Os meus pais na Vieira |
Quando vivemos na Vieira (de
Leiria) aí pelos anos 56/57 do século passado, o meu pai, que estaria pelos 36/37
anos, foi aconselhado a vir a Leiria consultar um cardiologista que, diziam,
era muito bom, para avaliar uma deficiência cardíaca congénita de que sofria.
Não sei precisar se veio à
consulta de camioneta de carreira com a minha mãe, se se deslocou à cidade de
carro com um dos filhos dos patrões, os “velhos” Feteiras, só me lembro de,
chegada da escola, ouvir a minha mãe dizer que «a besta do médico» dissera ao
meu pai que, da forma como ele tinha o coração, não teria mais de 24 horas de vida.
Todas as noites, depois do
jantar, o meu pai saía para ir ao café enquanto nós ficávamos em casa – que as
mulheres e as crianças não iam ao café – a arrumar a cozinha e a ouvir rádio,
ou a ler, ou a fazer outra qualquer atividade própria das mulheres.
Essa noite não foi diferente de todas
as outras noites: o meu pai, depois de ir fazer festas ao nosso cão de guarda,
um belo e possante Lobo d’Alsácia, saiu para o café e não regressou, como era
mais ou menos habitual, antes de eu ir para a cama. Soube, no dia seguinte, que
fora para a “farra” com alguns dos filhos do patrão Albano possivelmente para
Leiria, provavelmente para a Figueira e apanhara uma daquelas bebedeiras “de
caixão à cova”…
Que teriam feito no lugar
dele?...
Teria completado ontem 93 anos se
tivesse sobrevivido aos seus 49 anos de idade.
Difícil dizer. As pessoas reagem de forma diferente à mesma notícia… mas uma bebedeira não me parece anormal nestas circunstâncias!
ResponderEliminarAbraço
Se eu fosse homem e tivesse a idade dele na altura , teria feito precisamente a mesma coisa.
ResponderEliminarSe fosse hoje , teria ficado em casa e no dia seguinte iria para Coimbra procurar o Dr. Manuel Antunes e ver o que se podia fazer.Nem mais , nem menos....mas que morreu muito jovem , morreu.M.A.A.
Boa pergunta. A resposta é que não é fácil.
ResponderEliminarPelos vistos sentia-se apto a viver normalmente.
ResponderEliminarAtendendo à época provavelmente faria o mesmo.
O meu avô paterno também morreu com essa idade. Só ouvi dizer que ele se queixava dumas dores no peito, de vez em quando, e que um belo dia se sentiu mesmo mal e... foi-se.
Era assim a vida.
Penso que ele fez o que devia ter feito e de forma exemplar.
ResponderEliminarVamos lá a ver se a gente se entende... refiro-me à filha. Malandros, é o que vocês são, sempre a pensar mal.
:)
Não sei... com toda a sinceridade... não sei... o mais provável era fazer isso noites a fio. O mais provável era nunca o ter chegado a fazer. Vá se lá saber como reage um homem perante o anúncio da sua própria morte.
ResponderEliminarEu já passei por uma situação em que uma médica me diagnosticou uma doença grave e deu , no máximo, um ano de vida. No dia seguinte corri para outro médico, a pedir uma opinião, que me descansou. Consultei ainda mais dois médicos que quiseram saber quem tinha sido a alarve que fizera esse diagnóstico.
ResponderEliminarFelizmente já passaram mais de 10 anos, mas desde aí fiquei uma pessoa muito diferente e procuro não me privar dos prazeres que possa usufruir,pensando na necessidade de poupar para o dia de amanhã.
Bom fds
Há médicos assim, que ou porque acordaram com os pés de fora ou qualquer outra razão, gostam de alarmar os seus pacientes! Não merecem a profissão que têm, é o que é!
ResponderEliminarNão sei o que faria, mas também era capaz de organizar uma festarola com amigos! Se tivesse disposição para isso e não me deixasse abater...
Beijocas e bom fim de semana!
Há médicos que são autênticas bestas ! :((
ResponderEliminarPode-se dar uma notícia dessas de muitas maneiras !
Aconteceu-me uma coisa ligeiramente parecida (à excepção da atitude do médico) :
Um filho meu, teve um cancro ósseo numa costela, aos 20 anos. O médico disse-me (particularmente) que não contasse que ele chegasse aos 21 !
Tem neste momento 47 e óptima saúde !
.
Talvez o mesmo...depois da notícia dada pela besta(realmente não tem outro nome ) , comprende-se a reacção !
ResponderEliminarQue estreja em paz!
Pina morreu de cancro.Que tenha ido em paz. E lá se vai mais um nome importante da nosssa cultura.
Beijinhos.
Sabes que o meu pai também morreu com um problema cardíaco...
ResponderEliminarDizia que antes queria viver menos tempo mas a fazer o que gostava do que estar impedido de fazer tudo isso e chegar a velho!
Durou muito mais tempo do que o teu mas poderia também ter ficado mais tempo connosco se cumprisse todas as regras! :-((
nada a fazer, Gracinha!
São escolhas deles!
Abraço
Sei lá o que faria. Primeiro acho que ficaria cheia de pena de mim, perguntando-me porque tal coisa me aconteceria. Depois, para esquecer a tristeza, também poderia ir para a farra, só não apanharia a piela porque não consigo beber mais que a conta.
ResponderEliminarFoi uma pena o teu pai morrer tão novo. Tanto a tua mãe como tu, devem ter sentido muito a sua falta.
Beijinho
não sei.
ResponderEliminarmas para a farra não deveria ir.
talvez fosse visitar um sitio que gostasse muito, além das pessoas, claro.
abraço Graça
Uma pergunta para uma resposta difícil.
ResponderEliminarCada um de nós tem a sua maneira própria de agir e reagir.
Um abraço
Questão difícil, Gracinha!:(
ResponderEliminarbeijo
Dificil de responder, não conheço as minhas reações fora das situações!
ResponderEliminarMas penso que o teu pai fez o que mais desejou no momento.
Comoveu-me, sabes que o meu "folha seca" tinha 48 anos quando teve um, dos muitos enfartes que já sofreu, hoje para viver tem que tomar 16,5 comprimidos por dia, triste, mas real.
Em 56 foi o ano em que nasci, o meu pai também era empregado dos Féteiras
Beijinho e uma flor
Obrigada, meus queridos, pelas vossas hipóteses e pelas vossa palavras.
ResponderEliminarCaro Rui, um cancro ósseo aos 20 anos? Foi dose! Mas, felizmente, tudo acabou bem e continua. Que bom!
Bom fim de semana.
De facto é difícil dizer... mas com a guilhotina que esse "médico" lhe colocou sobre a cabeça... é compreensível. Não gosto de pensar na morte mas ela anda sempre rondando, não é?
ResponderEliminarNão faço ideia porque não sou assim muito de beber, mas esse médico é que me parece que não deveria exercer, e estava enganado por depois do seu prognóstico de 24 horas, viveu mais de dez anos.
ResponderEliminarTempos difíceis esses! Ninguém sabia nada, depois havia os famosos, grande parte muita parra e pouca uva.
ResponderEliminarAs doenças cardiacas eram um problema ninguém tinha meios de diagnóstico. Lembrar-se-ão que só na década de sessenta (1968 salvo erro), o Dr. Barnard, fez os primeiros transplantes, e sem sucesso. Hoje qualquer hospital com serviço de cardiologia faz operações ao coração substitui valvulas, e muda tudo como se fosse peças de um automóvel.
Parece que a crise também chegou aí, está a acabar a saúde para todos.