Quem não se lembra daquele excelente
programa de televisão do Jô Soares «O
Planeta dos Homens» aí pelos anos 70/80! E de tantas expressões que ficaram
no nosso ouvido e que ainda hoje repetimos - «perguntar não ofende, oh triqui-
triqui», o «tem pai que é cego!», ou o «casa, descasa, casa, descasa», ou ainda
o «cale essa boca, sua múmia paralítica!»
Hoje e aqui, lembro a
expressividade e o pasmo com que o Jô Soares dizia «Isto é um ESPANTO! Um
ESPANTO!
Assim estou eu, PASMADA com este
nosso país que é um ESPANTO!
Eu passo a explicar e espero que
não pensem mal de mim… Nos quase 48 anos que estivemos casados, eu e o meu
marido tivemos contas bancárias separadas. Aliás, apesar da enorme cumplicidade
que sempre existiu entre nós e com as filhas – tudo sempre foi falado e
discutido à frente delas à mesa do jantar – havia uma enorme liberdade de vida,
d vida social, profissional, até cultural – tudo enfim! – e foi assim que nos
demos bem. Muito bem!
Ora com a sua morte algo
inesperada – por tão breve ter acontecido – desconhecia por completo que
deveria fazer um determinado pagamento nesse mês. Assim, deixei passar a data
limite e só depois o banco me avisou da minha falta. Não chegou a uma semana a
falha do pagamento que fiz assim que me informaram. Aconteceu isto no mês de
abril.
Para grande espanto meu e até
algum constrangimento, há umas duas ou três semanas fui para pagar, como
habitualmente, as minhas compras semanais no Continente, do qual possuo o
chamado e muito anunciado Cartão Universo que é um cartão de registo de
descontos das compras e, ao mesmo tempo, funciona como cartão de crédito – faço
as compras semanais e pago no fim de cada mês. Há anos que assim é – fui para
pagar com o dito cartão, dizia eu, e a máquina diz, sem apelo nem agravo: «o seu crédito está temporariamente
bloqueado. Contacte o número tal e tal…»
Assim fiz. Falei com uma senhora
de um qualquer call centre a quem
disse que nunca tinha falhado qualquer pagamento nem sequer alguma vez tinha
alcançado o plafond do cartão. Depois
de consultar o meu registo, disse-me amavelmente que não tinha nenhuma dívida
com eles, mas tinha falhado um pagamento num outro organismo e até me disse o
montante exato do dito.
Fiquei sobre brasas, como devem
calcular e dirigi-me ao “simpático” banco onde o chamado “gestor da conta” me
esclareceu que assim que há uma falha de qualquer pagamento, eles (uns queridos!)
avisam não sei que entidade nacional que,
de imediato, passa a notícia a todos os bancos. Mas que não me preocupasse
porque isso rapidamente se trataria. Seria uma questão de dias.
Só que, em finais de junho, o meu
cartão Universo continua bloqueado. De novo me dirigi ao “simpático” banco e queixei-me
alto e bom som que estava a ser tratada por eles como a maior das caloteiras do
país. E perguntei se fazem o mesmo a um Berardo, ou a um Dias Loureiro, ou a um
Duarte Lima! A funcionária “amavelmente” respondeu que esses senhores não eram
clientes deles e, receosa de que eu me comportasse mal, passou-me ao dito “gestor
de conta”. Este consultou o computador, fez uns tantos telefonemas e voltou a
dizer-me que a situação se resolveria em alguns dias. Só que me anda a falar em “alguns dias” desde
abril…
Dá para entenderem a minha
fúria?! Porque é que o Berardo – que esse sim, é um caloteiro de papel passado – e outros, enfim, não têm os seus cartões bloqueados?!
E eu que sempre fui cumpridora e certinha em tudo, sinto-me ... sei lá... enxovalhada - ou pior!
Não me digam que este país não é um
ESPANTO!!!!