Francamente estou chocada! O
Ministério Público pediu sete anos de prisão para Afonso Dias, a última pessoa
que esteve com o pequeno Rui Pedro, de onze anos e desaparecido há 14. Foi ele quem o
levou no seu carro, antes de ter desaparecido, para estar com uma prostituta, a qual o identificou em
tribunal mas aquele coletivo de juízes acabou por o absolver por falta de provas!
Afonso Dia |
A incompetência está tomar conta
das instituições: das polícias, dos tribunais, das escolas, da administração,
do governo. Preocupante e lamentável!
O coletivo de juízes considerou
que não ficou provada a tese de rapto nem que o miúdo com a prostituta que
depôs em tribunal esteve há catorze anos era de facto o Rui Pedro. Com o devido
respeito e sem querer chocar ninguém, fez-me lembrar aquela velha anedota da
«maldita incerteza» e que se contava assim: Havia um homem a quem os amigos diziam
constantemente que a mulher o enganava recusando-se ele a acreditar no
adultério por parte da sua mulher. Um dia, porém, cansado de tanto ouvir os
amigos, resolver arranjar um detetive particular para seguir a mulher. Quando o
detetive lhe foi dar conta das suas investigações, contou-lhe que de facto a
mulher se encontrara com um outro homem, tendo-se dirigido a um motel. «E você
viu mais alguma coisa?» perguntou o homem, ao que o detetive disse que não. O
homem, visivelmente incrédulo, disse: «Maldita incerteza! Você tem de os seguir
até ao quarto porque irem para o motel não prova nada.» No dia seguinte, o detetive
voltou a falar com o homem contando-lhe que os seguira até ao mesmo motel,
entrara disfarçadamente atrás deles, alugara um quarto ao lado do deles e os
ouvira através da parede. E o homem voltou a questionar: «Mas você não viu
nada, pois não? Maldita incerteza…» O bom do detetive, cheio de paciência,
voltou a segui-los até ao motel, entrou atrás deles, deixou-os entrar para o
quarto e pôs-se a espreitá-los pela janela. E lá voltou a reportar ao seu
empregador tudo o que tinha visto. Pergunta o homem: «Então eles despiram-se e
foram para a cama e depois?» ao que o detetive responde: «Depois vim-me embora,
claro! Não fiquei lá para ver o resto…» E o bom do homem: «Que diabo! Esta
maldita incerteza….»
Assim estão os ou as juízes/as
daquele coletivo de Lousada: aquela maldita incerteza…
Quando ouvi a noticia também fiquei banzada!
ResponderEliminarBjs
Não pude deixar de rir com a anedota, o resto é cá uma tristeza...
ResponderEliminarà conta dessas malditas incertezas é que a nossa justiça anda pelas ruas da amargura... :(
ResponderEliminarBeijocas!
Não comento o caso, não por fuga mas por pura ignorância... comento a justiça. Desde 1974, quando soube que todos os juízes de tribunais plenários foram reintegrados falei com a minha deusa, Thémis, e ela chorou lágrimas de sangue. De quando em quando vou-a espreitar. Continua, continua a chorar...
ResponderEliminarSegue um texto histórico:
"Durante o funcionamento do TME foram razoavelmente constantes os juízes e outros membros que o compunham. Nos 12 anos que durou, o TME teve 7 juízes presidentes, 13 vogais, 9 juízes auditores e 10 promotores, quase todos (à excepção dos auditores) militares da confiança política do regime e com provas dadas na “defesa da ordem”. O corpo de juízes dos Plenários também assentava num núcleo duro acima de qualquer suspeita de tergiversação ou de menor diligência na colaboração com a PIDE. São 81, os juízes que passam pelos TP de Lisboa e Porto entre 1945 e 1974: 39 desembargadores presidentes e 42 juízes auxiliares. Dos primeiros, um pequeno grupo de 10 (25,6%) julgará 87,7% dos réus considerados nesta amostra (2. 847). Quanto ao segundo corpo, também um número de 33% de juízes auxiliares participa no julgamento de 100 ou mais réus (84,6% da amostra considerada). A mesma tendência de estabilidade em torno de um grupo de confiança política se verifica quanto aos 40 magistrados do Ministério Público, na realidade os porta-vozes imediatos da polícia política nos processos: 9 de entre eles participaram no julgamento de 76,6% dos réus que sustentam a amostragem utilizada.
Finalmente, o estudo reconstituiu as linhas gerais do processo legislativo e político com que a Revolução de 1974/75 lidou com os juízes e magistrados que integraram os Tribunais Plenários, mas não o percurso e o destino final de cada um deles e do seu conjunto em termos de saneamentos e reintegrações. As consultas realizadas parecem porém autorizar a conclusão de que, com a excepção dos juízes e magistrados do MP em funções nos TP aquando do “25 de Abril” (imediatamente aposentados compulsivamente), todos os demais entretanto colocados noutros sectores do aparelho judicial só foram suspensos (se efectivamente o foram…) em Março de 1975. E destes, tudo indica que foram reintegrados ao abrigo das medidas de reclassificação adoptadas em fins de 1975 e 1976 (1).
(1) Dados retirados da «Introdução» e da «Conclusão» do estudo sobre os tribunais militares e plenários da ditadura militar e do Estado Novo, entregue ao Sr. Ministro da Justiça, em Junho de 2008."
Um horror!
ResponderEliminarSei o que aquela família está a passar!
Pior mesmo do que perder um filho é não saber o que lhe aconteceu, o único que poderia esclarecer este mistério manter-se calado e não acreditarem no testemunho de uma prostituta!
É chocante, revoltante mesmo!
(A mesma incompetência que impediu a pronuncia do casal mccan?)
ResponderEliminarMais importante que a condenação teria sido a descoberta do paradeiro do Rui Pedro.
Pois minha amiga, nem sei o que te possa dizer face ao estado da Justiça no nosso país.
ResponderEliminarFica bem
Cá p'ra mim, a incompetência já tomou conta das instituições! Há que tempos!... Por isso, embora lamente, nada disto me admira. E espero cada vez pior.
ResponderEliminarTambém estou chocada. Pobres pais , que sofrimento tão grande.
ResponderEliminarM.A.A.
Sintonia perfeita. Pensei escrever sobre este tema, assim já não faço.
ResponderEliminarComo pai, e avô, já me tenho colocado muitas vezes "na pele" destas pessoas.
O que esta gente tem sofrido desde o primeiro dia do desaparecimento daquela criança, um horror.
Entendo ainda, que se trata de um caso de pura extorção, algo correu mal, e o corpo da criança nunca mais vai aparecer. No entanto como sonharam que aquela gente tem dinheiro, todos têm estado a sugar. Desde vigaristas com pistas falsas, até aos advogados que prometem mundos e fundos, a troco de fortunas, aquelas pessoas na ânsia de reaver o seu menino, dão tudo.
Sobre o arguido, não quero condenar ninguém, mas é estranho todo o seu comportamento.
A polícia andou mal, desde o primeiro dia deste fatídico caso.
Pois é, Rogerito! Pois se até os "pides" foram "absorvidos" pela população?! Foi mesmo uma revolução de flores... por isso agora não mais florimos, desflorados que estamos!
ResponderEliminarNão somos um povo de "brandos costumes", somos um povo atemorizado e indiferente. Uma pena!
Por acaso não esperava outra coisa... e aquilo das provas não ficarem provadas... o costume.
ResponderEliminarE quanto a justiça... quem tem dinheiro tem um advogado topo de gama, quem não tem dinheiro... nem vale a pena perder tempo...
Como bem dizes, um país de tristes e indiferentes.
Bjos