segunda-feira, 31 de março de 2014

Insólito!

É que o insólito aconteceu hoje cá em casa.

Chove insensatamente e eu pus umas pecinhas de roupa ainda um pouco húmidas na máquina de secar e fui fazer mais não sei o quê. Entretanto voltei, fechei a porta da máquina e carreguei no botão. Ato contínuo oiço uma enorme barulheira vinda do tambor que não correspondia, nem de longe, nem de perto, às poucas peças que tinha posto na máquina. Em fracção de segundos tentei lembrar-me se, por força das minhas distrações, teria metido alguma coisa com metal lá dentro. Não! E vai de carregar no botão e desligar o aparelho. Abri imediatamente a porta e…

…salta de lá o meu gato!

Mas se julgam que ele saiu de lá assustado, enganam-se. Eu é que quase fiquei em choque…

(Não é a primeira vez, nem a segunda que este pateta se mete na máquina de secar! Só nunca lá tinha andado às voltas...)






domingo, 30 de março de 2014

Horário de Verão



Este é como eu: não suporto estas mudanças de hora. E, apesar dos dias luminosos e longos, este horário de verão também acaba comigo!

Assim como os domingos e a interminável chuva e a astenia depressiva em que, desde sempre, me põe a chegada da primavera. 

Enfim! Amanhã já é segunda-feira!

sábado, 29 de março de 2014

A Sala de Aula

Maria Filomena Mónica, que estudou Sociologia em Oxford (o que não faz dela uma socióloga), escreveu, para a coleção da Fundação Francisco Manuel dos Santos, dirigida por António Barreto, seu marido, dois livros: - «A sala de Aula» e «Diários de Uma Sala de Aula» - dizem que sobre o que se passa na sala de aula. E ainda não parou de ser convidada para falar sobre essas obras, o que me pareceria muito bem se a autora não aproveitasse para falar quase mais dela do que das obras em si.

Li atentamente – até porque o tema diz-me muito – a entrevista que deu ao QI do Notícias no sábado passado e, apesar de achar, a partir do tipo de respostas da autora, que não se tratará de um trabalho para além do empírico, houve aspetos focados que me pareceram bastante acertados. Baseada essencialmente em diários escritos por umas tantas professoras onde descreviam o seu dia-a-dia na escola, chegou a uma série de conclusões (ou usou-os para legitimar as ideias que já tinha na cabeça, não sei bem) sobre os problemas que se abatem atualmente sobre a escola, sobre a sala de aula propriamente dita, ou seja, sobre o processo de ensino-aprendizagem.

Diz a escritora: «Há uma ausência dos pais [que desconhecem, ricos ou pobres, o que os filhos andam a aprender], há uma ideologia errada nas ciências da educação, há um ministro que avança um passo e recua dois (ele tem sempre recuo, ele está sempre a dizer uma coisa e, depois, faz outra).» (…) Sobre a questão de ter 20 alunos ou ter 30 muda ou não muda uma sala de aula, a resposta é: «Muda muito. Não vale a pena, como os economistas, passar a vida em medições, correlações e matrizes se não se faz ideia do que é uma turma. Conhecer a sala de aula é fundamental.» «Ele [o ministro] tem a ilusão de que controla os professores através daquelas ordens [que os professores estão sempre a receber do ministério]. (…) O que o ministro está a fazer é tirar-lhes [aos professores] a autonomia, a capacidade de decisão. Eles foram robotizados ao longo dos anos e isso agravou-se muitíssimo, agora, com a ideia de fazer classes maiores. Há as regras, os exames são cada vez mais absurdos, com aqueles quadradinhos e escolhas múltiplas. Isto deriva em parte de crise e em parte de muitas pessoas que estão nos ministérios, a começar pelo próprio ministro, não virem das Humanidades.» (…) «Eu não estou a minimizar as Ciências, (…) estou a pensar mais em economistas, em tecnocratas (…) em seres que são limitados, acreditam em estatísticas e acreditam que gerir uma escola é igual a gerir uma empresa.» «O Moodle [programa informático utilizado nas escolas] é inútil! Tudo quanto o ministério manda por email, tudo, é inútil! Se elas [as professoras diaristas] vissem que aquilo as ajudava a dar melhor as aulas ou que os testes múltiplos ajudassem a que elas pudessem classificar melhor os alunos, elas aderiam.»

