Desde o ano passado que uma
professora lá da “minha” escola organiza um passeio de fim de ano letivo para
professores e funcionários do agrupamento, o que me parece bastante agradável.
Realizaram-se, ao longo dos anos, (e continuam a realizar-se, se bem que agora
tenham destinos muito mais ambiciosos e portanto muito mais dispendiosos) passeios
mais ou menos longos, de mais ou menos dias, dentro ou fora do país, nas
interrupções letivas, que foram por de mais simpáticos e completamente inesquecíveis.
Por isso, parecem-me bastante saudáveis e aglutinadoras estas saídas de fim de
ano letivo.
Estou a falar disto porque a
colega organizadora que é professora lá na escola há meia dúzia de anos e portanto
há poucos anos me conhece deve a delicadeza e a simpatia de me mandar recado e
até de me telefonar a convidar-me para participar no passeio.
Por outro lado, o jantar (ou
almoço, conforme) de fim de ano acontece naquela escola não sei dizer há
quantos anos, mas ainda estávamos na “escola velha” (finais de 70) e já se
fazia. Sempre houve o cuidado, a delicadeza, a deferência de convidar os
colegas reformados para esse e outros eventos, convites que, enquanto foram
poucos os aposentados, eram feitas por telefone pelos conselhos diretivos,
depois chamados de executivos. Com o aumento de reformados e dos trabalhos
exigidos aos órgãos de gestão, os convites passaram a ser enviados pelo correio
até que, este ano, ficaram os coordenadores de departamento encarregados de
enviar por correio eletrónico os convites aos professores reformados do seu
departamento. O que, diga-se, me parece muito bem.
O jantar deste fim de ano
realizou-se há dois dias e, por ironia, o coordenador do “meu” departamento “esqueceu-se”
de me enviar o convite. Eu sei que não tenho estado presente nos últimos
jantares que se fizeram mas até cheguei a ter o cuidado de telefonar a agradecer
quando declinava o convite.
Não tenho a pretensão de ser
considerada especial – era o que mais faltava – mas saí da escola apenas há
dois anos, continuo a ser conhecida por lá, além de que, como já tive
oportunidade de aqui escrever, estive naquela escola 36 anos – que, por acaso passaram
tão rapidamente de tão bem que lá me senti e de tão bem que lá trabalhei – além
de que, digo-o sem qualquer ponta de falsa modéstia, grande parte da história
daquela escola foi escrita pelos grupos de colegas que comigo trabalharam.
Que não pertenço ao “grupo de
amigos” que atualmente domina completamente a escola/agrupamento, ah lá isso é
verdade e ainda bem! Gabo-me de nunca, em termos de direção da escola, ter
funcionado com “grupos de amigos” a quem são dados privilégios, por isso saí da
escola sem quase ninguém ter dado conta como se se tratasse de um professor que
tivesse estado na escola seis meses a contrato. E agora – e se calhar por causa
disso – já nem o “meu” coordenador se lembra que eu existo.
Nada de estranho se me lembrar
que, quando o diretor fundador desta escola, em 68/69 – o Dr. Serra que não foi
sequer diretor saneado com o 25 de Abril e que continuou a desempenhar as suas
funções de professor, de orientador de estágios e do que fosse necessário à
escola até à sua aposentação, – morreu em inícios de 90, estava este “grupo de
amigos” à frente da escola, nem a delicadeza, a polidez tiveram de destacar alguém
do tempo desse professor para estar presente no funeral e mandar um ramo de
flores em nome da escola.
Julguei que os problemas dos agrupamentos escolares eram outros. Se são estes, são iguais ao de um grande escritório... ou de uma repartição. E esses nada têm a ver com o ministério... da educação
ResponderEliminarSe é ressentimento é justo, sim.
ResponderEliminarSem o professor a Escola nada é...
Lembrar dos mais antigos* é questão de honra e "consideração
Deves ter sido uma ótima professora pelo jeito como escreves e pelo teu modo de "dizer dos tempos que lecionavas. Ensinar é bom demais!
