Foi das poucas coisas que sobre
Shakespeare aprendi na Faculdade, (eu que fiz Germânicas, imagine-se! E depois
dizem que antigamente é que se ensinava bem nas escolas…) foi que nasceu (e
morreu) em Stratford-upon-Avon no dia 23 de Abril. Daí que para mim, que tenho
as datas dos aniversários gravados na memória, o dia 23 de Abril sempre foi o dia do aniversário de Shakespeare.
Stratford-upon-Avon |
De há uns anos para cá – não muitos
– pegou-se-nos a moda dos «Dias de» e aí o dia 23 passou a ser o Dia Internacional do Livro que agora
sei ter sido instituído lá para os anos 20/30 do século passado a partir do dia
da morte de Cervantes, associando-se depois o aniversário da morte de
Shakespeare.
Em homenagem ao grande poeta e
dramaturgo inglês deixo aqui o seu sempre atual soneto 66 magistralmente
traduzido por Vasco Graça Moura.
Tired with all
these, for restful death I cry,
As, to behold desert a beggar born, And needy nothing trimm'd in jollity, And purest faith unhappily forsworn, And guilded honour shamefully misplaced, And maiden virtue rudely strumpeted, And right perfection wrongfully disgraced, And strength by limping sway disabled, And art made tongue-tied by authority, And folly doctor-like controlling skill, And simple truth miscall'd simplicity, And captive good attending captain ill: Tired with all these, from these would I be gone, Save that, to die, I leave my love alone. |
À morte peço a paz farto de tudo,
de ver talento a mendigar o pão, e o oco abonitado e farfalhudo, e a pura fé rasgada na traição, e galas de ouro em despejados bustos, e a virgindade à bruta rebentada, e em justa perfeição tratos injustos, e o valor da inépcia valer nada, e autoridade na arte pôr mordaça, e pedantes a engenho dando lei, e a verdade por lorpa como passa, e no cativo bem o mal ser rei. Farto disto, não deixo o meu caminho, pois se eu morrer, é o meu amor sozinho. |
No que toca ao Livro, que homenagem? que celebração? Depois
de tudo o que já foi dito e escrito e mostrado sobre o valor dos livros,
limito-me a dizer que nesta altura ando a ler, coisa inédita em mim, dois
livros:
“Por dentro do segredo – Uma Viagem à Coreia do Norte” de José Luís Peixoto |
E, por questões “profissionais”, “Felizmente há Luar” de Luís Sttau
Monteiro.
E os meus amigos, o que andam a
ler?
Sempre liguei o Dia do livro a Cervantes.
ResponderEliminarNeste momento estou a ler " O visível e o invisível (sobre o amor e outras mentiras)" da Lucia Etxebarria.
Nunca tinha lido nada dela e estou a gostar bastante desta muito bem humorada estória sobre fama e sucesso.
Excelente homenagem Graça!
ResponderEliminarEu tenho dois na mesinha de cabeceira, um deles acho que vou voltar a ler, tenho um outro que quero muito ler,divolgarei na altura de que livro se trata.
beijinho e uma flor
Graça Moura é decisivo para gostarmos deste belíssimo soneto!
ResponderEliminarEu leio sempre dois livros ao mesmo tempo. Um, para uma espécie de estudo. Gosto muito de Inglês e quero manter algum vocabulário. O outro é sempre de autores portugueses. Estou a ler A Costa dos Murmúrios, de Lídia Jorge e Lady Chatterley´s Lover, de D H Lawrence.
Um grande 25 de Abril!
Andam a tentar estragá-lo mas nós não deixaremos!
O Apelo das Sombras (o livro com vampiros :)
ResponderEliminarA imortalidade destes escritores ficou bem assinalada...independentemente da importância destas comemorações!
ResponderEliminarContinuo com "Abraço" de José Luís Peixoto e ainda "Mazagran" de J. Rentes de Carvalho.
Andas numa de teatro?
A minha capacidade de concentração na leitura está muito debilitada...
Abraço
Leio-me
ResponderEliminarCostumo ler
tudo o que acabo de escrever
(ultimamente tenho "enfiado uns barretes")
É um maravilhoso soneto!
ResponderEliminarEu, por aqui, ando em companhia do Júlio Verne, dando uma volta pelo mundo, rsrs.
Beijinhos e uma linda semana!
Comecei, ontem à noite, a ler um livro com dois contos de Eric-Emman uel Schmitt: “O sr. Ibrahim e as Flores do Corão” e “Óscar e a Senhora de Cor de Rosa”. Gostei imenso do primeiro conto: as escolhas que se fazem a partir de encontros; muito interessante.
ResponderEliminarBom dia com uma boa leitura e um escritor que sempre nos encanta.
ResponderEliminarNem sei se leio pouco ou muito. Procuro a leitura como procuro o pão. São necessidades minhas de cada dia.
O dia disto e daquilo deveria ser sempre uma boa leitura........
O ano passado visitei a terra de Shakespeare (a pior refeição que comi no Reino Unido) e agora ando a ler as "Novas Cartas Portuguesas" das três Marias.
ResponderEliminar:)
Luís Sttau Monteiro era um homem de "esquerda". Recordo-o, nos anos 60, em Lisboa, no Largo do Rato, comprando ao ardina o jornal Diário da Manhã (era a "bíblia" da União Nacional),a notícia não seria de seu agrado e, num momento, rasgou-o deitando-o no lixo. Ele tinha estes impulsos...
ResponderEliminarLi o "Felizmente há luar" era eu um jovem pouco mais que imberbe.Foi um dos livros que mais apreciei. Grande escritor o Sttau Monteiro. Infelizmente, foi dos que partiu cedo.
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