terça-feira, 28 de junho de 2011

Marionetes





Tenho o hábito de ler a breve crónica que o jornalista Ferreira Fernandes assina diariamente na contracapa do DN. E a de ontem – que transcrevo abaixo – voltou a trazer-me à cabeça esta ideia que ando a remoer há algum tempo.

Não dá para entender como é que a Europa e (quase) o resto do mundo se deixam assim manipular pelos Estados Unidos. De onde lhes vem o direito de intervirem e decidirem o destino dos países? O Bush sonhou que o Saddam Hussein tinha armas nucleares escondidas e lá foram pôr o Iraque a ferro e fogo, matar a torto e a direito, sem deixar pedra sobre pedra para procurarem as ditas que, afinal, nunca apareceram. Agora é o Kadafi. Ah! porque são ditadores e opressores do povo! E vai daí invadem-se ao países, deixam-se em ruínas, ameaçam-se e matam-se as pessoas destroem-se cidades e campos deixa-se tudo de pantanas, mas acabou-se com o ditador!

Na Europa como a arma nuclear se chama euro, cria-se um exército de agências de rating, invadem-se as finanças dos países, ditam-se-lhes umas novas leis económicas e enquanto não estiverem de joelhos, não saem de lá.

E eu pergunto-me de novo: de onde lhes vem o poder, a permissão para manobrarem e pretenderem mandar em todos arvorando-se em senhores do mundo? Têm mais poder económico? Parece que não. Têm uma posição histórica que lhes permita ver mais além? De todo, não! Podem “dar cartas” ao mundo em termos civilizacionais e de cidadania? É que nem pensar. Então?! Por brincadeira costumo dizer que já realizaram tantos filmes em que se põem no papel de salvadores da humanidade que acreditam mesmo que o são.

Olhem lá, Bruxelas não era para unir?

“Uma cidadezinha no calcanhar da bota italiana, onde o Adriático começa a transformar-se em mar Jónico, Trani. Esquecida, usada só em paragem breve para quem desce de Bari, mas querendo agora reerguer-se como a torre formidável da catedral de San Nicola Pellegrino. Aqui foi o porto de embarque preferido dos Templários, os religiosos guerreiros que foram, nos tempos medievais, os cavaleiros da Europa. É com essa tradição que Trani quer reatar: defender a Europa. Com as armas modernas da lei e contra os infiéis do momento: a agência de rating americana Moody's. No ano passado três analistas desta pandilha fizeram relatórios sobre a dívida italiana e a estabilidade do sistema bancário italiano que causaram um terramoto na Bolsa. O assunto era de toda Itália (aliás, não, era europeu), mas a pequena Trani armou-se em cavaleira por todos. O seu Ministério Público investigou os três analistas (é assim que se agarram os desembestadas, um a um), pediu pareceres a economistas prestigiados (um deles foi Mario Draghi, que acaba de tornar-se o presidente do Banco Central Europeu) e concluiu que os propagadores do bacilo E. coli nas finanças europeias "não se basearam em dados reais". O próximo passo, caso a Moody's continue "sistematicamente incorrecta", é propor a sua expulsão de Itália. Será conseguido? Só se a Europa ouvir. Que Tomar, que foi sede dos Templários portugueses, se junte a Trani. E mais e mais.”

(Ferreira Fernandes, DN, 26/06/2011)

3 comentários:

  1. Querida carol, eu considero que o poderio dos americanos sobre o resto do mundo, adveio da 2ª guerra Mundial, em que eles foram vistos e tidos, como os grandes salvadores do mundo ocidental.
    Daí para cá tem sido um escalar e ninguém lhes faz frente! Vá lá os chineses, por vezes lá criam uns embaraços políticos aos américas, mas de resto todos, lhes fazemos vénias.
    Pergunta lá aos jovens entre os 20 e os 30 anos, onde gostariam de passar férias e vais receber como resposta EUA... ;) Fascínio puro!
    Aliás eles são óptimos em técnicas de publicidade e marketing, a seu favor...

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  2. Tomar vai ter a Festa dos Tabuleiros que começa a sério este fim-de-semana...
    Depois bem poderia pensar nisso e nós que estamos tão perto tomaríamos também essa atitude! :-))
    Às vezes, é de onde não se espera que surgem as ideias galvanizadoras!
    Também gosto deste cronista!
    Já hoje coloquei no FB a sua crónica que versa Marcelo...e não me deu trabalho nenhum!
    Vês a razão de eu gostar do FB? :-))

    Abraço

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  3. Dizes bem, querida Manuela, fascínio puro! Mas alguma vez se podem comparar aos europeus?

    Ai Rosinha, também andas tão fascinada pelo FB!... Não sou muito fã (como se diz agora) do FB. Faz-me lembrar a carochinha que se pôs à janela e foi falando com todos os que lhe apareciam...

    Beijinhos.

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