quarta-feira, 31 de julho de 2019

Ausência

Mais uma imagem que me deixa tão triste! De momentos tão alegres... (Porto, Abril de 2016)

Em quatro meses (que faz hoje) partiram ambos. Hoje tem sido um dia difícil - à medida que o tempo se esvai, a falta e a saudade parecem aumentar.

De facto, um dia difícil, hoje.




segunda-feira, 29 de julho de 2019

Partiu o Rui da Fonte

Ele era o nosso traço de união,
O nosso decano,
O promotor dos nossos alegres encontros,
O nosso mestre em enigmas e desafios...
Um amigo daqueles que não esperam retorno,
Um querido,
Um simpático,
Um Senhor.

Partiu hoje o Rui da Fonte - ironicamente no dia do seu aniversário - o que faz com que fiquemos todos mais tristes, mais sós.

Recordo-lhe o sorriso ameno, simpático, maroto, compreensivo que aqui deixo para memória.







Até sempre, Rui Amigo! Fica em paz!

quarta-feira, 24 de julho de 2019

Pedaço de boa literatura II


O trecho é retirado de um dos contos da coletânea «O Amor em Lobito Bay» de Lídia Jorge, publicada pela D. Quixote, em abril de 2016.

O conto chama-se «Imitação do Êxodo» e começa assim:

«Devemos levar as crianças ao encontro da Natureza, de outra forma elas ficam entaipadas entre casas e cercas, e julgarão que o mundo é finito. Pobres delas, e pobres das mulheres e dos homens que já vivem por antecipação no interior das suas recentes vidas, se não souberem desde cedo que a Humanidade não se conta por números, que a Terra faz parte do Cosmos, que o amor é um texto sem limites.

Pobres delas se não souberem que algumas das estrelas que vemos no céu já desapareceram na noite dos tempos, mas a sua luz ainda brilha no firmamento, e assim, sabendo-o, se descubram pequenas. Pobres delas, também, se não compreenderem que a efémera, a frágil prima da libélula, só vive durante um dia, e logo morre, e é bom que o entendam para que se sintam grandes. Sim, devemos coloca-las tanto diante das realidades limitadas quanto das paisagens livres, para que se sintam grandes. Sim, devemos coloca-las tanto diante das realidades limitadas quanto das paisagens livres, para que se apercebam, desde cedo, que a vida dos homens é uma agulha oscilante entre extremos. Só assim, colocando as crianças entre os grandes espaços e os seres pequenos, elas saberão dizer quem são, quando lhes couber a si mesmas construírem o futuro do mundo.»

Mas desengane-se o leitor se espera que esta seja a introdução para uma daquelas histórias lamechentas em que as maravilhosas criancinhas transfiguram a inocência dos anjos…

Até porque, a contracapa do livro diz sobre estes contos que “parecem chegar até nós com a finalidade de inquietar porque subvertem uma ordem” ...



(Pintura da minha amiga Paula Pereira)


quinta-feira, 18 de julho de 2019

Pedaço de boa literatura!

Acabei de ler um excelente livro de uma autora portuguesa. E, como de costume, quando chego à última página de um bom romance, volto ás primeiras páginas para relembrar como começou a narrativa. 

Esta começou assim:

«O rio Douro não teve cantores. Teve-os os Mondego e o Tejo também. Mas, para além das cristas do Marão, em vez do alaúde e da guitarra havia o repique dos sinos ou o seu dobrar espaçado. Havia o tiro certeiro dos caçadores de perdiz, lá pelas bandas da Muxagata e do Cachão da Valeira. E o clarim das guerrilhas ouvia-se através da poeira de neve que cobria os barrancos de Sabroso. O rio Douro ficou banido da lírica portuguesa com a sua catadura feroz pouco própria para animar os gorjeios dos bernardins, que são sempre lamurientos e que à beira de água lavam os pés e os pecados. E, no entanto, trata-se de um rio majestoso como não há outro. Eu vi-o em Zamora e não o reconheci; diz-se que as suas margens eram carregadas de pinheiros e daí o seu nome dum que quer dizer madeira. Mas entra em Portugal à má cara. Enovela o caudal sobre penhascos, muge e ressopra como um touro com molhelha de couro preto a subir uma calçada. Não creio que os poetas o habitem; e, no entanto, Dante tê-lo-ia amado e preferido; como preferiu os estaleiros incandescentes de Veneza e os túmulos abertos das arenas de Arles, para descrever o inferno. Por cá, são brandas as liras; com o aguilhão da fome, às vezes saltam umas revoltas que vibram na Calíope alguma bordoada. Com o ferrão do amor, não se cometem senão delitos em forma de soneto ou de sextilhas. Epopeias são raras, as musas são mimosas e não ardentes.»








