Sabem os que por aqui passam que
o nosso jornal cá em casa é, desde há muitos, muitos anos, o DN. E também desde
sempre gostei das revistas e magazines que este jornal publicava aos fins-de-semana.
Ultimamente, porém, e lamentavelmente, essas revistas têm vindo a ser
transformadas e, na minha modestíssima opinião, a perder qualidade.
Podia falar da revista do sábado
que, desde a saudosa DNA, tem vindo a perder toda a sua pujança ao desperdiçar
articulistas como Rolo Duarte ou Mega Ferreira e ao abandonar as suas
excelentes secções culturais. Mas hoje – ando para fazê-lo há muito – quero
fixar-me na Notícias Magazine, a revista do domingo. Que saudades dos bons
cronistas, das boas temáticas, dos excelentes artigos da psicóloga de serviço,
de medicina pediátrica, dos problemas da adolescência, de educação sexual, de
educação em geral. Que saudades da fina bruteza daquele provocatório economista
Manuel Ribeiro que, com o máximo de ironia destratava as mulheres (e as
professoras) em todos os seus aspetos e punha a ridículas as “nossas”
proverbiais paroladas. Que saudades das histórias tão bem contadas pelo médico
Lima Reis. Quem não se lembra das crónicas pró-eróticas do Sexo e a Cidália? E
aquele belíssimo suplemento infanto-juvenil cheio de passatempos e curiosidades
encantadoramente ilustrado, que é feito dele? Que saudades até dos editoriais
das diretoras que antecederam a atual, uma senhora que se chama Catarina
Carvalho, que por exemplo no editorial de hoje escreve assim:
«Correm agrestes e azedos os dias, nestes tempos de crise em Portugal.
Para os ricos. E em especial os banqueiros, bancários e todos os que tenham
feito toda e qualquer fortuna, pequena ou grande, no setor financeiro. Não
totalmente sem fundamento, como às vezes são as reações populares, os
portugueses têm neste momento para com os bancos e os banqueiros uma relação
psicótica. Culpam-nos de todos os problemas por que estão a passar, mesmo que
foram criados por eles próprios e pela sua ingenuidade. A favor deste
sentimento popular estão os processos colocados pelo governo dos EUA aos
grandes bancos e, mais recentemente, à agência de notação Standard & Poors,
pelas suas responsabilidades na crise do subprime que veio desembocar na atual
crise das dívidas soberanas. Ulrich é apenas a última vitima das
circinstâncias. (…) »
Tadinho do senhor Ulrich!
Tadinhos dos bancos e dos banqueiros!
Aqui há um mês a mesma senhora,
que dirige a atual revista enchendo-a de crónicas parvas da parva dos Deolinda e de propaganda a chefs e aos seus restaurantes, como agora
é moda, pôs a ministra Assunção Cristas nos píncaros da lua ao dizer que «está a fazer exatamente o que Portugal
precisa: bebés. Se formos a ver bem [continua a senhora] na gravidez desta ministra está muito mais
o futuro do país, como um todo, do que a emancipação das mulheres, como se anda
por aí a discutir, nos media tradicionais e redes sociais.» E depois
acrescenta: «Qualquer reflexão sobre
incentivos à natalidade em Portugal tem de partir da pergunta óbvia: porque é
que as mulheres e os homens portugueses não têm filhos? Cristas tem, obviamente
a resposta (…) é o epítome de todos os microproblemas que milhares de mulheres
enfrentam para conciliar gravidez, trabalho e família.(…)»
Alguém poderia dizer a esta
senhora que as mulheres e os homens portugueses não têm bebés como a Cristas
APENAS porque não têm, porque não há condições de quase nenhuma ordem no atual
país para os terem? E não têm as condições da ministra Cristas!
Que mal dirigida está a Notícias
Magazine! (Uma palavra de exceção apenas para os textos de última página do
escritor Gonçalo M. Tavares)
Bom, jornal cá em casa só o "Expresso". Que raramente leio, é mais leitura para a cara metade...
