[O artigo é todo muito bom, mas
um pouco longo. Por isso trago aqui os parágrafos que me pareceram mais fortes.
– É que gosto mesmo muito do sociólogo Boaventura Sousa Santos!]
(…)
A sociedade global não está em guerra defensiva ante o
vírus. (…) não penso que a metáfora da
guerra nos ajude a compreender a condição do nosso tempo. Mas se há guerra,
então faz mais sentido imaginar que quem se está a defender é a natureza. O
novo coronavírus é um emissário que só insidiosa e violentamente impõe a sua
missão de ser recebido pelos poderes do mundo. E a sua mensagem é clara: um
“Basta!” dito na única linguagem em que aprendemos a temer a natureza, a
linguagem dos perigos que não podem transformar-se em riscos seguráveis.
É hoje consensual que a recorrência das pandemias está
ligada aos modelos de economia que dominaram nos últimos séculos. Estes modelos
provocaram a desestabilização fatal dos ciclos vitais de regeneração da natureza,
e, portanto, de toda a vida que compõe o planeta e de que a vida humana é uma
ínfima fração.
A poluição atmosférica, o aquecimento global, os
acontecimentos meteorológicos extremos e a iminente catástrofe ecológica são as
manifestações mais evidentes dessa desestabilização. O Basta! é um grito cujos
decibéis se medem pelo número de mortos. (…)
A natureza e a humanidade são contemporâneas e
complementares. A natureza somos nós vistos do outro lado da dicotomia. E,
dessa perspetiva, considerar a natureza como totalmente disponível e consumível
e empenhar-se na exploração sem limite dos recursos naturais foi um processo
histórico de autodestruição. (…)
(Palavras do sociólogo
Boaventura Sousa Santos, in Jornal de Letras, 3 de junho de 2020)
Concordo com tudo o que foi dito e aqui reproduzido. Mais palavras para quê?
ResponderEliminar.
Votos de uma semana feliz
Deixando uma 🌹
As catástrofes naturais que assolam o mundo, cada vez mais amiúde, acredito que seja o BASTA da Natureza, o seu grito de revolta contra a humanidade que tão mal a tem tratado.
ResponderEliminarAs pandemias, as guerras biológicas, que dizimam milhões de pessoas, silenciosamente, não. Que me perdoem a opinião leiga os grandes cérebros entendidos, mas, no meu tacanho entendimento, isto
é outra coisa, bem mais sussurrada e negra...
Beijo, Graça!
Como diria e como já apliquei esta frase não minha na Blogosfera, "...o planeta Terra ficará e adaptar-se-á, a raça humana é que poderá eventualmente extinguir-se !". É o poder e o dinheiro que corrompe e destrói e acabará por nos destruir ! :((((
ResponderEliminarÉ a Natureza a dizer-nos que estamos a abusar.
ResponderEliminarMas nós não ouvimos.
Bjs
Também o aprecio muito, aliás conheço-o pessoalmente.
ResponderEliminarSubscrevo!
Abraço
"..E, dessa perspetiva, considerar a natureza como totalmente disponível e consumível e empenhar-se na exploração sem limite dos recursos naturais foi um processo histórico de autodestruição..."
ResponderEliminaristo é bastante forte, Graça,
nós ouvimos o grito da natureza e sentimos que está mal, mas quem tem poder de decisão para mudar as coisas profundamente, não ouve!
Pois, se cada um vivesse sossegadinho na sua caverna e só saísse para caçar...
ResponderEliminarNeste caso, não concordo com o Boaventura Sousa santos. Basta referir que o início da pandemia terá ocorrido em locais onde se comercializavam animais vivos, coisa que o ocidente já aboliu há muitos anos.
Por outro lado, não sei se ele está contra a economia global. Porque acabar com ela, seria uma forma de minimizar as transmissões em cadeia. Mas, quando a economia ainda não era a que temos, no século XIV ocorreu uma pandemia onde terá morrido cerca de 1/3 da população europeia.
Enfim, opinar sobre o assunto é fácil. Até eu...
Continuação de boa semana, amiga Graça.
Um abraço.