Depois, alonga-se num arrazoado de considerações sobre si própria (sabemos como Maria Filomena Mónica é egocêntrica e gosta de se gabar) e sobre a relação que manteve com as professoras diaristas usando sempre um tom superior e complacente (sabemos que Maria Filomena Mónica é pedante) e acaba por concluir que: a) o ensino público é melhor que o privado; b) os professores são bons; c) os sindicatos negoceiam com o ministério e isso já é bom e que não têm de se preocupar com a qualidade de ensino que é missão do ME, mas antes lutam para defenderem os professores.

O que mais me agradou – mas isso foi na entrevista à RTP 2 – foi quando disse que o ministro deveria mesmo implodir o ministério e devia começar por se implodir ele próprio…

sexta-feira, 28 de março de 2014

Atenção, mulherio!!

Cuidado, miúdas, se resolverem sair no fim de semana e tiverem de deixar as crianças entregues aos vossos homens!

É que recebi estas evidências e... nunca fiando!














Bom fim de semana!!

quinta-feira, 27 de março de 2014

The world's a stage

Duas simples frases no Dia Mundial do Teatro:






Qual delas é mais a vosso gosto?

quarta-feira, 26 de março de 2014

Quem se lembra?

Nada de saudosismos e muito menos daqueles tempos da escola no tempo da ditadura! Ao contrário de muitas pessoas do meu tempo e do meu âmbito de amizades, não tenho saudades nenhumas, nem sorrio babada ao ver aqueles livros únicos do meu tempo da escola primária.

Mas ontem vi, na Biblioteca Municipal, uma pequena exposição de figuras em barro feitas manualmente representando brincadeiras de recreio do antigamente e achei interessante trazê-las para aqui.

Quem se lembra de ter brincado assim? De ter usado batas deste género? De ter estado em sala de aulas deste formato?












terça-feira, 25 de março de 2014

Os Memoráveis

Hoje, uma vez mais, a escritora Lídia Jorge deslocou-se à Livraria Arquivo aqui em Leiria com a sua editora para apresentar mais uma das suas obras: Os Memoráveis.

Ainda não li o livro embora o tenha comprado há já alguns dias – é que ando a ler Memória de Elefante de Lobo Antunes e não gosto de cruzar leituras – por isso nada sei dizer sobre o conteúdo para além de que trata do 25 de Abril, mas deixo aqui algumas linhas de força que a autora, no seu tom sereno e lúcido e o seu olhar límpido, lançou perante uma sala cheia de mulheres (em grande parte) da chamada «peste grisalha» (se bem que bem escondida pelas melhores tintas do mercado…)

Pensou escrever o livro há dois anos e meio de uma ideia que vinha já de há catorze anos. Acabou por escrevê-lo «por urgência sentimental» - há dois anos e meio as pessoas ainda não sentiam necessidade de voltar a cantar a “Grândola”.

 A escrita propriamente dita foi feita em seis meses e até à véspera de entregar o original à editora foi sempre dizendo lá em casa que «não havia livro» porque receava não ser oportuno.

 Na altura em que se celebram, ou melhor, em que as pessoas sentem necessidade de celebrar os 40 anos da Revolução de Abril, a autora pensa que os portugueses querem testemunhos, histórias, episódios e o seu livro não é um panfleto, nem uma representação histórica, não retrata os jovens militares de Abril, antes os recria fazendo não um retrato histórico, mas tão-somente personagens literárias. E quando em entrevistas ou apresentações da obra lhe perguntam quem é a personagem A ou B, foge sempre à identificação das figuras da Revolução.