Um dia vai chegar a minha hora de largar as crianças*, e nem sei o que será de mim; vivo por eles sabes.
Adoro minha profissão, e sempre participo desses encontros com os colegas "ou confraternizações como se diz aqui.
Mando-te um beijinho e agradeço por ainda seres minha amiga, apesar do problema lá no meu Blog... Sabes que a moça que copiou meu link é uma portuguesa? Pois é!
E eu adoro os meus amigos daí desse lado, amo todos "torço por vocês!
Há pouco tempo fiquei "doida por causa da Seleção* e chorei quando eles perderam, mas foi bonito vê-los jogar.
Fica com Deus.
Mery*
Infelizmente tudo vai mudando a escola a que tanto da nossa vida dedicámos está a deixar de existir, as relações pessoais azedam-se as tradições perdem-se, fica um enorme vazio. Deixei de conhecer a minha escola e os meus colegas...
ResponderEliminarBeijinhos
É como dizes...
ResponderEliminarNa minha, aqui há uns anos, fui operada por duas vezes e nem um telefonema. Também eu sei que não sou, lá, pessoa querida - não faço parte do bando dos amigos e desanco quando a coisa não me agrada. Por isso agora correram-me.
Ramo de flores quando morrer? De lá não quero nenhum. Afinal, que me mandem o que sempre de lá me deram - espinhos.
Beijo
Laura
Minha Gracinha, olha tal e qual o que acontece aqui por casa, com o maridão!
ResponderEliminarEle há jantares de início do ano, de Natal, de final do ano e nem um convite!!
E porque falo dele e não de mim? Porque eu sempre fui a "paraquedista" que veio de Lisboa. Mas ele, não! É da terra, é de família muito conhecida, deu fins de semana, dias, noites à escola, como só ele, o fez. Nas feiras medievais, setecentistas e afins trabalhava, sem olhar a horas, para a sua montagem, para que tudo decorresse pelo melhor. Ia para as reuniões com a Câmara, foi coordenador de Departamento, foi elemento do C. Pedagógico.
Hoje nem um convite! Porquê? O novo director é um miúdo ingrato, cuja máxima é "tenho três filhos para criar", está tudo dito! A actual coordenadora do seu Departamento, é uma professora primária (eu sei que não é a nomenclatura, actual!) que adora ser tratada por doutora!
Fui muito má? Nãããão, fui realista!
Sente-te acompanhada pois, querida amiga.
Beijinhos e bom fim de semana.
Sinceramente, eu que nem sou de me chatear com muita coisa, com essa também ficava ressentida!
ResponderEliminarVale que também detesto gente dessa, que se move por grupelhos de conveniência, para se dar bem na vida! Mas deixa estar, que um dia lhes há de tocar à porta e serem esquecidos numa dessas ocasiões... mas propositadamente, com todos desejosos de os ver pelas costas! :P
Beijocas!
Espreitai, lá em cima, o que o Rogério disse:
ResponderEliminar"E esses nada têm a ver com o ministério... da educação"
Concordo. Têm, sim, a ver com a educação. Ou falta dela.
Também corroboro as palavras do amigo Rogério.
ResponderEliminarSe fosse só nas Escolas...
É mesmo defeito de educação das novas gerações que apenas se preocupam consigo próprias sem lembrar que a sua vez vai chegar mais depressa do que pensam.
Beijossssss
O último parágrafo relata uma situação que me incomodou e revela a frieza de quem está à frente dos destinos da escola. Pelo menos isso não se passa cá , pelo contrário , tem havido sempre provas de respeito , estima consideração etc.Deixei no liceu metade da minha vida e Grandes Amigas/os....mas , quer saber , nunca mais lá fui...Porquê ?! Talvez ,entre outras coisas , nem me queira lembrar do quanto trabalhei , quanta hora ali passada a trabalhar , sempre pronta a dar o meu melhor e no fim ouvir políticos da treta , com estudos duvidosos , chicos espertos , por em causa a verdadeira devoção à causa de muitos funcionários públicos. Não sei se deu para entender.M.A.A.
