segunda-feira, 3 de maio de 2010

Manhã de Maio



Este céu, assim azul, sem mais nada que a cor azul,
foi feito para esta paisagem
de meninos num jardim.
Foi feito para este não pensar:
as mãos nos bolsos e o passo lento...
Eu mesmo deitei o chapéu para a nuca.
e quando afinei os olhos para as coisas do perto,
estava parado à sombra duma árvore
em frente do lago,
que era um pedaço do céu,
assim azul,
com uns cisnes e uns peixes encarnados
a mais que a cor azul...
Manhã de Maio,
a tua serenidade
para mais nada serve na vida,
senão para este recanto de parque,
com as “mamãs” paradas em suas leituras
e meninos loiros acertando os passos
atrás de bolas coloridas e saltadoras!...
E é isto o que não devia ser em mim:
- que importa que não sirvas para mais nada,
manhã de Maio,
se para isto serves!

(... ...)

(Manuel da Fonseca, in “Poemas Completos”, 1975)

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