quinta-feira, 9 de outubro de 2014

Há dias assim...


“O que tenho é sobretudo cansaço, e aquele desassossego que é gémeo do cansaço quando este não tem outra razão de ser senão o estar sendo. Tenho um receio íntimo dos gestos a esboçar, uma timidez intelectual das palavras a dizer. Tudo me parece antecipadamente fruste.

O insuportável tédio de todas estas caras, alvares de inteligência ou de falta dela, grotescas até à náusea de felizes ou infelizes, horrorosas porque existem, maré separada de coisas vivas que me são alheias...”

[Livro do Desassossego, trecho 337 (ed. lit. R. Zenith, 2009)]


 (René Magritte)

10 comentários:

  1. Há dias em que me sinto assim...e são muitos...
    Bjs

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  2. Desassossego é o meu estado permanente, mas tem mais a ver com o que Pessoa dizia depois desta passagem,
    esta é mais de náusea do que do estado de desassossegado...

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    1. A náusea da realidade foi o que levou o Antero ao suicídio. O pobre filósofo/poeta suicidar-se-ia de novo se cá voltasse agora!

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  3. Como eu te compreendo, Gracinha!

    Abraço solidário

    Rosa dos Ventos

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  4. Dias melhores virão, Graça.
    Beijinhos e votos de bfds

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  5. Também estou com timidez intelectual...nem mais.
    M.A.A.

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  6. Quem não tem dias assim, Graça?

    Cansaço, inquietação e desassossego, sem que, no entanto, algo de diferente e ruim nos tenha acontecido.
    Acho que é um estado de alma, que aos poucos se vai distanciando, tal como chegou...sub-repticiamente!

    Um beijinho, almejando horas de sossego!

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  7. Há horas e dias em que apetece ficar sentado a um canto perante o processo de (con)formatação em curso e dizer - que se lixe!, eu é que devo estar errado, fora de moda.
    Mas o mundo sempre foi assim e não acaba, como diz um amigo meu, "alguma coisa há de ficar".

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  8. O Livro do Desassossego parece guardar em si, a expressão de um sentir que encontra sempre paralelo com o leitor, se não numa, noutra página.
    É isso que o torna único.

    Um beijo

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