ResponderEliminarEstimada Amiga Graça Sampaio,
ResponderEliminarÉ triste que as pessoas assim procedam, mas o mal parece não ser só dos portugueses, o mesmo acontece em Macau.
Eu desde que me reformei que nunca mais pus os pés nas instalações onde trabalhei durante 25 anos, os novos chefes eram meus alunos, já dizia um grande amigo meu que esteve 6 anos em Macau, não voltarei a Macau, guardo na memória sim os belos tempos que lá vivi, e é assim que devemos proceder, já que tudo muda na vida, só nós, podemos seguir sem esquecer o que vivemos.
Abraço conformista.
Também estou de acordo, é um problema humano que é muito mais difícil de solucionar.
ResponderEliminarVivemos numa sociedade muito egoísta e quem não faz parte dos "eleitos" é marginalizado.
Um ressentimento muito justo minha amiga.
beijinhos
É triste que assim aconteça.
ResponderEliminarSabes o que te digo?
ResponderEliminarPõe isso para trás das costas, só te faz mal ao coração!
Este é um conselho de amiga de muitos anos...
Eu sei que para ti é difícil por teres passado tantos anos nessa escola que também foi minha mas faz um esforçozinho!
Afinal contavas com outra coisa?!
O Dr. Serra que encontrei como colega de grupo logo na minha primeira escola, que foi meu director como foi teu, que foi meu orientador de estágio não deixou de ter a acompanhá-lo até à última morada aqueles e aquelas que tinham por ele uma enorme consideração!
Abraço e boas férias
Muito obrigada pelas vossas palavras, meus amigos. Pelos visto é o mesmo por todo o lado, infelizmente. E é curioso que, de uma maneira geral, as pessoas reformam-se e ficam sem vontade de voltar aos seus locais de trabalho onde passaram tantos e tantos anos das suas vidas dando, por vezes, muito mais do que delas se espera.
ResponderEliminarUm obrigado muito especial à querida Mery, nossa amiga e também professora lá do nosso país irmão do continente americano, pelas suas palavras tão queridas. Nem sempre me é fácil aceder ao blog dela porque foi "pirateado"; mas às vezes, Lá consigo.
Beijinhos para todos e bom fim de semana.
Este assunto mexe comigo, já ia quase com um testamento escrito.
ResponderEliminarNão vale a pena, já está quase tudo dito.
Eu acrescento, hoje as pessoas são como parafusos, tira velho põe novo.
Reformado, é um numero que passou para o arquivo morto!
Civismo e valores, só para os românticos da nossa idade.
HÁ AQUI UM COMENTÁRIO DE UMA SENHORA QUE DEFINE ISSO BEM!
A máxima desta gente; - tenho três filhos para criar!...
Olá, amiga.
ResponderEliminarAcredita que o coordenador do meu departamento também se esqueceu de me convidar. Acontece que não foi por isso que deixei de ir ao jantar.
Tive conhecimento do evento, pedi a uma amiga que me inscrevesse, fui e diverti-me.
Numa prova de boa vontade, talvez fosse melhor teres feito o mesmo. Não ficarias ressentida, que isso só nos azeda o coração e as "faltas" ficariam com quem as cometeu.
Beijinho
Estimada Amiga Graça Sampaio,
ResponderEliminarNáo concordo com o nosso amigo Carlos José Santos, quando diz " Reformado, é um numero que passou para o arquivo morto!" em Macau assim o não é, antes pelo contrário, o governo tudo faz para o bem estar dos reformados, mas direi mais, o termo reformado já caiu em desuso, agora com novos acordos ortográficos passaram a chamarem-se Técnicos Supeiores de Turismo....
Bem comigo é assim e já lá vão 20 anos de reforma.
isso nunca vai acontecer comigo, Isabel! Se lá fosse era para me aborrecer e ficar ainda mais ressentida. O defeito é meu certamente, mas já nasci assim e com esta idade já nada há a fazer...
ResponderEliminarPois, amigo Cambeta, isso é em Macau. Aqui não tanto, é conforme os sítios. Enfim! Isto sou eu que tenho mau feitio...