E avisou que há que ler o livro não como «uma celebração vermelha, mas com muitos contornos». Há que ler o livro para memória e para deixar uma esperança, porque «não há memoráveis se não houver futuro».

Depois de ler o livro, voltarei – daqui a algum tempo porque só leio à noite – para dar a minha modesta opinião sobre a narrativa.

Talvez queiram fazer o mesmo, não?


(Ouvindo ler um excerto do seu último livro)

(Falando sobre o livro)

segunda-feira, 24 de março de 2014

Mais cortes?!

O aldrabão que muitos fizeram sentar em S. Bento (depois de terem feito sentar o outro provinciano em Belém) veio, naquele seu tom absolutamente arrogante e irritante que todos conhecemos,  avisar que o governo está a preparar  mais cortes para 2015 mas que ainda não fez as contas e não sabe o valor absoluto dos cortes.

A mim, se me perguntassem os cortes que deveriam ser feitos, teria resposta pronta:




Que acham?

domingo, 23 de março de 2014

Aprendamos com os nossos vizinhos!

O que temos a aprender com os nossos vizinhos espanhóis!

O que fazem, fazem a sério! De alma e coração. Não são grandes apenas em tamanho geográfico. São grandes em força, em querer e determinação.

Quando querem mostrar o seu descontentamento pelas políticas do governo, vão para a rua com garra e se for preciso partir tudo, partem tudo.

Não é como nós que nos ficamos pelo folclore das alegres passeatas pela cidade, das cantigas e dos cartazes engraçados para depois publicar no facebook. Sempre a meio gás.














Isto foi uma manifestação! E que não venham os reporterzinhos da RTP 1 dizer-nos que os desacatos foram provocados por um pequeno grupo de desordeiros para que não ganhemos ideias!

Aprendamos com os nossos vizinhos! Façamos tremer estes "nossos" governantes de fazer-de-conta!

Se não vai a bem, tem de ir a mal! 

Custe o que custar! (não foi assim que o outro disse?!)


sábado, 22 de março de 2014

No rescaldo do Dia da Poesia...

No rescaldo do Dia da Poesia deixo-vos aqui um exemplo da vivacidade da poesia alentejana...

Espero que apreciem!



sexta-feira, 21 de março de 2014

Árvore Rumorosa

No dia da Árvore, das Florestas e da Poesia




Árvore rumorosa pedestal da sombra
sinal de intimidade decrescente
que a primavera veste pontualmente
e os olhos do poema de repente deslumbra

Receptáculo anónimo do espanto
capaz de encher aquele que direito à morte passa
e no ar da manhã inconsequente traça
e rasto desprendido do seu canto

Não há inverno rigoroso que te impeça
de rematar esse trabalho que começa
na primeira folha que nos braços te desponta

Explodiste de vida e és serenidade
e imprimes no coração mais fundo da cidade
a marca do princípio a que tudo remonta

Ruy Belo

Le temps de l'amour

Quando chega a Primavera, vem-me sempre à mente esta belíssima canção da encantadora Françoise Hardy dos anos 60.

E é ela que aqui deixo como homenagem, a minha homenagem, à estação do (re)começo, do rebentar da vida, da seiva, da luz e da cor.

A estação do(s) amor(es)...




quarta-feira, 19 de março de 2014

Duas ou três coisas sobre o Dia do Pai

(O José. Hoje também é do Dia de S. José...)

1. Sabem como sempre elogio o trabalho das (desculpem-me o uso do feminino) educadoras de infância pela sua paciência e coragem (por conseguirem lidar diariamente com vinte e tal criancinhas entre os três e os seis anos sem perderem o juízo e a compostura) pela sua constante imaginação, pela sua eterna juventude. Hoje, porém, devo deixar aqui expressas algumas dúvidas relativamente à forma como celebram os «Dias de». 

