Estavam anunciadas para a noite de 12 para 13 e com bons auspícios: “este ano, a chuva das estrelas cadentes chamadas Perseídas –– devem o seu nome à constelação de Perseu – poderá ser uma das mais espectaculares dos últimos anos porque quase coincide com a Lua Nova” (...) Pelas 21.00 horas é tempo de observar os planetas Vénus, Marte e Saturno, que estão alinhados no céu. Depois, pode deixar de lado telescópios e binóculos. Os meteoros são mesmo para ver a olho nu.”
Grande expectativa! A questão é que ando há anos para conseguir observar uma chuva de estrelas! É que, mau grado meu, nunca vi nem uma – uma única que fosse! - estrela cadente, eu que desde sempre adoro observar o céu à noite!
O céu estava limpo e estrelado e eu lá me pus de nariz no ar para ver as poeiras que o cometa de 1992 deixou espalhadas e que, ao entrarem na atmosfera ardem e brilham como se de verdadeiras estrelas se tratassem. Pois! Mas não houve poeiras incandescentes para ninguém. Pelo menos a olho nu ... Parece que foram vistas em Espanha e no Stonehenge e por aí. Grande decepção!
Fez-me lembrar de uma outra chuva de estrelas nos idos de 90, anunciada com grande estardalhaço nos jornais para a zona do Algarve, também, se possível, em local em que a poluição luminosa fosse menos presente. E nós, que passávamos a nossa habitual quinzena de férias de praia em Lagos, lá nos deslocámos com filhas e tudo, às tantas da noite, para a belíssima Ponta da Piedade, apetrechados de almofadas e de mantas para nos deitarmos no chão a desfrutar da beleza de um céu negro riscado de brilhantes linhas brancas. Pois! Nem uma dessas linhas se desenrolou nos céus! E, nós, completamente decepcionados (mas superdivertidos...), lá voltámos para as nossas camas sem termos visto as estrelas!
É minha sina não vislumbrar estrelas cadentes – deve ser para não cair na tentação de pedir um desejo inalcançável ...
A propósito, não posso deixar de referir um belíssimo poema de que sempre me lembro ao pensar en´m estrelas cadente, escrito por John Donne, no século XVI, na áurea época Tudor, em Inglaterra e que se chama “Go and catch a falling star” que, apesar de não abonar nada a favor das mulheres (diz ser mais fácil apanhar uma estrela cadente do que encontrar uma mulher verdadeira e boa...) tem a musicalidade e a beleza das estrelas cadentes...
Fica aqui para quem apreciar:
GO and catch a falling star,
Get with child a mandrake root,
Tell me where all past years are,
Or who cleft the devil's foot,
Teach me to hear mermaids singing,
Or to keep off envy's stinging,
And find
What wind
Serves to advance an honest mind.
If thou be'st born to strange sights,
Things invisible to see,
Ride ten thousand days and nights,
Till age snow white hairs on thee,
Thou, when thou return'st, wilt tell me,
All strange wonders that befell thee,
And swear,
No where
Lives a woman true and fair.
If thou find'st one, let me know,
Such a pilgrimage were sweet;
Yet do not, I would not go,
Though at next door we might meet,
Though she were true, when you met her,
And last, till you write your letter,
Yet she
Will be
False, ere I come, to two, or three.