sexta-feira, 28 de maio de 2010

«O Magalhães é o maior assassino da leitura em Portugal»


Li uma entrevista muito completa com o Dr. António Barreto, estudioso por quem sempre tive bastante consideração, e cujo título me chamou a atenção já que era: «O Magalhães é o maior assassino da leitura em Portugal» afirmação com a qual não concordo, à partida.

De facto, o contexto em que a frase foi dita ameniza um pouco o efeito de agressividade pretendido ao escolhê-la para título de primeira página da longa entrevista. O tema da leitura é chamado, a certa altura, pelo entrevistador e António Barreto diz que “a escola no seu tempo (anos 50) não incitava à leitura” (o que era bem verdade) e hoje, 50 anos passados, “por razões diferentes, a escola destrói a leitura". Defende o sociólogo que a escola gasta muito tempo e muito dinheiro com a literacia computacional afirmando mesmo que se o Governo “gastasse um quinto do que gasta (em computadores) em tempo e em recursos com a leitura, talvez houvesse em Portugal um bocadinho mais de progresso. O Magalhães, nesse sentido, é o maior assassino da leitura em Portugal.”

Explicado o contexto e apesar do mesmo, permito-me discordar destas afirmações. Primeiro porque muito tem sido feito para desenvolvimento da leitura primeiro pelos professores em geral e ultimamente pelos movimentos em torno da criação da Rede de Bibliotecas Escolares e do Plano Nacional de Leitura. Depois, não há mal nenhum em que os miúdos do primeiro ciclo possam adquirir um computador à sua medida por um preço máximo de 50 euros, pois não?

As aulas não são dadas em função do pequeno computador; este é apenas mais um material de apoio como são os livros e os cadernos, o gravador ou o quadro. O que interessa é o que o professor faz com esses materiais que tem à sua disposição, o que interessa é a sua planificação, a imaginação que usa para preparar as suas aulas e os conhecimentos de base que possui para levar os seus alunos tão longe quanto eles consigam ir na leitura, na escrita e em todas as outras competências que lhe vão ser necessárias para singrarem na sua vida futura.

2 comentários:

  1. Querida Carol,

    Não posso estar mais de acordo contigo.
    O que é importante mesmo é o modo como os Prof's se preparam e preparam as crianças para os diversos gostos que podem vir a ter muita importância no futuro deles.
    Sei que gostei de ler por ter uma professora que me incitou a isso na instrução Primária.
    Gostei mais tarde de História e Geografia por ter outros Professores que nos prendiam tanto a atenção pelo modo lúdico como nos transmitiam conhecimentos e nos levaram a desejar as suas aulas como se estivessemos a ver filmes.
    Mais tarde fiquei com o prazer de visitar Museus porque uma Professora de Literatura nos levava sempre que a matéria propiciava ao estudo complementar de certas obras.
    Foram os Professoras que me deixaram mais recordações, obviamente.

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  2. António Barreto, comentador que também leio com prazer, às vezes é acintoso e só tem um ponto de vista.
    Parece-me que não conhece o que se faz nas escolas, do 1º ciclo ao secundário, em prol da leitura, aliás como dizes e muito bem!

    Abraço

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