A educadora dos meus netos mais velhos é excelente em termos de competência e de dádiva e gosta de fazer de tudo para que os seus meninos sejam/estejam felizes. Porém, falta-lhe (como a nós todos que nos entregamos de corpo e alma às coisas) a devida distanciação para ver o outro lado das acções que realiza. Ora ela, nos dias do pai e da mãe, convida e faz questão da presença de cada um deles na escola. A intenção é boa e cumpre (ou tenta cumprir) aquele princípio da necessidade de abrir a escola à comunidade e de atrair a família ao meio escolar. Porém, com aquele escrúpulo que sempre tive de não beliscar minimamente os sentimentos dos alunos – crianças ou adolescentes – pergunto-me: e os que (já) não têm os pais consigo? E aqueles cujos pais, por motivos diversos, não podem deslocar-se à escola? E aqueles que não querem ir? E aqueles que só podem lá estar cinco minutos? E aqueles que querem lá estar todo o tempo? Ponho – sempre pus – muitas questões no que a estas diferenças explícitas diz respeito quando estão envolvidos “menores” e aí, perdoem-me este pensamento em aresta, preferia que as celebrações se fizessem no habitual ambiente de sala de aula.

2. Como já por mais de uma vez aqui manifestei um certo sentimento contra os «Dias de», não se pense que sou completamente contrária à celebração das efemérides. Há aqueles «Dias de» a que fomos habituados desde crianças que nos marcam pela tradição e pelas recordações que nos trazem. É o caso do Dia do Pai, do Dia da Mãe, do Dia da Árvore, da Criança e outros mais, não muitos. O que me “arrepanha” mesmo é o exagero de dias que anualmente são inventados, o exagero, o aproveitamento e o consumismo e, mais que tudo, a lamechice. (O outro tem alguma razão – só que não podia tê-lo dito – somos um povo lamechas.) Imaginem o António – um António qualquer – que disse para a capa de uma revista «que nasceu como pai no dia em que lhe nasceu o filho Martim» … Claro! Já ouviram uma baboseira maior?!

3. E, por fim, para não pensarem que sou uma insensível, permito-me copiar para aqui um poema lindo que o nosso amigo blogger Luís Coelho escreveu neste Dia do Pai e que eu lhe  «roubei» do facebook...


Pai

Desenhei o silêncio do teu rosto
Palavras nunca ditas nos teus olhos
Tempo que juntos construímos
Dias férteis de ledos desenganos
Grandes sonhos de que nunca desistimos.

Desenhei o silêncio do teu rosto
Sorrisos tracejados pelos anos
Estradas longas por onde caminhámos
Nervuras onde o tempo já fez danos
Distâncias onde sempre nos ligamos.

Desenhei o silêncio do teu rosto
Nas palavras escritas no meu ser
Aquelas que guardo e dou valor
Ser Pai é um ser grande com amor
E vivendo se transforma em criador.

(Luís Coelho, 19 de Março de 2014)

terça-feira, 18 de março de 2014

Subserviência ou… vamos contar mentiras

«O primeiro-ministro afirmou ontem em Berlim que Portugal conseguiu "uma mudança estrutural na economia portuguesa, que é hoje muito atrativa para o investimento estrangeiro e que proporciona uma perspectiva de crescimento económico quer para este ano quer para os seguintes".

"O crescimento voltou e o desemprego está ser reduzido. Transformámos o desequilíbrio crónico da conta corrente num superavit, já significativo, de dois por cento do PIB em 2013. As nossas exportações vêm a crescer a uma taxa mais rápida do que na zona euro, desde 2010, superando 40% do PIB em 2013 a partir de um ponto baixo de 28% em 2009", relatou.

Estes fatores fazem a chanceler alemã olhar com entusiasmo para Portugal, considerando que o ajustamento "está no bom caminho" até "melhor do que estava previsto".

Angela Merkel manifestou o apoio a "qualquer decisão" que Passos Coelho vier a anunciar sobre a estratégia de saída do programa de ajustamento português, tendo desvalorizado as "divergências" entre o Governo e a oposição.»

