segunda-feira, 14 de novembro de 2011

A nova (des)organização curricular




Antigo Lyceu de Rodrigues Lobo - Leiria
Primeiras instalações da Escola D. Dinis
Pólo da Escola Amarela

O ministro Nuno (c)Rato apresentou aos diretores com assento no Conselho das Escolas a ideia de acabar com o Inglês e a Música nas atividades de enriquecimento curricular (AEC) no 1º ciclo, substituindo aqueles espaços por mais Apoio ao Estudo. Para quem está por fora da organização e da forma de funcionamento das AEC, passo a explicar: o Inglês, a Música, a Atividade Física e Desportiva e as Expressões Artísticas são asseguradas por professores contratados pelas autarquias às quais o governo te de pagar por esse serviço, enquanto o Apoio ao Estudo é assegurado por professores dos Agrupamentos, quase sempre pelos próprios professores do 1º ciclo. Ora, já toda a gente está a perceber aonde o ministro do (des)Eduquês quer chegar: poupar muito dinheiro do orçamento – diz ele que poupará cerca de 90 milhões de euros – à custa do quem? de quem? dos professores dos Agrupamentos! 

Agora vejamos como é que a distribuição de serviço daqueles professores se irá fazer! O horário de um professor do 1º ciclo é de 35 horas semanais, 25 das quais são letivas – aulas com a sua turma, portanto – oito estão consignadas para Trabalho Individual (TI) (preparação de aulas, de materiais, de documentos vários e de avaliação; as duas restantes são o chamado Trabalho de Escola (TE) e são ocupadas com 90 minutos para o Apoio ao Estudo com a sua turma. Se estiverem a acompanhar as minhas contas, verão que sobram 30 minutos nos quais têm de caber as restantes tarefas escolares que têm a ver com recepção dos Encarregados de Educação (de 25 ou mais alunos) e com as reuniões de Departamento expressas no Regulamentos Interno e decorrentes dos trabalhos do Conselho Pedagógico, de trabalho conjunto com os colegas, reuniões com professores da Educação Especial, se for caso disso, reuniões com o Coordenador de Escola, de avaliação interna e todas as reuniões que a Direção do Agrupamento tiver por convenientes fazer. 

Ora se aquelas duas AEC – o Inglês e a Música – forem substituídas por mais espaços de Apoio ao Estudo, serão mais 180 minutos (3 horas) que os professores das turmas terão de disponibilizar. E onde se vão buscar? Naturalmente ao seu tempo de TI que rapidamente passará de 8 horas para 5! Além de que, um professor (e as próprias crianças, naturalmente!) que tenha de passar 25 horas letivas e mais 5 não letivas por semana com o mesmo grupo de alunos, meus amigos! só quem não sabe o que é ser professor é que advoga uma barbaridade destas! 

Claro que, ou muito me engano ou este é o primeiro golpe para deitar abaixo as AEC. Para deitar abaixo a oferta da escola a tempo inteiro. Para deitar abaixo a escola pública. 


 Escola Amarela - Leiria


8 comentários:

  1. Carolamiga

    Temo - e muito - que tenhas razão. Assim, não vamos a nenhum lado. Ou antes, a juventude vai. Vai para o estrangeiro de acordo com os conselhos do Mestre sicratário do Estado a que isto chegou.

    É a escola pública, é a medicina pública, é qualquer coisa... púbica. Assim mesmo, Sem l.

    In fine: mas algum dos gajos sabe o que é ser professor de verdade? Eu não disse da Verdade. Isso, os sacristas são.

    Qjs

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  2. Sempre desconfiei de génios na política Carol.
    Agora essa de acabar com o inglês no 1º ciclo não se coaduna com a política deste governo que aconselha os jovens a emigrar. Ou será que só devem ir para os países da CPLP?

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  3. O ministro alguma vez foi professor da escola elementar? Poderia consultar o google mas não tenho tempo nem estou interessada... portanto, vamos considerar esta pergunta como uma pergunta retórica! : ) É como se o currículo fosse elaborado por pessoas que nunca foram professores na vida ou que já estão fora de uma sala de aula há décadas.
    E o sindicato que diz a essa proposta, Carol? Esta já não é retórica.
    Abraço

    Passei por esse “liceu” o verão que passou. Fica na rua da fonte das três bicas, não fica? Claro que o fotografei! : )

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  4. Eu também não tenho dúvidas que será mesmo assim!
    Foi logo o que pensei quando surgiu a notícia...
    Mais um corte na despesa à custa daqueles que já estão mais do que sobrecarregados e à custa da diversidade e qualidade de oferta devida a crianças que só a poderão ter a partir do ensino público!

    Abraço

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  5. Quando é que as criancinhas brincam?
    E para quando uma política de se criarem condições para a família poder passar mais tempo com filhos ou netos?
    Educação=professor que se desenrasque (desculpe a expressão).
    Lana

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  6. Não queres assumir a pasta? :)

    Já eu apetece-me mesmo é sumir...

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  7. Todos dão seus pitacos... mas, sabemos muito bem, Carol que do be-a-bá quem entende é o PROFESSOR... nunca consultado; apenas explorado! E, nossas crianças tornam-se subprodutos nisso tudo! Infelizmente!
    Abraço, Célia.

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  8. M! tens toda a razão: só dá vontade de sumir! Nem que seja para Badajoz para vender caramelos!

    Pois é, Catarina! O estranho é que os Sindicatos nada dizem. Só falam e falaram quando foi da avaliação dos professores, que de resto, caladinhos que nem ratos. Não, que se tiverem de voltar para as escolas, têm de dar ao dedo! Não descansaram enquanto não puseram a outra ministra e o outro governo no chão, mas com estes que, como disse e bem o amigo Ferreira, só querem desmantelar tudo quanto é público, nem pio!

    Dá mesmo vontade de sumir!

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