O meu jornal diário disponibiliza
um pequenino espaço no cantinho inferior direito de uma das primeiras páginas
para publicar breves
sms enviados
pelos leitores. E eu, na minha forma anárquica e fragmentária de ler jornais,
revistas e até textos em geral, acabo sempre por ler essas pequenas mensagens,
esses pequenos pensamentos. Há os que me agradam e com os quais concordo, há
outros que não vêm de encontro à minha forma de ver a realidade. Naturalmente!
Agora atente-se numa sms que veio a público hoje e que diz
assim: «Os socialistas são únicos:
primeiro arranjaram a crise que nos fustiga, depois pediram socorro à troika e agora apelam “à luta nas ruas”.
E içam a nossa bandeira às avessas!»
O de comentários e observações me
suscita este pequeno (porque curto e porque mesquinho) pensamento! Primeiro,
que está na linha demagógica e manipuladora criada e posta a correr por uma
certa área política sequiosa e ansiosa de “ir ao pote”, ainda utilizada hoje
por algumas cabeças pensantes do governo para manterem a chama acesa (“Estamos
a pagar a fatura da festa socialista.” disse, um dia destes, aquele ministro
Álvaro) e tão apreciada por grande parte deste povo que, de uma maneira ou de
outra, se tem deixado usar e enganar, por ignorância, por desinteresse, por indiferença,
desde o tempo daquele rei que fugiu para o Brasil e o deixou abandonado à mercê
dos poderosos invasores franceses.
Não se entende: a crise, diz-se,
foi originada e desencadeada pelos socialistas; mas de há quinze meses para cá a
crise passou a ser europeia e mundial até. Terão sido os socialistas os
culpados desta hecatombe geral? Por outro lado, e se bem me lembro, não eram os
socialistas quem queria “pedir socorro à troika”;
lembro-me de ouvir a senhora Ferreira Leite dizer que “com as influências que o
seu partido tinha na Europa”, rapidamente o país voltaria ao bom caminho. Por
seu lado, o Parlamento também deu a sua grande ajuda ao não aceitar as medidas
de poupança socialistas – para não falar na pressão e na ação desgastante do
senhor presidente!
O senhor Mesquita que assinou o sms também se enganou quanto ao apelo “à
luta nas ruas”. De facto não foram os socialistas que o senhor PM acusou no
Parlamento de incitarem às manifestações de rua.
Quanto ao episódio da bandeira,
já de mais foi dito sobre o assunto para se voltar à discussão, mas se o senhor
presidente não estivesse tão imensamente tenso naquele momento, teria decerto
dado conta do erro e logo se teria desfeito o embaraço. Imagine-se se isto tivesse acontecido com o presidente Soares…
Ou muito me engano ou daqui por
vinte anos os socialistas ainda vão ser responsabilizados pelo terramoto de
1755!