domingo, 5 de abril de 2020

Histórias da minha rua (13)

A rapariga já ultrapassou os 20 anos e mora ali mais abaixo. Conheço-a desde garotinha, superprotegida sempre, de família endinheirada, mas com pouco capital cultural.

Com bastantes dificuldades de aprendizagem, lá foi percorrendo o seu percurso escolar até ao 12º ano, tendo eu sido chamada muitas vezes a fazer com ela algum «estudo acompanhado».

No decurso de um qualquer ensino superior, entrou num estágio curricular numa instituição que acolhe idosos, o qual, mercê desta incrível pandemia que estamos a viver, foi interrompido, sabe-se lá até quando. Esta demora e esta incerteza de quando as coisas retomarão o seu rumo normal incomoda-a sobremaneira, aliás como a todos nós.

Um dia destes, telefonou-me e, a propósito das notícias que vão passando nas televisões – mas que ela pouco vê – dizia-me ela: «Só falam da doença e da economia, da economia e da doença e nada de dizerem quando os estágios recomeçam!»

Apesar de a conhecer bem, eu não queria acreditar no que estava a ouvir! Como pude lá lhe dei uma reprimenda, mas duvido que ela tivesse entendido o que eu queria dizer.

É gente desta que temos muita e… votam!




31 comentários:

  1. O Senhor Munch bem sabia o que pintava!

    Bom domingo!

    Lídia

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  2. A pintura é bem elucidativa do texto que nos é sabiamente oferecido
    .
    Um domingo de Ramos muito feliz

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  3. Coitada da rapariga! Preocupa-se com aquilo que, no momento, mais a afecta de perto...Se uns nascem e crescem, abençoados com inteligência, perspicácia e capacidade para tudo entender e absorver, num instante, outros, menos abençoados de tais dons, terão mais dificuldade em apreender o que se passa no mundo em que vivem...excepto, o seu pequeno mundo.
    Uma boa Mestra tem de ser tolerante...:)

    Se eu te perguntar a que propósito te lembraste da obra "O Grito" de Edvard Munch, vais achar que eu sou outra como a tua vizinha e ex-explicanda, só que eu estou aqui e sei...ela não, Gracinha!

    Já agora, há quem diga que essa tela foi mal interpretada. Pois não representa um grito de horror, nem medo, nem pavor do que quer que seja.
    A figura de mãos nos ouvidos e boca aberta expressará apenas o êxtase do autor perante um magnífico pôr-do-sol.
    E esta, hein?? :)

    Beijinhos e saúde, Graça.

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    1. Também me parece mais caro de horror, de espanto, do que de grito!

      Quanto à minha ex-explicanda... só te digo que é mais egoísmo do que outra coisa... mas enfim. Cada um é como é!

      Beijinhos e boa saúde, Janita!

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  4. Estou aqui a pensar... e estou na dúvida se realmente compreendi o teu texto...

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    1. Não tinha percebido se a rapariga tinha ou não uma deficiência cognitiva significativa. Pela resposta que deste à Janita, presumo que não, que talvez tivesse necessitado apenas de apoio adicional na execução dos trabalhos de casa e/ou explicação mais pormenorizada das lições... mas que está absolutamente ciente do que se passa nesta nossa atualidade surreal e que tem (ela) outras prioridades que não o vírus. : )

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    2. Ela sofre (apenas) de dislexia ao nível da associação das ideias e de um imenso desinteresse por tudo que não lhe diga respeito. Uma pena. Até porque é boa rapariga...

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  5. Se ela estava a trabalhar com idosos e sente falta do estágio (ou quiçá de despachar o mesmo o mais rapidamente possível) bom mesmo era voluntariar-se a ajudar os idosos a ultrapassar esta fase, mesmo que eles tenham ido para casa necessitam de ajuda certamente.

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    1. Ela não sente falta do estágio - ela quer é despachar aquilo para ficar livre e poder ir passar o verão à sua casa na praia...

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  6. Votam. E escolhem Trumps, Bolsonaros e outros que tais.
    Abraço e saúde-

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  7. Viva.
    Como dizia Paulo Freire, se perguntares ao pobre se quer pão ou educação, ele responde logo que quer pão. È a vida .
    Abracinho

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  8. Não é a única a sentir o mesmo!!!
    Boa semana 🙏

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  9. A pandemia adiou tudo. Nem sempre todos compreendem que agora á preciso curar as pessoas… Bem escolhido o grito de Munch.
    Uma boa semana com muita saúde e cuidados.
    Um beijo.

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    1. Muito obrigada.
      Boa semana com saúde a muitos cuidados Também-

      Beijinho.

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  10. Gracinha, voltei para te dar um abraço e desejar-te um bom Dia de Aniversário.
    (Como sabes, não tenho FB.)

    Beijinhos grandes, querida Graça!

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    1. Muito obrigada, Janita, por te lembrares... Hoje seria dia de receber um telefonema do nosso querido amigo Rui...

      Beijinho.

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    2. É verdade! Também no meu dia de aniversário o Rui me telefonava sempre, e passava à Lena para também ela me dar o beijinho.
      Não o esqueço, mas nem quero pensar muito para não sofrer mais.
      Outro abraço, Graça.

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  11. E é assim que aparecem os Trump e Bolsonaro.
    Beijinhos

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  12. É de facto assustadora a falta de cultura e o egoísmo cego de uma grande - excessiva - parte dos nossos jovens. Poderiam eles ser diferentes, a crescerem nesta sociedade em que se desvaloriza a cultura e se ensina o "salve-se quem puder"?

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  13. Acho que a coitadinha é mesmo débil mental...

    Beijinho
    ~~~

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