«Num voto de confiança a Passos, acrescentou: "Portugal está no caminho certo. Está no bom caminho."

Passos Coelho, pelo seu lado, agradeceu à chanceler "todo o empenho" da Alemanha ajudando Portugal ao longo do memorando.»

E aí lembrei-me!



Atual, né?!


segunda-feira, 17 de março de 2014

Boa sorte!!

Eu bem sei que não pertence à nossa tradição nem à nossa cultura celebrar St. Patrick's Day. Isso é lá mais para a Irlanda e para os países de língua inglesa, mas como tem por símbolo o trevo de quatro folhas que traz sorte e nós andamos tão necessitados dela, aqui ficam os meus mais sinceros votos de BOA SORTE!








domingo, 16 de março de 2014

O escritor Manuel Ferreira

A direcção do Museu Escolar dos Marrazes (Leiria) levou hoje a cabo uma pequena (grande) homenagem ao escritor Manuel Ferreira, nascido em 1917 aqui na Gândara dos Olivais, Leiria, quase desconhecido de grande parte de nós.

Para isso convidou o Professor Doutor Pires Laranjeira, da Faculdade de Letras de Coimbra, especialista e professor responsável há vários anos pelas cadeiras de Literaturas Africanas de Língua Portuguesa e de Culturas Africanas. Esteve cá – e isso é que foi o mais importante – como aluno e amigo de longa data do homenageado. De notar aqui o entusiasmo (e a gratidão) com que falou, durante cerca de duas horas da figura enorme (e enormemente desconhecida porque esquecida) da cultura portuguesa e das culturas africanas de língua portuguesa.

Ouvi falar em Manuel Ferreira quando, nos anos 70, vim viver para Leiria, não por mérito do putativo meio cultural da cidade, que era inexistente, mas tão-somente porque a família do meu marido, leiriense nato, conhecia a família do escritor. Comprei, na saudosa Livraria Sismeiro uns livrinhos infantis para as minhas filhas e para os meus alunos e por aí me fiquei. Sabia vagamente que tinha andado pelas colónias e que esse saber teria influenciado a escrita das suas obras – desconhecidas para mim. Não me lembro de alguma vez a cidade ter feito o mínimo esforço para reconhecer e dar a conhecer a vida e obra deste seu ilustre filho (como de outros, enfim!)

Hoje fiquei a conhecer o valor intelectual e humano deste homem que, filho de famílias simples, pode apenas concluir o Curso Comercial da Escola Técnica que não lhe possibilitava a entrada na Faculdade de Letras como era seu desejo. Por isso seguiu a carreira militar que lhe permitiu viver nas antigas colónias e aí, mercê da sua abertura humana e intelectual, conseguiu estudar mais e mais, criar e dirigir serviços e inteirar-se, de forma única e com grande profundidade, dos escritores e das culturas africanas. E escreveu, escreveu, escreveu! Contos sobre a realidade da sua terra e da sua experiência de vida, contos sobre as realidades africanas, romances na linha neo-realista, histórias para crianças e, de longe, mais importante, fundou e colaborou em revistas sobre a vida e a cultura das colónias por onde foi andando e sobre essa temática escreveu e publicou variadíssimos estudos, ensaios, antologias de poesia africana …

Acabou por se licenciar em Ciências Sociais e Políticas, vindo a ser, já depois de Abril, professor da Faculdade de Letras de Lisboa, onde criou, em finais de 70, a cadeira de Literatura Africana de Língua Portuguesa.

E é toda uma obra de uma dimensão como esta que continua desconhecida dos seus conterrâneos e esquecida da colmeia cultural do país.

Tentem ir a uma livraria procurar uma qualquer obra das muitas de Manuel Ferreira e vão ver…

(Representante da Junta de Freguesia, Vereadora da Educação da CML,
o Prof. Pires Laranjeira e o Diretor do Museu Escolar)

(Familiares do escritor: em primeiro plano, o seu único filho vivo)

(Alguns amigos, conhecidos e conhecedores do escritor)

Depois da palestra, visitámos uma pequena exposição alusiva de que passo algumas fotografias (não muito bem conseguidas, mas enfim...)