(imagens retiradas do Google)

Não sou nada destas coisas, mas serão capazes de descobrir quem escreveu este belo trecho?

quarta-feira, 17 de julho de 2019

Saída de praia

Dica para famílias numerosas em férias...


Boas Férias!

sexta-feira, 12 de julho de 2019

Ai as casas!


Fez por estes dias quarenta e um anos que mudámos para esta casa. Por essa altura já me tinha resignado a ficar cá por Leiria para a vida e viemos para uma casa nossa. Nós dois, a filha mais velha – com três aninhos – e a minha avó espanhola, que me criou e que comigo viveu até ao fim da sua vida.

No ano seguinte, em Abril, chegou a filha mais nova. Depois veio a minha mãe e partiu a minha avó.

De tudo se passou nesta casa: alegrias – muitas; tristezas – algumas (e essas cavam sempre mais fundo); perdas – mais que suficientes… Grandes mudanças na vida – mas a casa sempre tudo amparou.

A minha mãe também partiu cedo, poucos anos depois da minha avó.

Mais tarde, as filhas trouxeram namorados – que rejuvenescimento!! Grandes festas de primos e de amigos, bons Natais de família em casa, férias juntos – inesquecíveis!

Depois, as filhas saíram para estudar e depois disso para trabalhar – nunca mais voltaram a viver na casa. Foram viver as suas vidas nas suas casas. Nós dois sozinhos. Na casa.

E, aos poucos, foram aparecendo os netos que, pontualmente e sempre que preciso, animaram a vida e a casa.

Agora sobro eu. E sobra casa.





Dá-me para recordar aquele lindo poema de Ruy Belo que diz assim:

Oh as casas as casas as casas

«as casas nascem vivem e morrem
Enquanto vivas distinguem-se umas das outras
distinguem-se designadamente pelo cheiro
variam até de sala pra sala
As casas que eu fazia em pequeno
onde estarei eu hoje em pequeno?
Onde estarei aliás eu dos versos daqui a pouco?
Terei eu casa onde reter tudo isto
ou serei sempre somente esta instabilidade?
As casas essas parecem estáveis
mas são tão frágeis as pobres casas
Oh as casas as casas as casas
mudas testemunhas da vida
elas morrem não só ao ser demolidas
Elas morrem com a morte das pessoas
As casas de fora olham-nos pelas janelas
Não sabem nada de casas os construtores
os senhorios os procuradores.(…)»


sábado, 6 de julho de 2019

Partiu João Gilberto, o pai da bossa nova

Morreu, aos 88 anos, o cantor, compositor e músico que,  nos idos de 50/60,  lançou a bossa nova.

Presença e voz serenas que tão bem transmitem o pulsar de uma música bela e igualmente serena.

Para o relembrar e homenagear, aqui fica o «Desafinado» - que era coisa que ele não era...




sexta-feira, 5 de julho de 2019

A Capela do Alto de Santo Amaro de Alcântara

Não me estão a ver numa festa de marchas populares, pois não? Eu também não! Mas a Terra todos os dias dá uma volta e, por isso, tudo pode acontecer...

Num belo fim de semana passado em Lisboa com familiares, aconteceu irmos ver desfilar uma pequenina familiar dos meus familiares que veio da Guarda . A sua marcha, do Bairro  da Luz da Guarda fez um intercâmbio com a marcha de Alcântara e foram convidados a virem a Lisboa desfilar.

Claro que não faltaram os comes e bebes com a bela sardinha assada, caracóis e bifanas, como não faltou a musiquinha tipo pimba e assim...  Mas passou-se um bom bocado apesar do vento que se fazia sentir lá no alto.

Havia marchantes de todas as idades, mas todos vertidos a rigor e a cantar alto e bom som.

Foi uma forma diferente de nos despedirmos dos Santos Populares.
















Mas o que valeu mesmo foi ver e visitar a Capela do Alto de Santo Amaro que não conhecia e que tem uma configuração algo diferente. Em redondo, a capela quinhentista é protegida por um corredor circular coberto de lindos azulejos do século XVIII e fechado por pesados portões em ferro forjado.













Capela aberta com os três andores que saíram em procissão

(Santo Amaro)

(A bela vista sobre o Tejo)

(Pórtico de entrada para o adro da capela)

(Alto da escadaria com cruzeiro que desce até ao rio)

(Em forma de quilha de barco - bastante simbólico)

Há quem diga que foi aqui que Vasco da Gama veio rezar antes de embarcar para a sua viagem até à Índia.

Lendas... ou talvez não...