Ai tantos popós!...

No telejornal das oito de ontem, a formiguinha locutora que, qual cigarra, todos os dias apresenta vestidinhos e fatinhos diferentes, lindos e caros (sabem de quem estou a falar?) disse e repetiu que os políticos quando saem à rua cada vez mais são apupados pela população em fúria. E, a propósito, iam passando as imagens dos ataques aos carros de alguns ministros, a imagem da ministra que ia levando com um ovo na cara, até chegarem aos apupos ao presidente. Aí aparecem pessoas exaltadíssimas, mulheres especialmente, que gritavam à passagem de Cavaco que, parecendo saído de outra realidade, lhes acenava tentando aquele esgar que pretende ser um sorriso.

Face à cena completamente desfasada e desconcertada do senhor presidente, lembrei-me sabem do quê? De uma anedota que se contava quando Salazar já tinha “caído da cadeira” (parece que afinal ele não caiu de cadeira nenhuma, apenas sofreu um AVC) mantendo-o na ilusão de que continuava a ser o chefe de Estado. Ora um dia teriam ido mostrar-lhe como Lisboa estava linda e evoluída e, ao passarem pela ponte de seu nome, ter-lhe-iam perguntado: «Senhor presidente, lembra-se da ponte que V. Ex.ª mandou construir? Veja como está cheia de movimento…» Aí Salazar, completamente deslembrado da realidade, bateu palminhas com as mãozinhas e disse: «Ai tantos popós!...»