quarta-feira, 1 de maio de 2019

Nós voltaremos sempre em Maio


Amanhã não estaremos já neste lugar
amanhã a cidade já não terá o teu rosto
e a canção não virá cheia de ti
escrever em cada árvore o teu nome verde.

Amanhã outros passarão onde passámos
farão os mesmos gestos dirão as mesmas palavras
dirão um nome baixo um nome loucamente
como quem sobre a morte é por instantes eterno.

Amanhã a cidade terá outro rosto.
Nós não estaremos cá. Mas a cidade
já não será contra o amor amanhã quando
os amantes passarem na cidade livre.

Nós não estaremos cá. Voltaremos em Maio
quando a cidade se vestir de namorados
e a liberdade for o rosto da cidade nós
que também fomos jovens e por ela e por eles

amámos e lutámos e morremos
nós voltaremos meu amor nós voltaremos sempre
no mês de Maio que é o mês da liberdade
no mês de Maio que é o mês dos namorados.


Manuel Alegre
In Praça da Canção, 1965


(daqui)

Viva o 1º de Maio!!!

10 comentários:

  1. Se este é um poema que diz muito a todos quantos o lêem, imagino que a ti, te dirá mais, muito mais, Graça. E lamento tanto, tanto...

    Um grande beijinho.

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  2. Depois de ler o poema, só me apetecia dar-lhe um abraço bem apertadinho.

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  3. Um dos poemas mais comoventes que um poeta escreveu.

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  4. O Alegre escreve textos que falam ao coração.
    Beijinhos

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  5. Graça Sampaio...
    Que bela canção.. que ode à cidade e ao tempo dos amantes e da liberdade!!!
    Beijinhos de cá do Atlântico!

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  6. O poema está sublime !
    ... Mas atenção que as "plenas liberdades" e os "direitos adquiridos" com o 25 de Abril, já não nos chegam , passados 45 anos !
    Temos que ser mais ambiciosos no que refere à confiança no futuro, aos anseios e ambições das gentes de hoje !
    O futuro que espera os jovens de hoje é muito incerto e não se tem trabalhado nesse sentido ! Apenas interesses políticos de momento !

    Abraço, Querida Amiga !

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  7. Belíssimo e comovente...
    Beijinhos livres de voar.
    ~~~~

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  8. Manuel Alegre, um poeta que sabe dizer o que pensamos.
    Um beijo, Graça.

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  9. Vozes ao alto sem muros nem ameias

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  10. um poema que é um verdadeiro hino!
    em que Manuel Alegre é único

    beijo

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