sábado, 7 de maio de 2011

Sábados



Morte procriadora de bens que são ser e nada ter
Olhos de seda e aço penetrando a fronteira
Guerreiro sem espada cansado das pedras que lhe arremetem
E a terra lavrada com flores de pêssego e bandeiras de milho
Misturando orvalho chuva água da mina ao leite branco e doce
E nos baldios cabras buscando secos arbustos sem amoras
E sem amores
Aos sábados visito-te de longe monto num cavalo verde
E fico à porta atrás das grades
Não me perguntes se durmo se estou acordada nada nunca
Em vida me perguntaste
Na coragem do pacto da solidão
E eu passo no cavalo verde cavalo limpo de sela
Mas pelas grades não passam nossas lágrimas brancas
E eu passo ao sábado todos os sábados e fico atrás das grades
São tardes calmas em que os homens velhos de pijamas às riscas
Dependuram as mãos nos parapeitos das janelas e olham para fora
E as mulheres velhas encostam os peitos derrotados à tristeza dos próprios braços
E olham também

Matilde Rosa Araújo

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