Aqui há semanas foi a falácia do ranking das escolas. Que as escolas
privadas é que se colocam nos primeiros lugares do ranking; que as escolas públicas só aparecem no segundo dígito da
escala; que não se ensina nada de jeito na escola pública; que os professores
da escola pública não se esforçam porque não são escolhidos por uma direção
forte; que na escola pública não se pratica um ensino de qualidade por causa do
bendito eduquês que tanto jeito dá ao
ministro (C)rato e aos pseudo-elitistas deste país com forma de província; etc.
etc.
Hoje foi a falácia de que cada
aluno no ensino privado fica 400 euros anuais mais barato que no público. E é
que não houve jornal nem telejornal que não embandeirasse em arco e enchesse os
títulos e os ecrãs com a poupança que o
estado faz com a educação no privado. E que fácil é convencer o público em
geral que o privado é que é bom! Senão vejamos: os alunos aprendem mais e têm
melhores resultados nos exames, são muito mais educadinhos, estão muito mais
seguros dentro das suas escolinhas e até os levam a casa de autocarro e ainda
por cima ficam mais baratos ao estado!
Então porque não se privatiza
toda a educação em Portugal? Com tantas vantagens parece ser a escolha ideal. E, ainda por cima, está
dentro daquilo que o senhor ministro (C)rato e o seu governo no todo defendem. Claro que depois
não sei quem daria resposta aos alunos que não têm sucesso, aos alunos
portadores de deficiência, aos alunos que escolhem trajetos alternativos sejam
artísticos, sejam pré-profissionais, sejam profissionais? Quem daria resposta aos
alunos que são expulsos ou que nem sequer “apresentam perfil” para sequer serem
admitidos nos colégios? Quem daria (ou deverei dizer: quem pagaria?) apoios a
todos estes alunos que não se bastam nas turmas ditas normais de meninos filhos
de algo de que se alimentam os colégios que ganham os primeiros lugares dos rankings? É que estes (muitos, muitos) alunos é que
encarecem em muito a educação. É a escola pública (despesista) que tem os
recursos humanos necessários e bons para dar resposta a todos e não só a alguns
alunos. É a escola pública (despesista) que não só “recolhe” aqueles que são sacudidos
para fora da (poupada) escola privada como nunca os sacode de si. É a escola
pública (despesista) que, apesar das recentes mudanças, tem regras estritas de
respeito pelo trabalho de professores e de funcionários, o que não acontece – e
eu sei do que falo – em muitas das (poupadas) escolas privadas.
Seriam estes esclarecimentos – e outros
– que os jornais e os telejornais deveriam acrescentar às notícias sobre os rankings e sobre as comparações entre os
gastos da escola pública e os da escola privada se quisessem prestar uma
informação séria.
Estimada Graça Sampaio,
ResponderEliminarOuvi ontem através do canal RTPi a informação sobre os gastos no ensino do estado e do particular, mas esse estudo é referente a 2008, não sei quem estará certo ou errado, só pessoas abalizadas e dentro do assunto se proderão pronunciar.
Cá em Macau existe a Escola Portuguesa que é subsidiada por várias entidades.
Abraço amigo
Boa malha!
ResponderEliminarHoje, ao jantar, argumentei mais ou menos isso a discutir com o meu genro... ter lido antes tinha-o "esmagado" com os seus argumentos...
Eu penso que os dados são de 2010...
ResponderEliminarCom os cortes feitos penso que nesta altura a diferença será bem menor com a agravante de para o público ficarem todas as crianças e jovens que não têm o perfil adequado (social, económico, cognitivo, comportamental, etc), como dizes.
Só quem não sabe como o sistema funciona pode comparar o incomparável!
Abraço
Fiz link... é o segundo do meu texto
ResponderEliminar«Se quisessem prestar uma informação séria», mas não querem!
ResponderEliminarPor isso, a tentativa quase constante de branqueamento dos disparates do governo. E então, de escolas (só?), não percebem nada! Será porque outros "valores" mais altos se levantam?
Bom fim de semana.
Parabéns pela frontalidade e pelo conhecimento sobre o tema.
ResponderEliminarCom sou da tua área e sempre defendi a Escola Pública , pelas razões que tão lucidamente apontas, sei que estás coberta de razão.
Mas que as crianças só recebidas da Escola Pública fiquem sem apoios e sem instrução não é coisa que importe a estas criaturas , pois o seu pensamento filia-se no do ministro do Estado Novo que afirmava ser inconveniente o povo saber ler e escrever, porque começava a ter ideias perigosas.Tais como, presumo, exigir liberdade, dignidade e respeito pelos seus direitos.
Só te faltou dizer uma coisa, que eu acrescento - se me permites: o puxar de notas para cima feito no privado(incluindo a Universidade Católica - donde gerlamente saem estas sumidades que tresandam ódio a tudo quanto é público).
Um enorme abraço, Graça!
Não quero saber de números (euros) mas sim de qualidade de ensino.
ResponderEliminarNão me apetece andar atrás de 'ranking's' porque são, regra geral, falaciosas e, quantas vezes intencionalmente velhacas.
O que me importa saber é se o governo, através do Ministério da Educação, está a fazer um trabalho sério.
E se o ensino está bem ou não.
No ensino está o futuro.
Professora Doutora Mestrada Graça Sampaio, os meus cumprimentos.
:)
Posso dizer um palavrão, Gracinha?
ResponderEliminarEsta gente não é gente. Não pensa.:((
(é bem pior esta miséria do que o dinheiro que nos roubam!)
bji
ResponderEliminarO que problema é fazer com que o cidadão comum entenda estas contas que, por caminhos errados até parecem certas.
Parabéns pela frontalidade. Parabéns pela coerência. parabéns por ser tão lúcida e consciente.
ResponderEliminarsou sua fã.
Pois...Com salários mais baixos,tipo escravatura,tás a ver ó Esteves?
ResponderEliminaró sino da minha aldeia.
Muito bem, Graça.
ResponderEliminarMuito obrigada, amigos, pelas vossa palavras tão simpáticas - é que eu estive 40 anos no ativo e sempre a dar muito e a fazer de tudo na escola (pública). De modo que aprendi muito. Como se diz por aqui: foram muitos anos a "virar frangos"!...
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