ResponderEliminarMas podes crer que depois de ler dois ou três artigos dessa fulaninha, pura e simplesmente deixaria de comprar! Há suficiente gente parva no mundo a botar faladura, para ainda lhes andar a ler as opiniões... :P
Beijocas, Graça!
Em primeiro lugar
ResponderEliminarDeixe que lhe faça comunicar
Que ocupou, está ainda a ocupar
O espaço destacado
que destino ao Gonçalo
É verdade, cedi-lhe o espaço que dou "Nas conversar de esplanada" ao escritor que, no Noticias Magazine" ocupa a última página...
Agora sobre o DN. Foi o meu jornal (depois do Diário de Lisboa" ter desaparecido). Ainda é o meu jornal às quartas (pelo Baptista Bastos), ao Domingo (por causa do Gonçalo). O BB há duas semanas que não aparece... e o Gonçalo, só por ele, não justifica que engula o que resta do jornal.
Acho que vou mudar...
ResponderEliminarSobrescrevo [quase] na integra. Até fiquei com saudades de algumas rubricas que citou da "outra" Notícias Magazine onde cheguei a ter pequenas histórias publicadas no suplemento "Terra do Nunca", revista dedicada às crianças.
Agora... Está fraquita! Mantenho a minha fidelidade a Gonçalo M. Tavares e a Ferreira Fernandes que gosto de ler.
Cá em casa é o Expresso por enquanto!
ResponderEliminarmas por o que contas se fosse o meu habitual deixaria de ser.
boa semana Graça
beijinho e uma flor
Estimada Amiga Gra;a Sampaio,
ResponderEliminarComo deve calcular sobre essas materias ando a leste faz quzse meio século.
Em Macau, embora sejam editados 4 jornais em português, não passam de pasquins e como tal nem de dou ao trabalho de os ler.
Abraço amigo votos de óptima semana
bem, o "DN" nunca foi o meu jornal, a e revista sempre a achei uns furos abaixo da "pública" que agora também é outra coisa... mas eles desculpam-se (como os senhores da televisão), que é daquilo que o "povo" (essa coisa tão abrangente) gosta.
ResponderEliminarhá uma perda de qualidade enorme, alimentam a falta de identidade cultural, cada vez mais notória, com "fair-divers" e "comes e bebes" finos...
abraço Graça
Concordo inteiramente com a tua opinião. Já para não falar de artigos, sem pés nem cabeça, porque a marca paga a publicidade da revista...e também me parece que cada vez mais temos duas realidades em Portugal, sendo que uma só pertence a 1% da população...se calhar, nem isso...beijinhos Paula
ResponderEliminarGraça!
ResponderEliminarEnfeitar com palavras, brincar com as mesmas, a dura realidade pela qual passamos é fácil! Quero ver governantes e seus assessores limitarem-se à prática e menos à teoria... A realidade hoje é bem outra daquela em que nossas avós, bisavós ficavam em casa para parir, cuidar dos bebês, pilotar fogão e tanque... Acordem!! Parabéns por suas sensatas colocações.
Bj. Célia.
Amiga esta gente vive noutro planeta, noutra realidade.
ResponderEliminarSinceramente dão-me vómitos quando abrem a boca.
Beijinho e boa semana
Não me posso manifestar, Gracinha, porque sou uma ignorante.:)
ResponderEliminarMas, deixo-te um enorme beijinho.
Desculpa por andar meio desaparecida.
Acompanho, mas não comento tudo porque o computador está sempre a desligar (ainda não tive tempo de retirar o que tem dentro, desde dezembro para cá, para o levar à garantia)
Já há muito tempo que deixei de Ler o DN ao domingo e não tenho esmo jornal certo. Vario entre o Público, o DN e mesmo o JN, quando estou lá por cima.
ResponderEliminarQuanto ao que diz essa senhora, coincide com a crónica de hoje do João César das Neves no DN.
Para ele, o problema do país não é a falta de dinheiro... é a falta de bebés.
O dinheiro que se gasta a pagar a idiotas para escreverem parvoíces. Mas, cá para mim, não é por acaso...
Concordo plenamente quanto à qualidade da revista de domingo do DN. A baixa de qualidade é notória, é como a noite do dia.
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