sexta-feira, 29 de junho de 2018

Cantigas a São Pedro

Já que não devo  aqui trazer
por ter sido um fascista
veio o Rogério cá dizer,

deixo, e já sem medo,
de a alguns desagradar,
umas quadras A São Pedro
das senhoras ali do Lar.












Por não seres namoradeiro
Deu-te Deus outra missão
A de seres do tempo o senhor.
Por isso te rogo
Santinho derradeiro
Para a chuva, por favor:
Manda sol a tempo inteiro!

quinta-feira, 28 de junho de 2018

Histórias da minha rua (12)



A costureira é uma jovem senhora que trabalha ali num armazém de roupas de uma loja fina de Leiria. Faz os arranjos nas roupas das clientes da loja fina e, para além disso, faz arranjos nas roupas da clientela aqui da(s) rua(s). Farta-se de trabalhar e não tem mãos a medir.

Trabalha ali sozinha e, muitas vezes, há vizinhas que se sentam lá a conversar e a fazer-lhe companhia (e a moer-lhe a cabeça com conversas da treta…).

Hoje tive de lá ir descarregar mais umas coisinhas para arranjar – que eu de costura só pregar botões e coser bainhas e já não é mau! – e ela, que é uma doçura de pessoa, pediu desculpa por não ter feito ainda as emendas noutras peças que lá tinha deixado. Que as pessoas não fazem ideia do trabalho que dá fazer uma emenda nem que se seja para apertar ou alargar uma saia ou umas calças.

Estava lá uma senhora de mais de oitenta anos de idade que se apressou a dizer que sabia bem dar o valor a esse trabalho porque, na sua juventude, trabalhara de costura, no tempo em que tudo se costurava em casa, cuecas, combinações, camisas de homem. «A primeira camisa de homem que fiz foi para o meu irmão ir às sortes, toda branquinha, toda feita por mim. Morreu na tropa na Índia.» - acrescentou com tristeza mal contida.

E, a propósito dos trabalhos desses tempos longínquos, contou como, aos sete anos, lá na serra (da Estrela) foram ela e os irmãos (depois de irem ao primeiro dia de escola nunca mais lá puseram os pés porque havia que ir trabalhar no campo – só a mais nova teve permissão para ir à escola e fez a 3ª classe) postos na serra a tomar conta das ovelhas, com aquele frio, com a neve, ela com um xaile preto pela cabeça que, quando chovia, deitava tinta preta porque era tingido… e o pai que lhe dizia que não deixasse as ovelhas saltarem para fora da cerca que o patrão cobrava-lhes vinte e cinco tostões por cada ovelha que saltasse…

E contou de como fez a sua vida sem nunca ter aprendido a ler e de como conseguia ajudar as filhas a fazer os problemas da escola: elas liam-lhos e ela fazia os cálculos de cabeça e explicava-lhes… e de como aprendeu a fazer tantas coisas. E disse-o sem saudosismos nem autocomiseração, sem aquele ar patético do bafiento culto das tradições, num tom lavado e até um tanto envaidecido.

Gostei de ouvir as suas histórias, mas não me venham nunca com aquela de que «antigamente é que era bom» - porque não era. Não era mesmo!

quarta-feira, 27 de junho de 2018

Exposição de José Luís Tinoco

As belas instalações do Banco de Portugal em Leira, depois do encerramento daquela dependência, foram transformadas em espaço para exposições de arte.



Ontem, com tempo que me sobrou de alguns “recados” que tinha para fazer, e também para refrescar do calor do início da tarde, entrei para visitar a exposição “Os Ateliers” do leiriense José Luís Tinoco. Esse mesmo: o da música!

José Luís Tinoco nasceu em Leiria em 27 de dezembro de 1932. (o resto da vida de Tinoco dedicada às artes poderão lê-la aqui)









O amolador noturno

Ceia

Claraboias 





Autorretrato



Sultanas







Jardim

Desenhou muitos selos para os "nossos" CTT.

















E na música






Um verdadeiro artista!


segunda-feira, 25 de junho de 2018

Le temps des cerises

É realmente o tempo delas. Das cerejas. E o que eu gosto de cerejas. Todos gostamos, tenho a certeza.

