Quarta-feira. Dia de crónica de
Baptista-Bastos no DN. Dia de ler uma boa prosa e, geralmente, uma boa malha
nestes senhores deste governo que estava com tanta sede para ir “ao pote”.
Mas eis que BB está tão cansado deles
como o resto de todos nós e começa o seu texto, naquele belíssimo português de
sempre, desta forma: «Não me apeteceescrever sobre estes tipos. Digo à Isaura. Não escrevas; sempre fizeste o que
te apeteceu, diz ela. (…)» E não escreveu mesmo sobre “estes tipos”!
Dão cá um cansaço!
Uma desilusão imensa, um sufoco de quem está a afundar-se e não vê quem
lhe estenda a mão.
Um cansaço que nos aperta o
ânimo, um tédio quase pessoano que não sentia há muitos, muitos anos. Um desânimo
que emerge e engrossa e nos empapa quando ouvimos estes pseudo-sei-lá-o-quê a
dizerem uma coisa e a fazerem outra, a darem o dito por não dito, a “governar”
aos arranques, aos ziguezagues, carrascos cá dentro, cordeirinhos lá fora, a atacarem
ferozmente – ou talvez seja apenas fumaça – as razões dos cortes propostos pela
Europa ao orçamento de ajuda europeu quando fazem sete vezes pior no que toca
ao orçamento nacional. Títeres, falsos, falcatos.
Um cansaço inerme, enorme. Um
cansaço assim
«O que há em mim é sobretudo cansaço —
Não disto nem daquilo,
Nem sequer de tudo ou de nada:
Cansaço assim mesmo, ele mesmo,
Cansaço.
Não disto nem daquilo,
Nem sequer de tudo ou de nada:
Cansaço assim mesmo, ele mesmo,
Cansaço.
(…)
Para mim só um grande, um profundo,
E, ah com que felicidade infecundo, cansaço,
Um supremíssimo cansaço,
Íssimno, íssimo, íssimo,
Cansaço...»
E, ah com que felicidade infecundo, cansaço,
Um supremíssimo cansaço,
Íssimno, íssimo, íssimo,
Cansaço...»
Álvaro de
Campos
Bem, Graça... nesse ponto de exaustão suprema... fecha-se os olhos e tira-se um bom cochilo...
ResponderEliminarBj. Célia.
"O que há em mim é sobretudo cansaço" apetece-me repetir vezes sem conta...
ResponderEliminarBjs
Li a crónica do BB até a linkei lá no cabeçalho doCR!
ResponderEliminarComo sempre, magnífica. Há um livro de crónicas dele que folheio com frequência: Lisboa Contada pelos Dedos. Conhece? Recomendo vivamente!
Cansados disto, estamos todos, Graça. Eu mais que cansado, ando enojado.
ResponderEliminarGosto da forma como escreve. Nao estou familiarizada com as suas cronicas.
ResponderEliminarE desta vez concordo absolutamente com BB! Já não há pachorra para esta gentalha, mesmo! ;)
ResponderEliminarSobre o poema, nada a declarar, para além que é um dos que mais gosto do poeta! :D
Beijocas!
cansaço...muito; destes tipos, da sua "lata"...de sentir que se luta em vão.
ResponderEliminarUma dor que assola...e que é...sobretudoo cansaço...
Mas depois, ainda aagora dizia à Laura...uma pessoa dá com coisas como ESTA:
http://maisumaaula.blogspot.pt/2012/11/mais-dados-da-ocde-agora-idade-dos.html
e o cansaço transforma-se em revolta!
Acordei e dei com isto...Apeteceu-me chorar. Porque são quase 30 anos de dedicação, quase uma vida dee entrega (foi assim que sempre entendi a minha profissão)...e depois...isto!
Estou profundamente triste. Mesmo triste além de estar cansada...
Isso mesmo!...Tb. não gasto tinta com eles... não valem a tinta que se gasta, muito menos o trabalho...
ResponderEliminarE de entre todos estes cansativos governadores mandatário da Troika, digamos que, neste momento, sobressai o snr. Relvas!
ResponderEliminarO homem é tão tolo, que não há sossego enquanto o tivermos a dizer coisas que todos nós sabemos que não sente nem conhece!...
Um, entre vários (quase todos...)
Até o gato está com ar cansado....M.A.A.
ResponderEliminarTem motivos para estar cansado o BB.
ResponderEliminarE nós, como estamos?
Boa tarde amiga, vim agradecer sua presença amiga lá no meu cantinho. muito obrigada!
ResponderEliminartenha uma linda tarde abraço amigo
Maria Alice
Também li a crónica de BB. Fabulosa como sempre, traduzindo o que nos vai na alma.
ResponderEliminarDo cansaço, no próximo ano, passaremos à prostração completa. Como será a nossa vida a partir de Janeiro?
Não estou só cansada, também estou muito preocupada.
Também a li como sempre...e também o cansaço se apoderou de mim!
ResponderEliminarEste poema de Álvaro de Campos nunca me cansa!
Abraço
Blue, fui ler o texto que te deixou de rastos. Uma trapaça, uma aleivosia. Não te rales. Eu sei que houve muita gente assim mas houve, ao longo destes anos todos, muitos e muitos que não se enquadram nesse perfil. Don't worry!
ResponderEliminarObrigada, Carlos, pela sugestão. Vou ver se compro.
Pois é, Isabel, também estou, além de cansada com isto tudo, estou bem angustiada, muito preocupada mesmo!
Era só para te dizer, Graça, que os teus textos são fantásticos!
ResponderEliminarQuanto a tudo o resto, ainda tenho esperança que o cansaço de todos nós, se transforme, de um momento para o outro, na força necessária para acabarmos com estes bárbaros.
Obrigada, bom amigo, pelas amáveis palavras. Também faço votos para que essa força brote rapidamente em todos nós.
ResponderEliminarBeijo