«Todos os dias morremos
e renascemos
E todos os dias os mitos
são enterrados
e reinventados
e não há morte
nem principio
a vida é

nos somos.»

(M. Ferreira, 1989)


sábado, 15 de março de 2014

Judiaria de Leiria

«Da vida dos judeus medievais à beira-Lis restam sobretudo palavras, ideias e memórias. Pouca pedra, muita letra, falada e escrita, como no primeiro livro científico impresso em Portugal, justamente em Leiria, na tipografia de Abraão d’Ortas, corria o ano de 1496. Mas o potencial é grande e a cidade tornou-se projecto âncora da Rede de Judiarias. Rodrigues Lobo, por exemplo, era cristão-novo. A sinagoga, construída no local onde hoje existe a igreja da Misericórdia, uma das mais concorridas, à época, entre as vilas de província.

“A comunidade judaica de Leiria”, nos séculos XIII, XIV e XV, “era numerosa” e uma das mais activas “fora dos grandes centros urbanos”. Havia “uma separação por motivos religiosos”, mas os judeus “é que tinham o comércio mais forte e os ofícios mais nobres”. Entre os habitantes endinheirados da cidade, muitos deles obedeciam à Lei de Moisés e rejeitavam o cristianismo.» (daqui)

Realizou-se hoje o Percurso Judiaria de Leiria organizado, dinamizado e palestrado pelo Dr. Acácio de Sousa que contou com a participação de outros naturais amantes de Leiria.

Acorreram ao evento muitas dezenas de pessoas, até porque o dia esteve risonho e primaveril. O grupo reuniu-se no centro histórico da cidade, ali bem no meio da Rua Direita onde foi acolhido pelos organizadores. «...naquelas artérias batia o coração da judiaria de Leiria. Ourives, correeiros, ferreiros e outros mestres artesãos.»







Seguimos até à Torre Sineira para uma visão panorâmica sobre o bairro...




... descendo depois até ao Orfeão Velho. «Pensa-se que ficava por ali a casa e tipografia dos Ortas, onde se imprimiu o primeiro livro não religioso em Portugal – o Almanach Perpetuum, do famoso Abraão Zacuto.»




Aí fomos recebidos com música da época executada por um grupo de jovens alunas do Orfeão. 




Daí descemos até à Igreja da Misericórdia, fechada há anos, desde que deixou de funcionar como casa mortuária de Leiria. «Construída sobre a antiga sinagoga, que encerrou em 1497, com a expulsão dos judeus de Portugal, o edifício pode, ou não, conter vestígios mais ou menos visíveis da fé judaica. Uma dúvida para esclarecer no sábado e aprofundar em trabalhos arqueológicos, se algum dia vierem a ocorrer. Ali perto, funcionava o hospital – para acolhimento de indigentes e aplicação de pequenos tratamentos simples – e os banhos públicos (junto ao Gato Preto).»







Passámos pela Travessa da Tipografia e admirámos o painel de azulejo que assinala a existência da 1ª tipografia em Portugal.





Pensão Leiriense, onde se julga terem existido os banhos femininos da Judiaria.



(foto retirada da Preguiça Magazine)
O encantador arco da Misericórdia.



O Gato Preto - limite da Judiaria.




Seguimos depois pela Praça Rodrigues Lobo, outra fronteira da Judiaria: lembrança do poeta leiriense ele próprio judeu.





O percurso viria a terminar no renovado Moinho de Papel, nas margens do Rio Lis, o primeiro conhecido em Portugal e que data dos inícios dos anos de 400.








Aí fomos brindados por mais uma alegre e simpática atuação do grupo de alunas, acompanhadas à flauta pelo seu professor.





Para saber mais sobre as raízes judaicas em Leiria, consultar aqui