Cezanne pintou-as desta forma no seu estilo pós-modernista.


Cá por casa aparecem algumas em formas bem interessantes:

fálicas...




... ou em forma de coração




Todas lembram porém a canção revolucionária da Commune de Paris que deixo aqui para recordar.




domingo, 24 de junho de 2018

Cantigas a São João

No altar de São João
Nascem rosas amarelas;
São João subiu ao céu
A pedir pelas donzelas.

Agora no São João
É o tomar dos amores;
Estão os linhos nos campos
E toda a terra tem flores.

Ó meu São João Baptista,
De que quereis as capelas? –
De cravos e mais de rosas
Com cravinas amarelas

São João adormeceu
Debaixo da laranjeira;
Caiu-lhe a flor em cima,
São João que tão bem cheira!

Ó meu São João Baptista,
A vossa capela cheira;
Cheira a cravos, cheira a rosas
E a flor de laranjeira.

Do São João ao São Pedro,
Quem quiser contar, bem pode:
São João a vinte e quatro
São Pedro a vinte e nove.

(in "Cantares de Todo o Ano", Júlio Evangelista)










Manjericos com quadras dos alunos de uma das Escolas B1 e JI
lá do "meu" agrupamento.

Viva o São João!

sexta-feira, 22 de junho de 2018

quinta-feira, 21 de junho de 2018

Canção de Verão

Quem se lembra dos Roupa Nova?
(conheci-os pela minha filha mais velha...)

Já do Verão ninguém de esquece...

Vamos (re)lembrar?




quarta-feira, 20 de junho de 2018

Ao Verão

Na passagem de 22 anos sobre o desaparecimento do grande poeta David Mourão-Ferreira e celebrando a chegada do Verão (o solstício ocorrerá amanhã, pelas onze horas e poucos minutos) transcrevo o poema

Ao Verão

De frutos e de azul, que doirada mistura!
Eu já vira este corpo… Aonde, se não fora

A minha juventude? Assim eu a sonhara:
quisera, em sua face, a minha trasmudada!

Quão errado cresci! Outra foi a escultura
que o destino preferiu…  – Mas o Verão continua

e a criança que fui, paciente, a exumar
o tempo da Beleza, oculto ao pé do mar.


David Mourão-Ferreira

Obra Poética, Editorial Presença





domingo, 17 de junho de 2018

Para começar bem a semana

Conversa interessante






Boa semana!

sexta-feira, 15 de junho de 2018

O estranho caso da gata que afinal era gato



A gatinha apareceu aqui pelo quintal – como tantas outras têm aparecido – linda, toda preta, pelo luzidio, alta, elegante, olhos dourados, coleirinha com pedras brilhantes. Perdida. Dois dias esteve escondida no vão da escada que vai para o terraço. Mas a fome apertou e, com miados muito doces, atreveu-se e entrar para roubar uns secos.



Pânico! Não posso ficar com mais uma gata! Já são três as que andam cá por casa e mais o Mimo, o gatão amarelo que não é residente, é apenas comensal…

Toca de pôr anúncios no facebook e de avisar os veterinários da zona. «Espalhem a notícia/Do mistério da delícia/Desse ventre…» Nada! Ninguém se acusou, ninguém se queixou, ninguém apareceu a reclamar a gatinha.

Pânico! Lágrimas e ranger de dentes… Não posso ficar com mais gatas em casa! Vamos ao gatil municipal – cheio e sem as condições mínimas. Associação Zoófila – muito amáveis, mas respostas, nenhumas. E a gata foi ficando – meiguinha, meiguinha, habituada a estar em casa, a dormir nas almofadas, a saltar para o colo.




O pior e o perigo que são os gatos que a queiram namorar – Miau! Miau! Tenho de a mandar esterilizar. E, ao fim de dois meses de “adoção” forçada, operação marcada para a passada 2ª feira.

Dez da manhã, lá deixei a gatinha na clínica, depois de um jejum forçado de oito ou mais horas. Miau! Miau! A doutora logo contacta consigo para dar notícias.

E a doutora contactou. À hora do almoço, telefona a doutora: que já estava; que correra tudo muito bem. Ah! Mas tenho uma surpresa para si! Oh, meu deus! Será que a gata estava prenha? Surpresa, doutora? Sim! É que não é uma gata! É um gato. Como?! E como é que não demos conta dos distintivos masculinos?

