atividades; de computadores que foram dados a alunos de Informática ...
E quem paga tudo isto? Nós já que são financiados...
Eu até concordo com o regresso das escolas industriais ou como lhe queiram chamar. É preciso é que haja RIGOR, DISCIPLINA e EXIGÊNCIA e COMPETÊNCIA no ensino. Caso contrário só estamos e estaremos a dar, ao mercado de trabalho, certificados sem qualquer conhecimento.
Quanto a mim, tenho pena de na altura não ter ingressado numa Escola Industrial. Seria hoje uma boa canalizadora e ganharia o que queria, usando o método - vou lá amanhã, fique descansada/o - e só aparecia três semanas depois.
Assim sou uma reles professora,com horários e programas para cumprir, a quem o governo quer pôr na rua, a quem não reconhece os anos serviço e a quem ninguém agradece.
Desculpa. Um beijo
Laura
ResponderEliminarVoltei, Graça, para dizer que se no Ensino dito Profissional, as coisas estão muito más, no Regular estão muito viciadas.
A avaliação é uma FRAUDE. Onde já se viu avaliar um aluno por trazer sempre o material, por ser educado, por fazer os trabalhos de casa... por... ?????
Resultado, em terra de cegos, quem tem um olho é rei e daí o espanto das avaliações internas (18 valores), onde há uma contabilização enorme para a intervenção oral, não coincidirem com as de exames (11 valores), só de escrita!!!
Já para não falar dos que têm possibilidade de andarem em explicações a quase todas as disciplinas, muitas das vezes dadas pelos próprios professores.Das turmas de elite que se fazem nas escolas...
Beijo
Se implementarem novamente o ensino industrial , vai levar muitos anos a atingir o nível que teve pois os Mestres levam anos a formar.
ResponderEliminarMeu pai, que se fosse vivo teria 90 anos , tinha este curso e na sua vida prática ligado à empresa de família , tomaram muitos engenheiros chegar aos calcanhares dele...Chegou a ganhar uma medalha de prata em Bruxelas com um invento para a empresa contornando uma lei estranguladora de Salazar.Os desenhos que fez , à escala, para apresentação do trabalho , são um trabalho que muitos engenheiros não saberiam fazer. Foi um percursor das energias renováveis...Muito antes das mini-hídricas serem atribuídas aos privados , já ele caminhava para Lisboa , pedindo audiências , para conseguir uma concessão; e conseguiu.
Tenho na família, irmã e primas que frequentaram a Escola Comercial e Industrial...olhe Graça , acabaram tão licenciadas como eu sem sair do conforto de casa...Perante este cenário , não lhe digo mais nada...Acabem com os cursos profissionais e venha qualquer coisa mais rigoroso e pode crer que acabam a ganhar , muitos , o que pedirem.M.A.A.
Defendo, com unhas e dentes, as escolas técnicas.
ResponderEliminarO resto, as demagogias entre pares, passam-me ao lado.
Abraço, Graça.
Desculpem-me discordar da maioria !
ResponderEliminarCreio que um dos grandes males do pós 25 de Abril foi acabarem com as escolas industriais e comerciais e pensar-se que todos "tinham que ser" doutores e engenheiros (oportunidades iguais para todos), ficando a maior parte apenas com uma parte do liceu e não sabendo "fazer coisa nenhuma" em lado algum !
Tinha uma empregada (na altura) que também julgava que ia ter direito a uma casa e a um carro, porque havia quem tivesse dois !
Trabalhei sempre nas, ou com as, direcções industriais em consultoria e o grande problema com que se deparava era a falta de profissionais qualificados nos vários domínios, comerciais e industriais : electricistas, torneiros, mecânicos, carpinteiros, serralheiros, construtores civis, etc., etc..
Por esse motivo, a rentabilidade e produtividade das indústrias sofreu as consequências actualmente ainda visíveis ! Só "curiosos" que aprenderam pelo que viam, mas sem saberem o porquê das coisas !
É também um erro pensar-se que quem tirava um curso comercial ou industrial não poderia seguir economia, gestão ou engenharia, desde que o pretendesse !
Sou um fervoroso adepto do regresso, quanto antes, desses cursos, para bem da produtividade do nosso país, o que agora vai demorar muitos anos ! :((
Foi um grande tiro nos pés, da Revolução ! :(((
Nos últimos anos tentou-se remediar o mal, mas foi um mau remendo, sem nexo !
