sexta-feira, 23 de novembro de 2012

Medo



Impossível calar! Não se passou no privado, foi mesmo numa escola pública: depois de regressar da sua licença de parto, uma jovem mãe professora que tinha – como todas as outras, de há já alguns anos para cá – direito à sua redução de horário para amamentação, foi sendo impedida de a gozar porque a direção lhe ia dizendo que não tinham ninguém para a substituir com os alunos e a jovem lá foi continuando a cumprir o seu horário completo. Instada pelos colegas a exigir os seus direitos, acabou por admitir que não confrontava a direção porque é contratada e receia que não lhe renovem o contrato no próximo ano.

É este tipo de diretor-patrão que contrata quem muito bem entende e descontrata quem o contraria, que define critérios de contratação em que só falta o nome do candidato pretendido, que desenha horários “de vingança”, que esculpe e define a vida dos contratados porque eles precisam de ser contratados.

Foi esta a autonomia que o ministro (C)rato pretendeu e pretende implementar nas escolas: o poder discricionário e ditatorial dos senhores diretores e das suas equipas que começam a agir como quando comecei a dar aulas antes de 74. De facto, eles podem porque sabem que (já) não há CAE, nem há DRE, nem ninguém que defenda os verdadeiros direitos e interesses dos “subordinados”, mesmo os previstos na lei. 

Assim é fácil fazer implodir o Ministério da Educação, como prometido.

18 comentários:

  1. É realmente aterrador, Graça!
    Às vezes estas pessoas com poderzinhos, metem-me mais medo do que o governo, acredite...
    Bom fds

    ResponderEliminar
  2. Esta gente quando se vê com o poder na mão, muitas vezes age como um verdadeiro ditador. E isso é que é lamentável...

    Beijocas e bom fim de semana, Graça!

    ResponderEliminar
  3. Esse mesmo medo impede muitos de exigir o que é de direito. É a sina do trabalhador português. :(

    ResponderEliminar
  4. O rebanho consente... e que pode uma ovelha isolada?

    ResponderEliminar
  5. E eu que pensava que a minha filha professora era a que tinha o emprego garantido! Puro engano! O que mais por aí virá!...

    Ju/sonhadora

    ResponderEliminar
  6. Sim, ainda vamos passar muitas agonias e calamidades, pois isto ainda não parou.... é como uma bola de neve.
    Então saíam do País os operários especializados e a mão de obra barata, hoje saem os doutorados e os engenheiros. Formam-se na terra para sair a ganhar o pão longe dela.
    Aquele abraço

    ResponderEliminar
  7. Estamos de regresso ao cerdadeiro espírito de Estado Novo, Gracinha!

    Só estou para ver em quem vão votar as prssoas - ou se nem sequer cumprem esse dever - nas próximas eleições...

    Bons sonhos

    ResponderEliminar
  8. Por todo o lado e em todos os sectores da economia, do público ao privado, o medo de perder o emprego tornou-se real e subjugador.
    Desde que li um relato sobre uma senhora que, tendo sido vítima de um acidente de viação, se recusou a ficar internada no hospital para fazer exames e receber o tratamento necessário porque não podia faltar ao trabalho na manhã seguinte... acho que já não me choco com nada.
    Segundo apurei a senhora em causa é bancária.

    (sobre este caso, ler aqui: http://ac-nadadecoisanenhuma.blogspot.pt/2012/10/malditos-tempos-modernos.html )


    Um beijinho Graça, e bom fim de semana.

    ResponderEliminar
  9. Doeu-me a alma ao ler este apontamento. Tudo isto é verdade e tudo se passa nas nossas barbas.

    Até quando podemos suportar toda esta arrogância e prepotência...?
    O medo nos faz calar mas um dia a vitória estará do lado dos mais fracos que são a maioria e que saberão votar sem se deixarem enganar por pessoas de aparência de cordeiro escondendo o lobo que alimentam...

    ResponderEliminar
  10. O medo campeia por todo este país.
    O medo de ser pobre, o medo de perder o emprego, o medo do que estará para lá da cortina espessa de nevoeiro que tempos pela frente como futuro imediato.

    Os anarquistas bem dizem:
    "O medo de ser pobre
    traz o orgulho de ser pobre."

    É com este sentimento subjacente à vida atual que temos que conviver?!...
    Uma perspetiva terrível!

    Ou a Comunidade Europeia se reorganiza no sentido de mais solidariedade e fraternidade ou a vida na Europa regressará ao período negro duma manta de ratalhos cheia de remendos mal alinhavados!...

    Algo teremos que fazer pelas nossas próprias mãos ou estaremos irremediavelmente condenados à miséria e/ou à emigração.

    ResponderEliminar
  11. Escravos somos todos de um sistema falido! Bati muito de frente com essas injustiças... Causa-me náuseas o subjulgar em nome do poder!
    Bj. Célia.

    ResponderEliminar
  12. é verdade, Graça.

    o medo impera em todos os que trabalham, com o desemprego tão nu e cru.

    abraço

    ResponderEliminar
  13. Se fosse só aí, com a situação que se vive actualmente temos um campo fértil para os abusos. Beijinho.

    ResponderEliminar
  14. Por aqui acontecem muitos abusos assim... nada escancarado, nada colocado em palavras - para não acarretar uma ação trabalhista - mas todas as jovens mamães sabem do risco que correm ao usufruir de sua licença maternidade e a grande maioria retorna ao trabalho antes de expirar seu prazo de direito. E ainda pisam em ovos para exercer sua redução de carga para amamentação. Isso tudo para evitar que sejam substituídas por outra pessoa - sem filhos e que seja vista, por isso, como mais dinâmica e competente. Absurdo!
    Bjs

    ResponderEliminar
  15. Correção ao comentário acima:

    "O medo de ser pobre
    traz o orgulho de ser escravo."

    ResponderEliminar