Então veio a explicação científica: “a gatinha” tinha testículos intra-abdominais; não tinham descido da bolsa escrotal. Acontece…

O que vale é que lhe tinha dado o nome de Pantera que, felizmente, é um substantivo epiceno que tanto dá para macho como para fêmea…

E agora estou com três gatas e um gato residentes e um outro comensal. «Help!!! I need somebody…!»




terça-feira, 12 de junho de 2018

Cantigas a Santo António



Santo António, Santo António,
Às moças estende a mão:
Corram moças, vão depressa
Façam-lhe uma petição.

Ó moças, andem ligeiras,
Vão pedir a Santo António
Que as ponha todas em linha
No livro do matrimónio.

São Gonçalo casa as velhas
Santo António as raparigas
Cantai, moças, ao santinho
As vossas belas cantigas.

Ó moças, se querem noivos
Vão esta noite à ribeira,
Que os moços, louvando ao Santo
Vão armar uma fogueira.

Santo António de Lisboa,
Espelho de Portugal,
Ajudai-nos a vencer
Esta batalha real.

A treze do mês de Junho
Santo António se demove,
São João a vinte e quatro
E São Pedro a vinte e nove.

(in Cantares de Todo o Ano, 
Júlio Evangelista)




Viva o Santo António!

domingo, 10 de junho de 2018

O amigo que eu canto - Portugal

Ainda o Dia de Portugal

A letra é do poeta José Carlos Ary dos Santos e a música de Fernando Tordo.


Desde quando nasci
Que o conheço e lhe quero
Como a um irmão meu
Como ao pai que perdi,
Como tudo o que espero.

É um homem que tem o condão da doçura
No sorriso de água, nos olhos cansados,
É metade alegria, é metade ternura
Nas palavras cantadas, nos gestos dançados,
Nos silêncios magoados.

Tem um rosto moreno
Que o inverno o marcou
E apesar de ser forte,
É um homem pequeno
Mas maior do que eu sou.

Tem defeitos, é certo. Como todos nós.
Sonha, às vezes demais,
Fala, às vezes no ar
Mas quando dentro dele a alma ganha a voz
É tal como se fosse o som do nosso mar,
Se pudesse falar...

REFRÃO
Foi capaz de mentir,
Foi capaz de calar
É capaz de chorar e de rir,
Tem um quê de fadista,
Tem um quê de gaivota,
E a mania que há-de ser artista.
Quando vê que precisa
É capaz de roubar,
Mas também sabe dar a camisa.
Foi capaz de sofrer,
Foi capaz de lutar,
È capaz de ganhar
E perder.

É um amigo meu que às vezes me ofende
Mas que eu sei que me escuta,
Que eu sei que me ouve
E também compreende.
Quantas vezes lhe digo que tenha juízo,
Que a mania dos copos só lhe faz é mal,
Que a preguiça não paga e que o trabalho é preciso.
Ele encolhe-me os ombros num desprezo total,
Este tipo é assim, mas...

REFRÃO
Foi capaz de mentir,
Foi capaz de calar
É capaz de chorar e de rir,
Tem um quê de fadista,
Tem um quê de gaivota,
E a mania que há-de ser artista.
Quando vê que precisa
É capaz de roubar,
Mas também sabe dar a camisa.
Qual o nome final
Deste amigo que eu canto?
Pois é claro que é
Portugal.





sábado, 9 de junho de 2018

Dia de Portugal - Açores

Este ano, o Dia de Portugal é celebrado a partir de Ponta Delgada, Açores - uma daquelas terras encantadoras e mágicas como são o Gerês e Sintra (no meu modesto entender...). 

Por isso trago aqui algumas fotografias a lembrar  a ilha de São Miguel.


Ponta Delgada








Lagoa das Sete Cidades


Lagoa das Furnas

Ribeira Grande

Furnas







Ribeira dos Caldeirões

Ribeira dos Caldeirões

Despe-te que suas

Despe-te que suas

Ponta do Sossego

Ponta da Madrugada

Vila Franca do Campo

A caminho de Povoação









Não é mesmo uma maravilha?