Não há coincidências...

Não, não há coincidências! Nós é que, sub- ou inconscientemente, as forçamos.

Ouvi falar no Tocandar – grupo e percussão da Marinha Grande – quando o meu colega R. da Escola Secundária Calazans Duarte daquela cidade apresentou o respetivo projeto numa pós-graduação em Administração Escolar que fizemos pelo ISCSP, há uns anos, quando nasceu a (triste) ideia de recuperar a (triste) figura do diretor nas escolas. Tratou-se de um projeto criado por professores e que tinha por finalidade dar um objetivo de vida a alunos desmotivados e desinteressados pelos estudos. 

Em todo este tempo, desde há uns vinte anos – o tempo do cratense (ou cratino?) “eduquês” – houve muitos e muitos professores que foram verdadeiros pedagogos, psicólogos, sociólogos, e sei lá que mais, empenhados em educar os seus alunos nos mais francos valores da cidadania, como foi o caso dos que criaram este projeto de que falo hoje. E se aqui afirmo isto é porque este senhor ministro (C)rato pensa, tal como se pensava nos anos 50/60, que os professores servem apenas para transmitir – repito: transmitir e não fazer aprender – a forma de fazer raízes quadradas, de resolver equações e de preparar os alunos para realizar os exames que ele agora reabilitou a partir dos 10 anos para ver se os professores “deram o programa” e se os alunos o sabem papaguear.

Ora ontem, depois de participarmos na manifestação popular aqui em Leiria, fomos até à Marinha Grande, ver o movimento, que seria – como foi – bastante mais participado.

Quando a multidão começou a juntar-se, ouvimos o som de tambores a aproximar-se e eis que chega o completo e jovem grupo de percussão em grande sintonia a animar os manifestantes. No jardim da concentração, fizeram uma pequena mas bem viva atuação tendo depois seguido rufando os seus tambores numa volta pelas ruas da cidade com os todos os populares atrás gritando as suas palavras de ordem e empunhando os seus criativos cartazes.

Senti-me bem próxima daqueles jovens que atuavam em grupo porque, de certo modo, conhecia a sua história e também porque me revi no trabalho desenvolvido pelos professores que os apoiaram e, certamente continuam a apoiar.

Porém, o que me enterneceu mesmo foi ver – sentir – uma jovem avó, toda de escuro vestida, chegar-se junto do músico da gaita-de-foles, ali mesmo pertinho de mim, e, com o ar mais ternurento que se possa imaginar, meter-lhe a mão no bolso de trás, dizendo: «Toma, tens aqui X euros da avozinha.» E eu, que sou também uma piegas daquelas que o senhor primeiro tão bem identificou… não pude calar o meu comentário mais espontâneo e mais sincero: «Que lindo!»

A avó olhou-me de relance e aí eu, ato contínuo, (re)conheci a minha/nossa amiga Flor de Jasmim.

(O tocador da gaita-de-foles à direita na foto)