segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

Postais de Natal


 


Havia anos, nos meus tempos de adolescente que eu escrevia trinta e mais postais de Natal: eram as amigas do peito, os tios, os avós, os amigos da praia (todos os anos fazia imensos amigos e alguns namorados na praia...) e as pessoas adultas que me mereciam consideração. Era um ritual. Escolher os postais mais bonitos e mais baratos para a minha mãe não resmungar. Lá em Sintra essas compras eram feitas  na Camélia e no Sr. Silva que tinha uma pequena papelaria junto à Periquita das queijadas e era muito surdo, o que dava para nos rirmos imenso à sua custa... Depois, ir comprar os selos de $50 (cinquenta centavos) que davam para enviar os postais desde que os envelopes fossem abertos. E, por fim, escrevê-los, todos com prosas diferentes, o que me dava para pelo menos duas tardes divertidíssimas.

Mantive sempre esse hábito que achava muito delicado e simpático da minha parte e recebia imensos postais lindíssimos cheios de palavras queridas, muitos dos quais ainda guardo. Ainda há poucos anos enchia a madeira da lareira com os imensos postais que recebia.

Quando estava na direcção da escola, costumava decorar a porta da entrada do gabinete e a janela em frente com os postais recebidos de outras escolas e de outras entidades. Ficava colorido, animado e dava para toda a gente poder ler e saber quem nos tinha felicitado.

Com o advento e o uso em massa da internet, foi-se perdendo esse hábito que, de algum modo aproximava as pessoas e fazia com que nos lembrassemos uns dos outros. Agora, recebem-se aqueles postais virtuais muito lindos mas, isso mesmo, virtuais e os mails que reencaminhamos para todos os contactos ao premir de um simples botão e pronto!

Tudo em nome da poupança de tempo. Que faremos com tanto livre que as novas tecnologias nos proporcionam? Entramos em depressão ou, então, mais saudável e menos dispendioso, dizemos mal do governo...

Deixo aqui uns postais de Natal muito originais especialmente para os amantes de cães e de gatos. Espero que gostem.

E, já agora, como se dizia nos ditos postais: Boas Festas e Feliz Ano Novo para todos!


 


5 comentários:

  1. Lindos!
    Também eu fazia isso...
    E depois era esperar o carteiro...que não precisava de tocar duas vezes! :-))
    Ainda não comecei com essas "cenas" de mails natalícios, talvez envie uma foto minha, quer dizer tirada por mim, para os amigos!
    Se mandasse uma foto minha, talvez se esquecessem do governo para se rirem da minha cara... :-))

    Bisous

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  2. Ao ler o teu post, quem te conheceu como eu, nesses anos gloriosos da década de sessenta do século passado, verifica que deixaram em ti uma marca para toda a vida.
    Não dá para fazer longos "post's", mas com a tua facilidade, aliada à tua memória de elefante, faço ideia, nem uma página de formato A4 dava para tanta lembrança.
    Admiro (não fosses tu uma boa profissional) a tua imaginação, e motivação diárias, para alimentares esta planta bravia que é o teu blogue.
    Não me vou repetir, em relação aos votos da quadra, mas se houver vida para além desta (nunca ninguém veio cá dizer nada), que o Silva esteja no "além" a vender prendas, postais, rebuçados, enfeites natalícios, tudo o que os torne felizes, e que estejam lá muitos anos sem a nossa companhia, mas normalmente lembra-mo-nos mais nestes dias, dos que partiram e nos eram queridos.

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  3. "(S)Cença, (S)cença, (S)cença...
    ai que me esqueci das pipocas!
    (S)Cença, (S)cença, (S)cença..."

    Comecei a correr o blogue desde o cabeçalho...e, como tenho andado a ver mais televisão do que era habitual, lá me lembrei do anúncio feito pelos "Gatos Fedorentos". Muito giro, como só os "gatos fedorentos" conseguem fazer!

    Bem, mas hoje estamos, então, a falar de postais de Boas Festas. Pois está claro. Há lá melhor maneira de mandar as Boas Festas que através dum Cartão via CTT?! Bem que nos esfalfamos a imaginar, quer dizer, basta andar a copiar na Net, clic, já está! Nhã!... Assim não vale!

    Só que os tempos são outros, não é? É muito difícil para quem viveu a geração de 60 e de 70 do séc. passado, aderir incondicionalmente a estas facilidades da Internet, sem que, nestes momentos mais significativos, não fiquemos com um sentimento misto de nostalgia, proximidade, nem que seja com o envio dum postal, e de não querer ficar num pelotão de "velhos do Restelo" - será assim?!

    Para "ajudar" a este "desencontro" dá-se o caso de que, mesmo agora, tenho à minha beira (era muito usada esta expressão no Porto, Beira-Alta e outros sítios) um livro antigo (já aqui falei dele, se bem me lembro), "Terra Lusa", Livro de Leitura para o 1º Ciclo Liceal (Anos 1º, 2º, e 3º) do Fontinha, lembra-se Carol? (de certo que não, então pois ele até pertenceu a uma aluna do Colégio Luso-Britânico de Évora (1949, eheh)
    Cá está o Guerra Junqueiro a escrever um poema sobre o Natal

    (...)
    Ajoelham magos,
    - Êxtase profundo!... -
    Com os olhos vagos
    No Senhor do mundo...
    (...)

    Outros tempos, outras maneiras, tão cândidas algumas, de encarar a vida!

    Feliz Natal, Carol
    Votos extensivos a todos os leitores, obviamente

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  4. Belos comentários dos dos meus Amigos, que muito agradeço.
    De facto, não tive esse manual "Terra Lusa", mas também não me lembro como se chamava o que tive... Mas dos versos do Guerra Junqueira gosto. como gosto dessas (algumas) outras maneiras mais cândidas de encarar a vida. Sou uma optimista e uma romântica! Obrigada pelos votos de Feliz Natal que retribuo, António.

    Meu querido Gato Preto, sempre pronto a elogiar-me e eu sem merecer... realmente tenho muito boa memória e sim, a minha passagem por Sintra (foram 16 anos!) marcou-me para o resto da vida!
    Quanto a isto do blog... é como se fosse mais uma aula diária que tenho para preparar. Todos os dias os meus planos de aulas eram diferentes e bem dinâmicos. No fim do ano lectivo ia tudo para o lixo e no ano seguinte, toca de fazer tudo de novo e tudo diferente. Durante quarenta anos. E não me cansei!
    Beijos natalícios

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