.
Se Relvas frequentasse a tempo inteiro uma escola técnica
ResponderEliminarnão seria doutor
mas poderia ser um homem sério
Bom, para ser franca eu concordo que as escolas ditas profissionais (antigas industriais) regressem: porque é lógico que nem todos os miúdos têm facilidade de aprendizagem e isso sempre as dirige num certo rumo profissionalizante, em vez de andarem no liceu, a chumbar anos seguidos e cada vez mais desinteressados.
ResponderEliminarO que acho aberrante é que seja o Estado a excluir ou permitir que os alunos sigam certo rumo. Faz lembrar a antiga URSS, em que as capacidades das crianças eram aproveitadas para as áreas onde demonstravam mais aproveitamento, mas sem terem em conta a vontade desses alunos, que assim eram compelidos para profissões que podiam ou não desejar. Enfim, coisas de regimes ditatoriais são assim, liberdade de movimentos (ou de estudos) não há nenhuma. A não ser que se tenha dinheiro, evidentemente, porque não estou a ver como o ministro pode fazer essa triagem em escolas particulares...
E mais uma para o rol das asneiras pegadas deste (des)governo!
Beijocas, Graça!
ps - conheço miúdos que encalharam nos primeiros anos do liceu, e acabaram por ir para esses cursos alternativos, desde pastelaria, contínuo escolar ou educador de infância, e estão muito mais felizes com isso, porque veem aplicação prática daquilo que aprendem, ao contrário do que acontecia com a matemática, o francês e por aí fora. Não será o ideal dos pais, mas não deixa de ser uma solução prática! ;)
Não sou contra os cursos profissionais/técnicos (seja qual o nome que quiserem dar).
ResponderEliminarEu sou fruto de um desses cursos que deu-me a oportunidade de ingressar no mercado de trabalho (na altura).
Porém, defendo que, acima de tudo haja rigor, competência, responsabilidade, exigência. O curso que frequentei, para além de me dar uma "ferramenta de trabalho", forneceu-me uma bagagem tal que proporcionou-me, passados 10 anos, o ingresso a uma faculdade.
O que me entristece é que tenham que ser o governo a escolher o futuro dos jovens!
ResponderEliminareu sou sinceramente acho que não deviam ter acabado com as escolas industriais e comerciais, com elas também já existiam doutores.
Boa semana Graça
abeijinho e uma flor
Bolas! Eu também não tenho nada contra os antigos cursos técnicos! Tive não sei quantos namorados e amigos e amigas dessas escolas e sei bem como era! Só sou, sempre fui e sempre hei de ser contra a FORMA como as crianças eram recrutada a e IDADE em que o faziam!
ResponderEliminarOs exemplos apresentados e que correm avulso por aí é como comparar alhos com cebolas: antigamente só os que "passavam" no exame de admissão é que tinham acesso até à escola técnica - eram apenas ALGUNS! Agora TODOS t~em acesso - FELIZMENTE! - à escola. Por isso há tantos exemplos ditos negativos. Esse, no antigamente, nem sequer entravam na escola e se entravam e faziam asneira eram logo posto a andar.
Não há comparação!
Ih! Cum caneco...Ca grande confusão
ResponderEliminarque se gerou rentre os comentaristas,digo eu.Para começo de conversa a maioria fala só em cursos industriais (tavas lixada Kinkas a passar desenhos e a bordar durante 3 anos o ponto cheio,o rechelieu e outros primores
eu,que acho não ser burra,mas não passei do ponto pé de flor com o empenho da família para "enfeitar" OS PANOS DE COZINHA.Depois,os cursos para rapazes ou homens no noturno constavam do programa de cada escola e eram de serralharia,carpintaria,etc.Assim,um predestinado pela sua arte e habilidade natural para a carpintaria tinha de procurar escola adequada, talvez lá para Tomar ou coisa assim,mesmo morando em Leiria e...lá se desvsneciam as ilusões.Por fim,mas não é tudo,definir o seu destino profissional aos 10 anos??? Para mim isto complicou-se desde que há professores que aceitam dar aulas que são uma "fantochada",como eles reconhecem.
Kinkas