quinta-feira, 16 de junho de 2016

Ex libris

Quando aí por 1994 tive de me submeter ao exame de acesso ao 8º escalão da Carreira Docente – uma daquelas (muitas) provações a que os «professores de excelência» que lecionavam e lecionam no ensino particular nunca tiveram de se submeter, tive de apresentar um trabalho pedagógico original e o meu Curriculum Vitae que depois tive de ir «defender» numa prova pública realizada na [defunta, mas não morta] DREC.

Os presidentes de júri eram professores do 10º escalão, daqueles que tinham feito Exames de Estado – antes do 25 de Abril – ou que tinham progredido na carreira por mera passagem cronológica do tempo, sem mais nada. Curiosamente, a «presidente de júri» que me calhou era uma «veneranda» professora dos já extintos Trabalhos Manuais, nada contra, nada de preconceitos, mas daquelas que «honrosamente» acederam à carreira com o 5º ano das escolas técnicas e que mais tarde tiveram acesso a um curso de complemento de formação, de equivalência a bacharel aberto pela Universidade de Aveiro nos idos de 80 e que não valorizou muito o meu CV – que, já à época era bem mais rico e completo que o dela. Mas isto agora não vem ao caso.

A citação introdutória que usei nesse e em todos os outros CV que tive de elaborar foi uma frase linda de Henri Matisse, que lera em tempos e com a qual me identifiquei ato contínuo:

«Je travaille autant que je peux et le mieux que je peux, toute la journée. Je donne toute ma mesure, tous mes moyens. Et aprés, si ce que j’ai fait n’est pas bon, je n’en suis plus responsáble: c’ést que je ne peux vraiment pas faire mieux.»

(Trabalho tanto quanto posso e o melhor que posso todo o dia. Dou toda a minha medida, todos os meus meios. E depois, se aquilo que eu faço não está bem feito, por isso não posso ser responsabilizado: é porque de facto não consigo fazer melhor.) (tradução caseira…)

Sempre fui assim e assim continuo a ser . Por isso me sinto tão cansada.


(A Dança -  Henri Matisse)


16 comentários:

  1. Não conhecia a frase de Matisse cuja pintura adoro ( em minha casa tenho algumas reproduções de quadros comprados numa exposição dele no Georges Pompidou) mas esse também foi o meu lema até aos 60. Depois aprendi a refrear-me um bocado.

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    1. Também gosto muito da pintura de Matisse.
      Quanto a «refrear-me... ainda não consegui. Pelo menos tanto quanto precisava...

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  2. Meu comentário não tem a ver com o que a Graça disse,
    Nem com o que disse Matisse
    Mas com o facto de estar cansada
    É que eu esperava que aparecesse no Marquês
    à hora marcada...

    (não me diga que falta, ó stôra!)

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  3. Saber dosear todas as coisas na vida.
    Beijinhos, bfds

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  4. Gosto do quadro!

    Concorri durante cerca de 5 anos para dar aulas e nunca fui colocada, pois o MEC achava (e acha?) que as pessoas que tiraram o meu curso não tinham vocação para o ensino. Acontece que nesses anos havia quem conseguisse dar aulas apenas com o 7º ano do liceu, bastava concorrer diretamente à escola onde sabia que existiam vagas. O que pressupunha uma cunha,mas isso agora não interessa nada... Daí que não me espante que a dita professora de Trabalhos Manuais se achasse capaz de fazer parte de um júri desses: são idiossincrasias deste país! :P

    Beijocas e bom fim de semana!

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    1. Foram tempos difíceis, Teté! Muito difíceis... Lá na "minha" escola, tivemos um quase engenheiro colocado para dar Francês e coisas ainda mais aberrantes...

      Beijinhos.

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  5. O factor C ou seja, a cunha, adapta-se a todas as profissões!

    Não conhecia a frase, achei interessante, identifico-me nela.
    Gostei imenso do quadro.

    Um beijinho

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  6. ~~~
    A proximidade da tua temporada no Algarve, põe-te assim
    impaciente, a sonhar-te encostada à beira da piscina, com
    o lindo fatinho verde e um livro dum escritor querido, tudo
    muito luminoso e muito azul...
    O Algarve resolveu despedir-se da primavera com choro...
    Mas é coisa passageira...
    ~~~ Beijinhos azuis ~~~

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    1. Se calhar tens razão... Já só falta pouco mais de três semanas para ir para baixo! Hummmm, que bom!!

      Beijinhos cor do mar...

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  7. Acredito que a vida de professora seja gratificante mas o que me vem mais à cabeça é que também deve ser extenuante, física e intelectualmente.
    ESpero que tenhas um excelente descanso de guerreira e que no fim da carreira o que mais te dê prazer seja lembrar o que foi bom.
    Até lá que tenhas a paciência necessária para ires navegando nestes mares tão inquietos :)))
    xx

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    1. És um amor, papoila! Eu já estou aposentada há seis anos, só que, como não consigo parar quieta, dou imensas lições particulares em casa... Quem é que me manda?!... Eh eh eh eh...

      Beijinhos

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  8. Que bom, Graça! Acho fantástico que te mantenhas activa!!! Parar é morrer e pelo que tenho aqui lido estás sempre muito actualizada e bem vivinha :))) beijinhos.

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